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Sobre Trumps, milagres e o deslocamento do nosso centro de poder

Polarizações nos processos políticos do Brasil, mostraram o quanto estamos apartados uns dos outros

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1 de 1 amigos praia verão mãos corrente - Foto: iStock

Corações em polvorosa. Medo do porvir. Estranhamento do que se passa nos corações dos povos de diversas nações: na Grã-Bretanha, população vota pela saída da União Européia; Na Colômbia, referendo traz maioria de votos contra o acordo de paz com as FARC; Nos Estados Unidos, campanha com base no medo, ameaças, preconceito e separatismo vence com folgada margem, somada ao apoio da Câmara e do Senado.

Polarizações nos processos políticos do Brasil, Argentina, Espanha e Estados Unidos são apenas alguns exemplos a nos mostrar o quanto estamos apartados uns dos outros. Mergulhados na ilusão da separação, afinal, precisamos admitir: polarizar é sempre separar.

Quando olho para dentro, na busca de perceber as raízes desse movimento em mim, vejo que isso tudo é resultado de um processo muito mais sério e profundo: trata do deslocamento do nosso centro de poder. Colocamos nossa força de ação nas mãos de muitos – seja para culpá-los, seja para neles projetar a sonhada salvação. Mas como esse mecanismo funciona?

Culpa X Milagres
Nossa cultura, educação, ou mesmo, processo de amadurecimento lança nossa humanidade num hábito muito estranho: colocamos nosso foco praticamente todo no lado de fora. Tanto nossa luz quanto nossa sombra são persistentemente projetadas no externo.

O país está quebrado? Culpa do político. O casamento está mal? Culpa do marido. O ambiente de trabalho é pesado? Culpa dos colegas e/ou do chefe. Não consigo encontrar emprego? Culpa dos imigrantes, constrói um muro!

Do outro lado, a sonhada salvação também é idealizada. Quando eu conseguir aquele emprego, serei feliz! Se eu fosse casado com aquela mulher, estaria satisfeito! Na hora em que eu me aposentar, vou finalmente relaxar. Quando evoluir espiritualmente, estarei livre da sombra, das dores. Se eu ler todos os livros que sonho, ficarei super bem resolvida com a vida.

O paralisante medo de nos sentirmos criticados e culpados
Essa forma de pensar, absolutista e infantil, sempre nos lança no terreno da impotência. Ou seja, eu ter ou não comando de como me sinto depende de alguém ou alguma circunstância externa. Isso tudo porque temos um tremendo medo de nos sentirmos reprovados e, consequentemente, não amados. A autocrítica e a culpa são tão pesadas e insustentáveis para nosso ser, que fugimos da responsabilidade por nossas ações a todo e qualquer custo.

Recuperar o centro de forças, nosso poder pessoal, tem absolutamente tudo a ver com assumir toda responsabilidade por qualquer escolha ou experiência vivida. Uma simples alteração na forma de olhar os sucessos e insucessos pode fazer essa relação ficar muito mais leve e fluida. Como?

Exercício para retomada de poder
Leveza e bom humor é um bom começo. Diante de uma queda, de um sentimento que temos e o julgamos como pequeno, podemos entrar em contato com nossa humanidade e abraçar com total entrega a alegria de estarmos em pleno processo de aprendizado. Um passinho de cada vez.

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“Puxa, acredita que senti mesmo ciúmes de você? Nossa, me senti tão ameaçada por aquela loira escultural, que fiquei sem chão. Sei que é uma questão de insegurança minha, sinto muito por projetar isso em você, implicando que você estaria sendo desonesto comigo. A responsabilidade é minha”. Concordo: não é fácil chegar aí, numa afirmação desse nível. Sabemos.

Essa frase nem precisa ser dita pro companheiro, combinado? Mas, fundamentalmente, para nós mesmos, precisamos começar a exercitar esse diálogo de autoresponsabilização. Porque quando paramos de culpar o mundo externo por tudo, damos o primeiro passo em direção a retomar nosso poder de agir, de criar, de vivermos nosso real propósito de vida e de sermos felizes – mesmo!

Será?
Será que um muro resolve minha dificuldade de ter uma vida produtiva? Um plebiscito pode dizer o quanto me sinto separada dos meus vizinhos ingleses? Será que um acordo de paz barrado pelo meu próximo me impede de silenciar na típica discussão do almoço de família? Será que não ir naquela peregrinação espiritual me impede de escalar o himalaia-da-paz a ser conquistado dentro de quatro paredes?

E o que é a coletividade senão o somatório de todas as nossas individualidades? Se essas são bem vividas, em plenitude de autoresponsabilidade, com o centro de poder retomado, criatividade operante, conexão fluida, que tipo de paz real podemos alcançar? Os reflexos externos falam muito mais de um processo interno que corre, subsolo abaixo, dentro de nós. Atentemos a isso!

Amor se dá, não se exige
Hipoteticamente falando, ainda no exemplo anterior: mesmo que esse companheiro reencontre a loira escultural num dia qualquer e efetivamente cometa uma infidelidade, como não culpá-lo? Nesse caminho de nos potencializarmos, vamos amadurecendo e compreendendo que não podemos exigir nem interferir nos processos do outro.

Cada um dá o que tem – ainda – sendo que esse potencial de “ter algo a dar” é construído e ampliado dia a dia. Não é uma sentença de morte, do tipo “esse não presta mesmo, não tem nada pra dar!” À revelia dos descrentes, a vida não se presta a dar passos para trás. Pode até estacionar um tantinho, mas retroceder? Não mesmo.

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Estamos todos, e cada um, fadados a amadurecer – seja pela espora dos freios da dor, ou pela meiguice da compreensão alcançada. Nesse lugar mais maduro, mais auto-consciente e auto-responsável, finalmente compreendemos que amor é algo que se dá, não se pede e, muito menos ainda, se exige. E esta compreensão nos potencializa infinitamente, porque – veja você, e repare bem: o único amor que verdadeiramente temos é aquele que damos!

Irônico? Talvez, mas eis o paradigma da abundância da vida, nos convidando a amar incondicionalmente! E, quem sabe, no conforto deste lugar possamos finalmente compreender o quanto somos infinitamente amados pelo Universo, pela Vida, por Deus, pelo Grande Mistério – seja qual for a forma que desejar denominar.

A metáfora do rio 
Talvez por isso tantos mestres espirituais comparem a jornada espiritual a um rio. Nascemos numa pequena nascente, fluímos por pequenos braços d’água, por vezes ficamos presos em igarapés de água um tanto parada, até que vem uma cheia e tornamos a fluir. Passamos por quedas d’água, períodos de estiagem, e finalmente encontramos um braço volumoso de rio. Já não nos percebemos mais como gota, nem fio d’água… sem nos darmos conta, viramos o próprio rio.

E, por fim, um dia desaguaremos no oceano, sem nunca, no entanto, sermos o Oceano em Si, mas o comporemos e somaremos – é certeza – em sua grandeza de ser Amor.

No experimentar diário, neste abençoado Planeta Escola, na generosidade imensa da Vida-Mãe, temos inúmeras, múltiplas situações diárias nos convidando a tomar uma posição: vítima-com-centro-de-poder-deslocado-pra-fora ou protagonista-responsável-em-processo-de-aprendizado. A escolha é nossa, momento a momento. Na chamada da Escola da Vida, apenas digo “Sim, presente”!

Graças Pai-Amor, por sua riqueza em nós, infinita!

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