Zoe: onda de calor na Espanha é a primeira a ser nomeada no mundo
Nos últimos dias, os termômetros chegaram aos 45ºC no país, com mais de 500 mortes registradas
atualizado
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A onda de calor que tem impactado a rotina de moradores da Europa ganhou uma classificação. Na Espanha, o fenômeno foi nomeado de “Zoe” pela plataforma promeTEO Sevilla, um programa piloto de classificação.
Nos últimos dias, os termômetros chegaram aos 45ºC no país, com mais de 500 mortes registradas. A classificação Zoe é a mais alta do sistema de categorização do promeTEO. É a primeira vez que uma onda de calor recebe nomenclatura.
No comunicado sobre a denominação, a plataforma alertou a população espanhola, “especialmente a mais vulnerável, da importância de seguir recomendações sanitárias para prevenir uma insolação e permanecer atentos aos sintomas que provocam este tipo de transtorno”.
Segundo a plataforma, a denominação do nome para fenômenos com alto grau de impacto na saúde pode ajudar a população a tomar medidas efetivas para se proteger das altas temperaturas.
Por isso, as ondas de calor extremo receberão um nome próprio, começando pela última letra do alfabeto espanhol. Além da Zoe, há outras nomenclaturas que serão usadas: Yago, Xenia, Wenceslao e Vega.
“Trata-se de uma chamada de atenção para alertar sobre este fenômeno meteorológico, como se faz há tempos com os furacões, tornados e nevascas intensas”, informou a página.

A Europa tem enfrentado uma onda de calor extremo. Países como Portugal, Holanda, Espanha, Inglaterra e França, por exemplo, estão sofrendo com as altas temperaturas que já causaram diversas mortes e têm servido de gatilho para uma série de incêndios florestais Eric Renom/NurPhoto via Getty Images

Em julho, por exemplo, o Reino Unido viu um dos dias mais quentes de sua história. O calor extremo fez com que viagens de trem e de avião fossem canceladas. A pista do aeroporto de Luton, em Londres, inclusive, se dobrou por causa das altas temperaturas, assim como trilhos por todo o país Lorena Sopena/Europa Press via Getty Images

De acordo com cientistas do clima, a situação é uma das consequências do aquecimento global, que gera mudanças climáticas e, consequentemente, aumenta a possibilidade de haver superaquecimento em diversas áreas do planeta Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Aliás, segundo o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, Met Office, essas alterações climáticas aumentaram em dez vezes a possibilidade da existência de altas temperaturas na Europa, atualmente Getty Images

Para meteorologistas, o que os europeus estão chamando de “apocalipse de calor” pode ser explicado pela existência de um bloqueio atmosférico. Nesses casos, há uma área de alta pressão atuando, o que impede a formação de nuvens e possibilita a incidência de radiação solar Getty Images

Além disso, devido ao fato de o verão ser a atual estação no continente, a tendência é que a situação se agrave, de acordo com especialistas. Com o ar estável e a umidade baixa, as chances de chuva são menores. Durante esse período, por sinal, os dias são mais longos e as noites mais curtas na Europa, o que contribuiu o aumento de temperatura Getty Images

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão de ciência climática da ONU, a temperatura média mundial aumentou e estamos, atualmente, vivendo o período mais quente da história dos últimos 125 mil anos Getty Images

Ainda segundo o IPCC, as emissões de gases de efeito estufa, causadas pela queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás, retêm o calor em nossa atmosfera e contribuem para aumentar a concentração de dióxido de carbono para os níveis mais altos em 2 milhões de anos. Tudo isso causa o desequilíbrio do planeta e rende consequências para os seres vivos Getty Images

Além de causar incômodo, especialmente a quem está acostumado com baixas temperaturas, o calor extremo também pode comprometer a saúde da população, causando hipertermia e sério quadro de desidratação, por exemplo Getty Images
Emergência climática
Fenômenos extremos como a onda de calor que está castigando a Europa serão cada vez mais comuns, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas. Em coletiva no dia 19/7, o secretário-geral da agência, Petteri Taalas, reforçou que essa é a nova realidade global em um cenário marcado por mudanças climáticas.
“Bombeamos tanto dióxido de carbono na atmosfera que a tendência negativa continuará por décadas. Não conseguimos reduzir nossas emissões globalmente”, disse Taalas. “Espero que este seja um alerta para os governos e que tenha impacto nos comportamentos de voto nos países democráticos”.
Países como Portugal, Espanha, Inglaterra e França estão enfrentando uma onda de calor extremo que já causou mais de mil mortes. O fenômeno provocou uma série de incêndios florestais nesses países.