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Abusos e assédios destroem prestígio de Harvey Weinstein no cinema

As recentes denúncias contra o produtor são apenas parte do comportamento grotesco praticado pelo poderoso executivo

Autor Yale Gontijo

atualizado

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Rich Polk/Getty Images/Divulgação
Harvey Weinstein de terno
1 de 1 Harvey Weinstein de terno - Foto: Rich Polk/Getty Images/Divulgação

Os esqueletos do produtor de Hollywood Harvey Weinstein parecem ter sido finalmente retirados do armário. Recentemente, muitas mulheres resolveram declarar publicamente casos de assédio sexual cometidos contra elas por um dos nomes mais fortes e bem-sucedidos da indústria cinematográfica.

A atriz Ashley Judd saiu na linha de frente das acusações. Segundo a intérprete, Harvey a convidou para uma reunião de negócios em um hotel de Los Angeles. Ao chegar lá, o executivo apareceu vestido apenas de roupão e perguntou se ela não gostaria de lhe oferecer uma massagem ou vê-lo tomar banho. Ashley diz ter conseguido escapar do assediador.

A jornalista Lauren Sivan afirma que o manda-chuva da Weinstein Company teria se masturbado na sua frente. A repórter de televisão revelou ao Huffington Post que o produtor a teria levado para os fundos de um restaurante cubano e, então, cometido o ato e ejaculado perto dela.

Conheça os fatos sobre os Weinstein:

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Uma matéria publicada no “The New York Times” sugere que o produtor pagou pelo silêncio de várias mulheres ao longo dos anos. Entre as que teriam assinado contratos de confidencialidade: Rose McGowan e a modelo italiana Ambra Battilana. Os casos teriam ocorrido em 1997 e 2015, respectivamente.

O escândalo causou a demissão do executivo da companhia que criou próprio criou ao lado do irmão, Robert Weinstein, em 1979. Na verdade, ambos fundaram a Miramax (a junção dos nomes de seus pais, Miriam e Max), que foi vendida para a Disney em 1993. Nos últimos anos, operavam a Weinstein Company.

Os produtores ficaram conhecidos por revolucionar o mercado cinematográfico americano ao alçar os filmes de produção independente no mercado de produções industrializadas. E também por serem responsáveis por uma série de mudanças de comportamento nos estúdios de Hollywood desde os anos 1990.

O historiador de cinema Peter Biskind esmiuçou a criação da distribuidora Miramax (mais tarde batizada como Weinstein Company) em um livro lançado em 2004. O objetivo inicial da obra “Down and Dirty Pictures” (ainda não publicada em português) era narrar a ascensão do cinema independente na indústria de Hollywood.

O escritor acabou desvendando o perfil sociopata dos irmãos Harvey e Bob Weinstein, conhecidos por terem cometido abusos de poder desde a fundação da companhia. Assédio moral e maus-tratos a funcionários são mato no mundo da companhia. Além disso, não são poucos os cineastas, atores e produtores com uma história ruim para contar sobre Harvey e Bob.

Por outro lado, claro, outros artistas têm muito a agradecer aos dois, que tiveram pulso para lançar filmes considerados incômodos ou vanguardistas para a época em que foram produzidos.

*Yale Gontijo é crítica de cinema, produtora e jornalista 

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