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DF: moradores querem proibir entrada de casal que agrediu menino

Eles votam em assembleia, na próxima quarta (19/12), se vão entrar com ação de reparação pelo trauma causado às crianças do condomínio

atualizado

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JP Rodrigues/Metrópoles
octogonal, menino agredido,
1 de 1 octogonal, menino agredido, - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Os moradores da AOS 4, quadra da Octogonal em que um menino de 6 anos foi agredido por um casal, querem proibir a entrada da dupla no condomínio e protocolar ação de reparação pelo trauma causado às crianças e aos adolescentes que presenciaram o fato. A decisão será tomada na próxima quarta-feira (19/12), durante assembleia. As propostas foram discutidas nesta sexta (14). Alexandre Campos de Jesus e Danielle Cavalcanti dos Santos devem prestar esclarecimentos na próxima semana ao Conselho Tutelar do Sudoeste. Depois, o órgão vai enviar o caso ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).

Dos 2.500 moradores, é necessário que a próxima assembleia tenha um quórum de 120 pessoas para aprovar as medidas. Guilherme Almeida de Oliveira, advogado do condomínio, explicou que o encontro desta sexta teve por objetivo discutir os dois pontos que serão levados a todos. “Em decorrência do ato, as crianças estão assombradas. Queremos garantir a proteção integral de todos os moradores”. De acordo com ele, “a ação visa reparar danos psicológicos. As crianças têm medo de descer, ficam angustiadas, perguntam se os agressores irão voltar.”

“Essa reunião de hoje foi emergencial para pensar no que podemos fazer para remediar o problema. Queremos fazer uma colônia de férias e contratar uma psicóloga para trabalhar a situação com as crianças”, completou o síndico Mauro Assunção de Camargo.

O condomínio estuda, ainda, entrar com ação de danos em função de a imagem da quadra ter sido prejudicada com a atitude do casal. Moradores de Águas Claras, eles visitavam o pai de Danielle quando desceram para agredir um menino de 6 anos porque acharam que o garoto havia batido no filho deles. O fato ocorreu no domingo (9).

Violência
“Não é assim que se resolve conflitos. Se o pai tivesse perguntado ao filho o que aconteceu, nada disso estaria acontecendo. Fica a lição para a gente não usar a violência. Imagina se esse homem tivesse porte de arma. Estaríamos aqui falando de uma tragédia bem maior”, disparou a tia do menino, Jucinea Nascimento. O pequeno de 6 anos mora na Bahia, mas está de férias na casa da parente.

De acordo com a tia da vítima, o menino está traumatizado. Ele vai embora na segunda (17), com a avó. “Lá, ele fará acompanhamento psicológico”. “O fato não abalou só a minha família, abalou a todos do condomínio”, ressaltou.

Renata Marques, enfermeira e mãe de um menino de 9 anos, soube da agressão pelo grupo da quadra e disse que ficou estarrecida: “Como é que seres humanos adultos são capazes de fazer isso. É de uma brutalidade, uma vergonha de nível nacional. Não temos só duas vítimas, temos centenas de crianças com medo de descer, de brincar. Espero que esses pais reflitam sobre o que fizeram e aprendam que violência nunca é o melhor caminho”.

Alexandre não atendeu as ligações e Danielle desligou assim que a reportagem se identificou.

Veja o vídeo da agressão:

 

 

Lesão corporal
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) vai intimar os pais agressores. O homem segurou o menino e obrigou o próprio filho a dar um soco na cara da vítima. Não satisfeita, a mãe ainda empurrou o garoto, que caiu no chão, conforme mostra vídeo gravado pelo sistema interno de segurança do residencial. Eles terão de explicar o caso em depoimento.

Segundo a unidade especializada da Polícia Civil do Distrito Federal, os autores, a princípio, responderão pelo crime de lesão corporal, cuja pena inicial prevista é de 3 meses a 1 ano, podendo ser aumentada em razão da idade da vítima.

Há, ainda, a possibilidade de serem indiciados por ameaça e por terem submetido o próprio filho a constrangimento, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O menino que foi agredido passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).

O Conselho Tutelar esteve na casa de Jucinea, tia do pequeno agredido, nessa quinta-feira (13). De acordo com a conselheira Andreia Carla, as duas crianças são vítimas. Ela disse que vai informar a situação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que o órgão tome as providências cabíveis.

Entenda o caso
O filho do casal agressor caiu durante uma brincadeira de bola na quadra poliesportiva do residencial, fato que levou os pais a retaliarem fisicamente o outro menino. O circuito de câmeras mostra que o garoto tropeçou sozinho e bateu a boca no chão. Momentos depois, o pai aparece na quadra em busca da outra criança que participava da brincadeira.

O homem segura os braços do pequeno para o filho dar um soco no rosto da criança. Em seguida, uma mulher, supostamente a mãe, empurra a vítima no chão e os três vão embora. Ao Metrópoles, o garoto agredido revelou: “Na hora, só queria ir embora”.

Em um grupo de mães de uma rede social, a tia da criança agredida narrou que o outro menino caiu na quadra e subiu para o apartamento dos avós com a boca sangrando. Em seguida, ele voltou nos braços dos pais e teria acusado o sobrinho de tê-lo agredido.

“Esse pai torceu os braços do meu sobrinho para trás, da forma como a polícia faz com bandidos, e obrigou o seu filho a dar um soco no rosto dele, que já estava muito assustado com a situação. Após o meu sobrinho levar um soco no rosto, continuou acuado no canto da quadra, quando a mãe do menino, não satisfeita com a atitude do marido, foi na direção dele e o empurrou, jogando-o no chão”, disse a tia.

Jucinea ainda reforçou que o homem aparece nas imagens com duas sandálias nas mãos, ameaçando a criança. Ao procurar os agressores, ela disse que foi destratada e recebida aos berros pelos pais e avós do menino, que a acusaram de não dar educação ao sobrinho.

“As cenas são deprimentes, é estarrecedor ver dois adultos partindo pra cima de uma criança de 6 anos, totalmente indefesa e acuada. Ver meu filho e sobrinhos no canto da quadra, chorando, sem saber o que fazer. E o pior, meu sobrinho não tocou na criança que se machucou, foi um acidente normal de um jogo inocente de bola”, desabafou.

A tia da vítima registrou boletim de ocorrência depois de ver as imagens do ocorrido. Comovidas com a agressão cometida pelo casal contra a criança de apenas 6 anos, um grupo de mães moradoras da Octogonal marcou uma manifestação para o próximo domingo (16), a partir das 17h, na quadra poliesportiva onde o pequeno levou um soco no rosto.

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