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O que o Brasil deve fazer para ganhar competitividade na área digital

Estudo do IMD e da Fundação Dom Cabral traz indicações de medidas que o país precisa adotar em cinco setores para avançar na digitalização

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Semiconductor and digital data
1 de 1 Semiconductor and digital data - Foto: Getty Images

O ranking de competitividade digital, preparado pela escola suíça de negócios IMD e pela Fundação Dom Cabral, classificou o Brasil na 57ª posição entre 64 países. O estudo, divulgado nesta quinta-feira (30/11) em todo o mundo, também traz recomendações que podem ajudar a tirar o país da lama na qual se encontra no campo da digitalização. 

As indicações abrangem cinco tópicos. São eles o financiamento, o ambiente regulatório, o uso de tecnologias como inteligência artificial, as habilidades no mundo digital e o desenvolvimento de talentos, item no qual o Brasil ficou na última posição do ranking. Veja a seguir quais são as propostas e o que alguns países estão fazendo nessas áreas.

  • Financiamento

O estudo mostra que, no tema disponibilidade de capital para investimentos de risco e desenvolvimento tecnológico, o Brasil tem um dos piores indicadores em relação aos demais países.

Nesse tópico, o exemplo positivo citado no estudo é o de Singapura (3º do ranking). Desde a criação de um plano para economia digital, em 2014, o país elevou seus investimentos em 10% entre 2020 e 2022. Ele também diversificou suas iniciativas, com a criação de programas de investimento e infraestrutura para startups, em 2017. Lançou ainda centros de excelência em inteligência artificial em parceria com instituições e empresas em 2023.

O Brasil tem uma estrutura favorável à concentração científica e desfavorável a aportes em desenvolvimento tecnológico. Assim, diz o estudo, iniciativas de cooperação entre a atividade empresarial e a científica se apresentam como oportunas para ganho de competitividade digital do país. 

O trabalho destaca que a “estruturação de hubs e polos tecnológicos em parcerias público-privadas e acadêmico-empresariais representam uma oportunidade para uma agenda de transformação digital no Brasil”.  

O ranking de clusters tecnológicos elaborado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, em 2023, aponta que os Estados Unidos (1º), o Reino Unido (20º), a Coreia do Sul (6º), Hong Kong (10º) e a China (19º) concentram 80% dos 20 melhores polos tecnológicos do mundo.

  • Ambiente regulatório

Apesar da aprovação do Marco Legal das startups e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), destaca a análise do IMD e da FDC, é preciso que o Brasil avance na modernização da base regulatória brasileira para que sejam estabelecidas leis adequadas às necessidades e especificidades do contexto de desenvolvimento tecnológico contínuo.

Leis e regulamentos importantes vêm sendo formulados e aprovados em países que se destacaram no ranking de competitividade digital. Nos Estados Unidos (1º colocado) o governo aprovou, no último ano, a regulação de criptomoedas para proteger o consumidor e garantir estabilidade financeira. No contexto de cibersegurança, a Holanda (2º colocada) está criando uma agenda internacional com o fortalecimento de uma diplomacia voltada para a cibersegurança.

  • Inteligência artificial e outras tecnologias

Segundo o Fórum Econômico Mundial, 74% das organizações devem adotar inteligência artificial (IA) em seus negócios até 2027. Nesse contexto, a IA se apresentaa como ferramenta com inúmeras aplicações para ganho de competitividade por empresas e economias nacionais, com a transformação completa de processos e a oferta de produtos e serviços que tém a inteligência artificial como cerne de valor.

No Brasil, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral e a consultoria PwC, a inteligência artificial teve baixa maturidade no contexto empresarial, com a menção apenas de 10% dos executivos sobre iniciativas com essa tecnologia.

A Holanda ampliou seus investimentos em inteligência artificial com a alocação de 116,5 milhões de euros em sete hubs estabelecidos para conectar participantes (stakeholders) em projetos de IA pelo Fundo Nacional de Crescimento.

  • Habilidades para o mundo digital

Macrotendências digitais alteram drasticamente a qualificação para que empresas se mantenham competitivas no cenário de transformação digital. Segundo a pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral com o Fórum Econômico Mundial, em 2023, sobre o “Futuro do Trabalho”, estima-se que, no Brasil, 44% das habilidades dos trabalhadores sejam alteradas nos próximos 5 anos e 60% da atual força de trabalho demande treinamentos.

Os países que se destacam no ranking, diz o estudo, estão adotando a educação digital no currículo de escolas. A Holanda criou um plano mestre de mapeamento de competências e deficiências e está implementando reformas gerais na alfabetização digital. O governo da República Tcheca, que subiu nove posições no ranking de 2023, incorporou a educação digital no currículo das escolas do país e criou um departamento para fortalecer programas de cooperação entre instituições de ensino, empresas e governo para cursos de formação contínua (lifelong learning).

  • Desenvolvimento de talentos

O Brasil ficou em último lugar no tópico “talentos” da pesquisa IMD/FDC, com destaque para o menor desempenho dos indicadores relacionados à experiência internacional de gestores seniores, presença de mão de obra estrangeira qualificada e estratégias de gestão de cidades para o desenvolvimento de negócios.

A análise desse tema, nota o estudo, deve ser entendida dentro do contexto de aumento da competitividade por mão de obra qualificada entre países de alta e de baixa renda, conforme destacado no Índice Global de Competitividade de Talentos, elaborado pelo Insead em 2023. O relatório ressalta a importância das cidades para reter talentos. 

Para se tornar atrativa, Singapura incluiu em sua estratégia para a digital smart nation (nação digital inteligente) a pauta de smart city (cidade inteligente), com ações para autonomização dos veículos da cidade, adoção de tecnologias avançadas e internet das coisas para gestão e investimento no centro comercial-financeiro da cidade-estado.

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