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Pai de meninas abusadas por padre: “A Igreja destruiu minha família”

Anthony Foster dedicou sua vida a conscientizar a sociedade sobre o abuso sexual de crianças

atualizado

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Arquivo Pessoal/ Família Foster
Família Foster
1 de 1 Família Foster - Foto: Arquivo Pessoal/ Família Foster

Olhando para as câmeras de TV, Anthony Foster segura uma fotografia em que aparece com as filhas. “Estas são minhas meninas. Um padre católico as violentou na época em que esta foto foi tirada e por isso estamos lutando há tanto tempo. Esta era minha família perfeita. Nós a fizemos assim e a Igreja Católica a destruiu”.

Desde então, o homem definiu para si mesmo a missão de conscientizar a sociedade sobre o abuso sexual de crianças e, dessa forma, garantir mais segurança a elas. Sua luta constante findou de maneira trágica. Ele morreu no final de maio, aos 64 anos, vítima de um acidente vascular cerebral em Melbourne, Austrália.

Matéria da BBC conta como ele e a esposa, Chrissie, encararam a Igreja de frente para buscar respostas sobre o estupro das filhas, Emma e Katie, em uma escola primária que frequentavam entre 1988 e 1993, na mesma cidade onde ele morreu. As meninas começaram a sofrer as violências sexuais quanto tinham cinco e seis anos, respectivamente.

Como não poderia deixar de ser, os traumas foram intensos e marcaram a vida delas. Em 2008, Emma, que era viciada em drogas, morreu abraçada em um urso que ganhou no seu primeiro aniversário. Ela tomou uma dose excessiva de medicamentos. Já sua irmã Katie, que era alcoolista, foi atropelada em 1999, acidente que a deixou com deficiências físicas e mentais.

Batalha

O criminoso tem nome: padre Kevin O’Donnell. Ele, que já havia sido acusado de pedofilia em 1958, foi preso por atos sexuais contra menores em 1995 e morreu em 1997. Os Foster garantem que a Igreja ignorou todas as acusações no começo. Somente após uma batalha legal de 10 anos foi que a família conseguiu uma indenização de US$ 555 mil como parte de um acordo judicial.

“A Igreja deveria ter vergonha”, afirmou o pai em entrevista à Fairfax Media em 2010. “Se tivessem sido abertos para ouvir sobre o abuso, Emma poderia estar aqui ainda”. Os Foster não apenas se esforçaram pelas suas filhas. Eles também ofereciam cursos para pais e futuros pais sobre as melhores formas de se comunicarem com suas crianças.

A partir da campanha liderada por elesm, foi criada uma comissão real, instância mais alta de inquérito público que existe na Austrália, apenas para liderar investigações sobre o abuso sexual institucionalizado no país. Formada em 2013, a comissão pretende enviar o relatório final em dezembro deste ano. Foram encontrados indícios de que, entre 1950 e 2010, 7% dos padres católicos praticaram abusos contra crianças na Austrália.

Após sua morte, Anthony Foster recebeu um funeral de Estado acompanhado por milhares de pessoas e homenagens em seu país e vários outros lugares do mundo.

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