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Cães vão receber vacina contra câncer. Humanos podem ser os próximos

Pesquisadores nos Estados Unidos querem avaliar se a imunização atrasa ou previne uma variedade de tumores em espécimes saudáveis ou idosos

atualizado

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cachorro veterinário
1 de 1 cachorro veterinário - Foto: iStock

Uma vacina que possibilite a prevenção de tumores da mesma forma que doenças infecciosas ainda é um objetivo distante, mas uma ideia persistente na cabeça de muitos cientistas e médicos. Tanto que uma equipe de uma universidade dos Estados Unidos, liderada pelo inventor e diretor do Centro de Inovações em Medicina da Universidade Estadual do Arizona, Stephen Johnston, faz uma ensaio clínico para testar uma vacina contra o câncer em centenas de cachorros nos Estados Unidos. Se der certo, os humanos serão os próximos a serem testados.

A ideia é avaliar se a imunização atrasa ou previne uma variedade de tumores em espécimes saudáveis ou idosos. A grande dificuldade é justamente as diferenças de cada ser vivo em nível molecular e a capacidade dos cânceres em sofrerem mutações. Mas, se o teste for bem sucedido, o pesquisador avalia que há grandes chances de estabelecer as bases para o desenvolvimento de uma vacina para seres humanos. “Se a chance for de 10% de que possa funcionar, não vejo nenhum motivo para não aproveitar a oportunidade”, comentou Johnston em entrevista à CNN.

Por que vacinar cachorros?
A pesquisa inicialmente testaria o método em humanos, mas custos altos para a produção e aprovação da vacina impediram Johnston. Durante o Estudo da Vacinação Contra o Câncer Canino, – que dizem ser o maior ensaio clínico intervencionista em cães -, ele conheceu o veterinário Doug Thamm, um sobrevivente de câncer e diretor de pesquisa clínica animal da Universidade do Estado do Colorado.

Os dois focaram nos casos de câncer em cachorros, já que a doença é a principal causa da morte dos animais adultos. Os bichos desenvolvem espontaneamente os tumores na velhice, da mesma forma que muitos humanos. A nível molecular, os tumores também são semelhantes entre as duas espécies, que também têm hábitos de vida semelhantes em vários pontos.

Como é feito o teste?
Para avaliar a eficácia da vacina, foi selecionado um grupo de animais, com quaisquer problemas de saúde. Metade receberá a vacina e a outra, um placebo. Nem os donos nem os veterinários sabem quais cães estão recebendo a vacina, para que isso não afete os resultados do estudo. Serão administradas quatro doses inicialmente, e depois reforços anuais durante cinco anos.

A equipe rastreou 800 cães que tiveram ao menos um dos oito cânceres mais frequentemente encontrados em caninos. Eles identificaram algumas centenas de neoepitopos (partes de uma célula cancerosa que o sistema imunológico pode atingir) que os tumores de todos os oito tipos de câncer tinham em comum e usaram 31 para desenvolver a vacina. A vacina tem como alvo vários tipos de câncer, incluindo o linfoma, um câncer do sistema linfático; osteossarcoma ou câncer ósseo; hemangiossarcoma, um câncer mortal que se origina nos vasos sanguíneos e é quase exclusivo dos cães; e mastocitomas ou mastocitomas.

Reprodução/ASU
“Se a chance for de 10% de que possa funcionar, não vejo nenhum motivo para não aproveitar a oportunidade”, comentou Johnston

Como funciona a vacina?
As vacinas têm como objetivo “ensinar” o sistema imunológico a se defender de invasores perigosos, fazendo com que as células “memorizem” estas respostas mais eficazes para vencer as doenças. O maior obstáculo é que as células de câncer são complexas, têm múltiplas proteínas, tornando difícil direcionar antígenos específicos para combater os tumores, além do risco em alterar as células cancerígenas.

Em entrevista à CNN, Johnston comentou que sua vacina, se funcionar, impediria que uma ampla gama de cânceres se desenvolva, já que o sistema imunológico ataca as células cancerígenas precocemente. E ele quer que isso custe entre 100 e 500 dólares por dose, quase o mesmo que a maioria das vacinas contra doenças infecciosas usadas hoje.

O conceito de vacinas contra o câncer existe há décadas, segundo o inventor. No entanto, as usadas hoje são apenas terapêuticas, personalizadas usando células de câncer do paciente para aumentar a resposta imunológica. Este tipo de tratamento é muito caro: custam mais de 100 mil dólares por um ano de tratamento.

Na prevenção ao câncer, outras duas vacinas também se mostraram eficazes em seres humanos: contra o papilomavírus humano (ou HPV), que pode prevenir o câncer do colo do útero, e a contra a hepatite B, que pode ajudar a prevenir o câncer de fígado. No entanto, elas funcionam combatendo os vírus que causam tumores, e não o próprio câncer.

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