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Lições que Portugal me ensinou: a vida pode ser mais simples

A regra aqui é o faça você mesmo. O autoatendimento está presente nos supermercados, lojas de brinquedos, postos de combustível…

atualizado

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Mercado dos Lavradores in Funchal – portugal
1 de 1 Mercado dos Lavradores in Funchal – portugal - Foto: IStock

Existe um tema que tem aparecido transversalmente em minhas colunas, mas nunca o abordei de frente. Até porque é um conceito que vai surgindo de forma sutil no dia a dia e, quando menos se percebe, vamos incorporado novos hábitos e quase nos tornando portugueses.

Trata-se da simplicidade no dia a dia. Do faça você mesmo. Semana passada, falei das festas infantis em Portugal. E de como não há pirotecnias, malabarismos e super-heróis. Pois esqueci-me de dizer sobre as lojas de brinquedos. Não há nenhum funcionário no balcão responsável por embrulhar para presente. É você mesmo que faz isso. Num canto da loja há papel de presente, tesoura e fita adesiva à sua disposição. Eu já estou ficando craque e começo a fazer uns embrulhos menos tortos, menos amassados.

Como no Brasil o tema é a crise dos combustíveis, informo: nos postos em Portugal (e em vários países do mundo), é você mesmo quem abastece e depois vai pagar na loja de conveniência. É você quem calibra os pneus, joga uma água no vidro, aspira o pó do carro e o mete no lava-jato automático. Simplesmente não há a profissão de frentista.

Em uma famosa rede de fast food, é possível fazer todo o pedido e o pagamento em uma tela touchscreen, e só ir ao balcão para retirar a refeição.

Nos supermercados, não esqueça de levar suas próprias sacolas de lona, até porque as de plástico custam, no nosso dinheiro, mais de R$ 0,40 cada. Para liberar um carrinho, insira uma moeda. Depois, ao “devolvê-lo”,  a moeda retorna para você. Não existe aquela farra de carrinhos espalhados em um estacionamento, que preguiçosamente deixamos, sempre mobilizando um funcionário a recolhê-los.

Em algumas redes, é você quem pesa e etiqueta as frutas, legumes e verduras. E há caixas nos quais o cliente passa as compras no scanner e paga com cartão ou dinheiro, automaticamente. Você vai me dizer: mas só os jovens mais afeitos à tecnologia, usam esse sistema. Engano seu.

Depois de consumir os produtos comprados no supermercado, fique tranquilo, porque o lixeiro não vai pegar o lixo na porta da sua casa. É você quem vai levar o lixo – já reciclado, é claro – aos contêineres próximos à sua residência.  Seja no frio ou na chuva, a responsabilidade é toda sua, meu irmão.

Em algumas estações de trem, não há bilheteria. Você compra o bilhete na máquina e o valida na plataforma, sem catracas para atravessar. Há fiscais, eventualmente, nos trens, e a multa por andar sem o tíquete não é pequena, mas nunca presenciei alguém tentando burlar a lei.

Essa vida mais simples implica também viver com menos. Menos roupas, menos sapatos, menos louça, menos tudo. Percebemos isso claramente quando vemos o tamanho dos armários em Portugal. Não há espaço para guardar dezenas de calçados ou pendurar dúzias de vestidos e camisas. E não estou falando de apartamentos ou casas pequenas.

É de fato uma mudança de mentalidade, ou como alguns gostam de falar, uma mudança de “mindset”. A impressão é que o “ser” se sobrepõe ao “ter”. As experiências reais e palpáveis se tornam mais importantes que o acúmulo de bens materiais. A pompa, a ostentação, as grifes – no fundo uma demonstração de poder, tão comuns no Brasil – não encontro aqui

Para mim, o melhor exemplo é o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, carinhosamente chamado aqui de Marcelo. Podem dizer que é populismo, mas o sujeito dá nó na já pouca segurança ao seu redor e vai sozinho à farmácia, ao caixa eletrônico ou buscar comida num restaurante. Vida normal. Imaginem se isso seria possível no Brasil…

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