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Pelo segundo dia, manifestantes tomam ruas do Irã contra governo

Milhares de pessoas pedem a renúncia de líderes após a derrubada “por engano” de avião da ucraniano

atualizado

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EBRAHIM NOROOZI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Irã nega que avião ucraniano que caiu em Teerã tenha sido atingido por míssil
1 de 1 Irã nega que avião ucraniano que caiu em Teerã tenha sido atingido por míssil - Foto: EBRAHIM NOROOZI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Protestos se espalharam no Irã pelo segundo dia neste domingo (12/01/2020), aumentando a pressão sobre os líderes do país, depois que as forças militares admitiram que derrubaram por engano um avião ucraniano no momento em que Teerã temia ataques aéreos dos Estados Unidos. Os manifestantes saíram às ruas pelo segundo dia, pedem a renúncia de líderes e criticam a maneira como o governo lidou com a questão.

“Eles estão mentindo que o nosso inimigo é a América, nosso inimigo está aqui”, gritava um grupo de manifestantes do lado de fora de uma universidade em Teerã, segundo vídeos publicados no Twitter. Dezenas de manifestantes foram mostrados do lado de fora de outra universidade na capital e em protestos em outras cidades, como Tabriz, Shiraz e Kermanshah.

Os atos começaram na noite de sábado (11/01/2020) motivados pelo anúncio do Irã de que suas forças militares haviam equivocadamente derrubado o avião ucraniano na quarta-feira, matando todas as 176 pessoas a bordo.

Como reação, o governo iraniano reforçou a presença policial das ruas da capital – o que não impediu focos de protestos que surgiram primeiro nas universidades.

A população ficou ainda mais irritada porque durante dias Teerã negou que o voo da Ucrânia tivesse sido derrubado por algum míssil iraniano, mesmo após Canadá e Estados Unidos afirmarem que tinham evidências dessa hipótese.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que foi um “erro desastroso” e pediu desculpas. Mas um importante comandante da Guarda Revolucionária contribuiu para a fúria do público ao dizer que havia dito às autoridades no mesmo dia da queda que um míssil iraniano havia atingido o avião.

Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, a polícia lançou gás lacrimogêneo em milhares de manifestantes na capital, onde muitos cantavam “Morte ao ditador”, direcionando a raiva ao líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.

Vídeos que circulam na internet mostram protestos sendo reprimidos em estações de metrô e iranianos denunciando que alguns manifestantes foram baleados. “Peça desculpas e renuncie”, escreveu o jornal moderado iraniano Etemad, em sua manchete, no domingo, dizendo que a “exigência do povo” era a renúncia dos responsáveis pela má condução da crise do avião.

Pressão interna
Khamenei se pronunciou neste domingo e voltou a culpar Washington pela crise interna. O aiatolá pediu mais cooperação entre os países da região para resolver os problemas que ele disse serem provocados pelos EUA.

“A situação na região é inapropriada por causa dos… Estados Unidos e seus amigos, e a única forma de lidar com isso é confiar na cooperação dentro da região”, disse Khamenei ao emir do Catar, Xeque Tamim bin Hamad al-Thani, que está em visita a Teerã, de acordo com o site oficial do governo iraniano.

A nova escalada de raiva é mais um desafio para as autoridades iranianas, que lançaram uma sangrenta repressão a protestos em novembro do ano passado, mas viviam um momento de tranquilidade após o sentimento de união que seguiu a morte do general Qassim Suleimani – morto em um ataque de drone dos EUA no Iraque.

Quando os protestos começaram no sábado, o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou: “Aos líderes do Irã – não matem seus manifestantes. Milhares já foram mortos ou presos por vocês, e o mundo está observando”.

Nova retaliação
Ontem, o grupo libanês Hezbollah afirmou que chegou a hora de os aliados do Irã começarem a trabalhar para vingar o assassinato de Suleimani, embora o objetivo de expulsar as forças americanas da região exija “um longo caminho”. A retaliação aconteceria “nos próximos dias, semanas e meses”, disse Sayyed Hassan Nasrallah, líder do grupo. / REUTERS E NYT

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