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Propostas ambiciosas de Milei podem esbarrar em oposição no Congresso

O ultraliberal Javier Milei chegou à Presidência da Argentina se colocando contra o sistema político e a favor da vida desde sua concepção

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Tomas Cuesta/Getty Images
Foto colorida do presidente da Argentina, Javier Milei - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do presidente da Argentina, Javier Milei - Metrópoles - Foto: Tomas Cuesta/Getty Images

O presidente Javier Milei assumiu o comando da Argentina no domingo (10/12) com a promessa de reconstruir as finanças públicas e a moral do país. O político ultraliberal tem propostas ambiciosas para tentar abaixar a inflação e pagar a dívida pública. No entanto, precisará fazer acordos para conseguir apoio no Congresso.

Milei, líder do partido Liberdade Avança, venceu Sergio Massa, ex-ministro da Economia de Alberto Fernández, ao conquistar 55,9% dos votos nas eleições do país. O pleito do dia 19 de novembro demonstrou a insatisfação da população com o governo que até então presidia o país.

Quem é Javier Milei, o presidente eleito da Argentina

Apesar de conquistar o Executivo, o Liberdade Avança é minoria no Legislativo, tanto no Senado como na Câmara. A sigla possui 39 dos 257 deputados, e 7 dos 72 senadores.

A ex-candidata presidencial Patricia Bullrich, da aliança de centro-direita Juntos pela Mudança, declarou apoio publicamente a Milei durante a campanha. No Legislativo, a sigla dispõe de 93 cadeiras na Câmara dos Deputados e 24 no Senado.

No entanto, o apoio de Bullrich não significa que os representantes da aliança irão apoiar integralmente as propostas de Javier Milei. O que pode obrigar o novo presidente a abrir diálogo com o Legislativo e pensar em acordos políticos.

Com um discurso claramente radical, na prática o novo presidente terá que, no mínimo, se aproximar da centro-direita, também conhecida como direita democrática. Ele tem boa relação com um dos expoentes do grupo, o ex-presidente Mauricio Macri.

A coligação de partidos peronistas União pela Pátria, de Sergio Massa, conquistou 108 vagas na Câmara dos Deputados e 24 no Senado. A bancada do grupo teve uma queda no número de representantes na Casa Baixa, mas ainda conta com um número significativo de deputados que devem fazer oposição ao novo presidente.

Economia

Durante a campanha presidencial, Javier deu declarações polêmicas em relação à economia do país, como o fechamento do Banco Central, dolarização do sistema financeiro da Argentina, e a privatização de empresas estatais.

Durante o seu discurso de posse, o novo presidente falou em nova era e que a Argentina deixará para trás “histórias de decadência”.

“Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje damos por finalizada uma longa e triste história de decadência e declive e começamos um caminho pela reconstrução do nosso país”, enfatizou Milei.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a inflação anual na Argentina chegou, em outubro, a 142,7%, o maior patamar desde 1991. O órgão mostra ainda que quatro a cada 10 argentinos vivem em situação de pobreza. Milei chega à Presidência com a promessa de mudar este cenário.

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Milei, que se diz um “anarcocapitalista”, afirma que o seu objetivo à frente da Argentina é dar um rumo ao país para que ele se torne novamente uma potência. A nação vizinha vive um dos seus piores momentos econômicos e sociais desde a redemocratização, em 1983.

Anarcocapitalismo é uma corrente econômica e política no qual a ideia central é minimizar o papel do Estado, mas garantir a liberdade individual das pessoas por meio da propriedade privada.

No seu primeiro discurso como presidente da Argentina, Milei declarou que não há outra alternativa senão “o ajuste o choque” e ressaltou que a sua política econômica poderá trazer impactos negativos nos empregos e salários.

“A conclusão é que não há alternativa ao ajuste e não há alternativa ao choque. Naturalmente, isto terá um impacto negativo no nível de atividade, no emprego, nos salários reais e no número de pessoas pobres e indigentes. Haverá estagflação, é verdade, mas não é muito diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos”, enfatizou o libertário.

Apesar do discurso enfático, o chefe do Executivo já demonstrou estar aberto a recuar em suas propostas. O homem escolhido para salvar a economia da Argentina pretende adiar a proposta de fechar o Banco Central e dolarizar o sistema financeiro.

Governo Milei descarta dolarização e fechamento do BC

Pauta de costumes

Acostumado a ser comparado com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), Javier Milei possui um discurso na pauta de costumes alinhado com a do ex-chefe do Executivo do Brasil, como ser contra o aborto e educação sexual nas escolas.

O presente Milei afirmou, em diferentes ocasiões, que irá proteger as crianças desde sua concepção. Na Argentina, o aborto é legalizado até a 14ª semana de gestação, a lei foi sancionada em 2021 pelo antecessor do ultraliberal. Para mudar a lei, o novo chefe do Executivo precisará articular com o Congresso, mas ainda não há nenhuma manifestação da parte dele sobre o assunto.

Outra proposta polêmica do libertário é eliminar a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas. Em 2006, o Congresso da Argentina transformou em lei um projeto que estabelece a exigência do programa integral de educação sexual nas instituições públicas e particulares.

Javier Milei assumiu o governo neste domingo e as suas ideias ainda serão colocadas no papel. Até lá, o político deverá construir uma mesa de diálogos com o Legislativo, principalmente para mudar o atual cenário econômico do país.

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