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Pesadelos podem ser silenciados com um único acorde de piano

Grupo de pessoas que tinha pesadelos frequentes passou até a sonhar com coisas boas

atualizado

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Ebuen Clemente Jr/Unsplash
Teclas de um piano
1 de 1 Teclas de um piano - Foto: Ebuen Clemente Jr/Unsplash

Técnicas não invasivas para manipular as emoções estão sendo usadas para tentar reduzir os pesadelos que atormentam muitas pessoas.

Um estudo realizado em 36 pacientes diagnosticados com transtorno de pesadelos recorrentes combinou duas terapias simples para reduzir a frequência desses sonhos ruins.

Na primeira técnica, os voluntários foram convidados a descrever os pesadelos mais frequentes de uma forma positiva. Na segunda, eles passaram a ouvir sons associados a estas experiências positivas enquanto dormiam.

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O psiquiatra Lampros Perogamvros, dos Hospitais Universitários de Genebra e da Universidade de Genebra, na Suíça, liderou a equipe que melhorou uma técnica descoberta em 2010: a reativação de memória direcionada (TMR).

Eles descobriram que tocar sons que as pessoas foram treinadas para associar a determinado estímulo enquanto dormem, ajuda a aumentar a memória deste estímulo.

O acorde da paz contra os pesadelos

Metade do grupo de voluntários recebeu uma faixa de música e um fone de ouvido para ouvirem ao dormir. O acorde de piano C69 foi ouvido por eles a cada 10 segundos durante o sono REM (último estágio do ciclo do sono), quando os pesadelos são mais prováveis ​​de ocorrer.

A outra metade serviu como grupo de controle, imaginando uma versão menos horrível de um pesadelo sem ser exposta a sons positivos.

Os grupos foram avaliados após duas semanas de registrarem entradas adicionais sobre suas experiências de sono no diário, e novamente após três meses sem nenhum tipo de tratamento.

No início do estudo, o grupo controle teve, em média, 2,58 pesadelos por semana. O grupo que passou pela técnica TMR teve uma média de 2,94 pesadelos semanais.

No final do estudo, o grupo de controle caiu para 1,02 pesadelos semanais, enquanto o grupo TMR caiu para apenas 0,19. Ainda mais promissor, o grupo TMR relatou um aumento nos sonhos felizes.

“Ficamos positivamente surpresos com o quão bem os participantes respeitaram e toleraram os procedimentos do estudo, por exemplo, realizando terapia de ensaio de imagens todos os dias e usando a faixa de dormir durante a noite”, diz Perogamvros.

Ele também observou que houve uma rápida diminuição dos pesadelos, juntamente com os sonhos se tornando emocionalmente mais positivos. “Para nós, pesquisadores e clínicos, essas descobertas são muito promissoras tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono quanto para o desenvolvimento de novas terapias”, afirmou Perogamvros.

Segundo os pesquisadores, dado que realmente ainda não se sabe por que, ou mesmo como, o cérebro humano cria sonhos enquanto dormimos, tratar pesadelos crônicos segue como um grande desafio.

Para entender mais

Segundo a organização científica Sleep Foundation, especializada em pesquisas sobre o sono, as pessoas passam por quatro estágios ao dormir, repetidas vezes. São ciclos cada qual com suas características neuronais, funções e durações. Em geral, existem entre quatro e seis ciclos de sono em uma noite típica.

As fases do sono são designadas pela sigla REM (que significa Rapid Eye Movement, ou movimento rápido dos olhos). Uma das quatro fases do sono é o REM; as outras três são não-REM dividido em N1, N2 e N3.

Além de uma quantidade suficiente de horas de sono por noite, precisamos de fases do sono bem equilibradas para uma boa saúde. Cada estágio de sono tem seu papel na revigoração do corpo e da mente, no desenvolvimento cognitivo e na saúde mental e física.

Muitas pessoas sofrem de pesadelos, que nem sempre são simples caso de alguns sonhos ruins. Pesadelos também estão associados a sono de má qualidade, que, por sua vez, está associado a infinidade de outros problemas de saúde.

Pesquisadores da Universidade de Birmingham, por exemplo, descobriram que o começo do desenvolvimento da doença de Parkinson pode estar associado a um sintoma incomum: o aumento da quantidade de pesadelos sem causa aparente, principalmente em homens.

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