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China pode barrar soja americana como resposta à sobretaxa de aço

Em comunicado, o Ministério do Comércio de Pequim indicou que vai “defender de forma firme seus interesses”

atualizado

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KASTER/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Donald Trump
1 de 1 Donald Trump - Foto: KASTER/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Produtora de metade do aço mundial, a China indica pela primeira vez que pode responder às taxas americanas com medidas retaliatórias. Em comunicado, o Ministério do Comércio de Pequim indicou que vai “defender de forma firme seus interesses”.

As principais entidade do setor siderúrgico chinês, controlados pelo estado, propuseram que medidas sejam tomadas contra produtos agrícolas e eletrônicos dos EUA, além de aço.

Um dos temores é de que a China possa retaliar os americano com barreiras à soja. EUA e Brasil concorrem pelo mercado chinês de soja e qualquer modificação nas regras do comércio internacional podem ter uma repercussão profunda para o setor.

Apesar de insistir na via pacífica, a Europa também alertou que não está disposta a fazer concessões aos americanos, nem no setor comercial e nem na aliança militar. “Não vamos fazer concessões no comércio, mesmo que isso tenha sido apontado como um problema”, disse o vice-presidente de Comissão Europeia, Jyrki Katainen. “Isso não é uma negociação comercial. É uma ação unilateral”, afirmou.

A relação entre a barreira e a contribuição da Europa na OTAN também foi rejeitada por Bruxelas. “São duas coisas separadas”, insistiu o vice-presidente. “Isso é um problema comercial, que precisa ser resolvido. Depois, se a questão da OTAN quiser ser tratada, é um outro assunto”, disse.

A Europa vende em média 5,5 milhões de toneladas de aço aos EUA e uma barreira poderia custar mais de US$ 2,5 bilhões por ano. Jean-Yves Le Drian, ministro de Relações Exteriores da França, insistiu que a Europa precisa agir de forma “firme”. “A Europa precisa mostrar seu poder e soberania”, disse. Para ele, é a influência americana que será afetada por contas das barreiras.

Katainen confirmou que, se as negociações fracassarem, a UE já está em conversas com outros governos para levar um caso conjunto à OMC contra os EUA. “Queremos a lei do mais forte ou as leis internacionais?”, alertou.

Durante o dia a quinta-feira (9) o governo brasileiro também proliferou conversas com outros parceiros comerciais para entender quais podem ser os próximos passos.

Enquanto governos ensaiam resposta, a OMC voltou a pedir que países “reflitam”, “conversem” e evitem a adoção de barreiras comerciais. Recuperando uma declaração do diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, a entidade insistiu na necessidade de manter o diálogo entre os governos com o objetivo de se evitar uma guerra comercial.

“Está claro que vemos um risco muito maior e claro de iniciar uma escala de barreiras comerciais pelo mundo”, disse Azevedo. “Não podemos ignorar esse risco e pedimos a todos que considerem e reflitam sobre essa situação de forma cuidadosa”, completou.

Daniel Pruzin, assessor de imprensa da OMC, confirmou que o tom é o de um apelo ao diálogo. “Ainda há tempo para conversar”, disse. “A medida só entra em vigor em 15 dias”, apontou. Segundo ele, o diálogo pode ocorrer nos comitês da OMC e, mesmo depois que uma queixa formal seja lançada, as conversas podem continuar.

Azevedo estará em Brasília para uma reunião com o presidente Michel Temer. Mas vem insistindo no impacto que a medida americana e as respostas dos parceiros comerciais poderiam ter. “Uma vez que entremos nesse caminho, será muito difícil reverter a direção”, disse Azevedo. “Olho por olho deixará todos nós cegos e o mundo em uma profunda recessão”, afirmou o brasileiro. “Temos de fazer todos os esforços para evitar ver o primeiro dominó cair. Ainda há tempo”, disse o diplomata.

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