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Comemoração em Portugal: em pleno mês de março, feliz Dia do Pai!

Dia 19 de março, quando se comemora São José, pai de Jesus, celebra-se a paternidade por essas bandas e em vários países de maioria católica

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Gui Pacheco/Metrópoles
gui pacheco e filhos_Coluna Portuguesices
1 de 1 gui pacheco e filhos_Coluna Portuguesices - Foto: Gui Pacheco/Metrópoles

Não, não estou escrevendo a coluna com cinco meses de antecedência. Diferentemente do Brasil, onde se comemora a data no segundo domingo de agosto, em Portugal a festa é no 19 de março. Primeiro, essa “singularidade” do uso do singular. Aqui, foi Dia do Pai, não Dia dos Pais, assim como em maio haverá o Dia da Mãe.

Outra diferença é de calendário mesmo. Dia do Pai é 19 de março, não importa se cai num domingo ou numa terça-feira. Há uma explicação. Em Portugal, assim como em muitos países de maioria católica, a comemoração coincide com o Dia de São José, pai de Jesus Cristo. Isso explica também o caráter menos comercial da data em terras portuguesas.

Está certo que no Brasil a comemoração vem perdendo sua força “comercial” ao longo dos anos. Lembro-me do tempo – e eu não era pai ainda – em que o Dia dos Pais tinha quase a mesma força do Dia das Mães, perdendo só para o Natal. Hoje o pai não tem o mesmo prestígio, coitado, e o Dia dos Namorados o ultrapassou de longe como data importante para o varejo. E com a crise, os presentes viraram lembrancinhas. Bons tempos em que os criativos presentes eram um par de meias sociais, um cinto ou um pijama.

Se no Brasil a data vem minguando, em Portugal ela quase passa despercebida na publicidade ou nas vitrines dos shoppings. Eu mesmo só me liguei quando recebi um e-mail da escola dos meus filhos com um convite aos pais para uma pequena apresentação dos miúdos no dia 19 de manhã. Com uma ressalva: “na impossibilidade de vir o pai, a mãe poderá vir, em sua substituição”.

Como assim??? Já não bastava nós, pais, nos transformarmos em uma data acessória, agora podemos simplesmente ser substituídos? Será que no Dia da Mãe, os pais poderão substituí-las?

Brincadeira, amigos leitores! A mensagem era bem clara, à moda portuguesa, reta e direta: na ausência do pai pode vir a mãe. Ou seja, avô, avó, tio, irmão, outros parentes importantes e similares não valem. Esses portugueses me surpreendem. Às vezes tão avançados em alguns temas, em outros tão conservadores.

Nesses tempos modernos e confusos, com famílias de todos os formatos e padrões, muitas escolas até aboliram as datas tradicionais e criaram o Dia da Família. Ainda que exista gente que tente impor os padrões tradicionais em que meninas usam rosa e meninos usam azul, a vida real atropelou os chamados “bons costumes”.

Mas no dia 19, estava eu lá a postos às 8h30, de uma manhã de céu azul e temperaturas ainda invernais, ao ar livre, esperando abrir o salão onde haveria a homenagem. E fiquei ali a observar quem são, afinal, esses pais portugueses. Pais bem novos, pais bem velhos com mais jeito de avôs, esportistas, executivos, largados, arrumados. Ah, claro que havia sim algumas mães…

Quando os pais literalmente invadem o salão, ficam todos obviamente em busca dos filhos. Difícil encontrá-los naquele mar de crianças uniformizadas. E, quando os olhares se encontram, acenamos uns aos outros e tenho a certeza de que a criança ali somos nós.

A apresentação começa com uma breve oração, seguida de um vídeo no qual alunos dão depoimentos de sua relação com os pais. Invariavelmente, na ótica dessas crianças, esses pais são todos divertidos, brincalhões, meio irresponsáveis. Ufa! Que bom não me sentir tão culpado!

Para fechar, uma música cantada (e coreografada) pelas crianças, cujo refrão dizia: “Meu pai é meu melhor amigo/Meu pai é um super-herói!”… E a letra reforçava esse papel, dizendo que o pai era mais que o Spider Man, que o Super Man, que o Bat Man, que o Iron Man e mais que a Lady Bug!

Baita responsabilidade! Eu, que tantas vezes me sinto frágil e inseguro como qualquer ser humano, que tantas vezes errei e sei que ainda vou errar, tenho que secar as lágrimas emocionadas, fingir-me de durão, vestir a armadura e servir de exemplo, de modelo. Aprendi tarde demais que, como dizia Cazuza, meus heróis morreram de overdose e os meus inimigos estão no poder. Como ser pai em tempos assim?

Não tenho muito que ensinar, nem o que aprender. Mas há um imenso mundo a descobrir junto com os meus filhos, seja brincando de slime ou fazendo o papel do goleiro do Benfica.

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