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Desemprego tende a aumentar em 2024, diz economista

Para Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, últimos dados sobre o mercado do trabalho no Brasil são positivos, mas devem ser vistos com “cautela”

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1 de 1 imagem colorida economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre - Metrópoles - Foto: Divulgação

As estatísticas divulgadas sobre o desemprego no Brasil na última semana mostraram uma evolução robusta do país nesse campo. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, indicam que a taxa de desocupação caiu para 7,6% no terceiro trimestre deste ano, o menor nível para o período desde 2014, quando foi de 6,9%, a mais baixa da série histórica da pesquisa.

Na avaliação do economista Rodolpho Tobler (foto em destaque), pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), embora os números expressem uma melhora inequívoca do campo do trabalho, eles devem ser interpretados com “cautela”. A  seguir, em entrevista ao Metrópoles, explica o porquê da ressalva. 

Como o senhor avalia os últimos dados divulgados sobre o desemprego no país?

Os resultados foram, no geral, bastante positivos. A população ocupada superou a marca dos 100 milhões pela primeira vez. Além disso, o crescimento dos empregos formais, que têm uma remuneração melhor, foi mais forte do que o avanço dos trabalhos informais. Isso é importante porque tem impacto na renda média dos trabalhadores. 

A Pnad mostrou que o rendimento médio cresceu 1,7% no trimestre encerrado em outubro, chegando a quase R$ 3 mil. Essa melhora pode se refletir no consumo?

Não acredito que isso aconteça tão cedo. Ainda temos taxas muito altas de inadimplência e endividamento. Além disso, os orçamentos das famílias permanecem muito desorganizados. 

E quais são as suas ressalvas em relação aos números?

A primeira delas diz respeito às perspectivas para 2024. Temos aí um sinal de alerta. A evolução do mercado de trabalho é uma resposta direta à atividade econômica. À medida que ela diminui, os números do desemprego tendem a aumentar. E a tendência é de redução das estimativas de crescimento no fim de 2023 e uma desaceleração mais forte em 2024. 

Qual é a outra ponderação que o senhor faz sobre aos dados divulgados?

Vejo os números com cautela. Isso porque o total de pessoas empregadas ou procurando emprego, dado pela taxa de participação na força de trabalho, ainda está bem abaixo do que vimos no período pré-pandemia. 

Qual é a atual taxa de participação?

Hoje, está em 61,9%. Em outubro de 2019, antes da pandemia, era de 63,8%. Ou seja, o percentual de pessoas empregadas ou procurando trabalho era bem maior. 

O que isso significa na prática?

Significa que, se a taxa de outubro deste ano estivesse no mesmo patamar da observada no mesmo mês de 2019, o desemprego hoje seria de 10,3% e não de 7,6%. Isso também quer dizer que teríamos 11,5 milhão de pessoas desocupadas e não 8,2 milhões. Dito de outra forma, o desemprego pode não ser tão baixo quanto acreditamos. O que pode estar acontecendo é que, com a diminuição do total de pessoas que procura emprego, o indicador geral caiu.

Um estudo do FGV Ibre já mostrou que a taxa de participação pode estar diminuindo como resultado do aumento do Bolsa Família. Essa análise ainda é válida?

Sim. O número de pessoas que busca por emprego no Brasil pode ter diminuído em consequência do aumento do valor desse benefício, registrado desde o ano passado e mantido neste ano. 

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