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Proibição do CFC deu à Terra uma chance contra o aquecimento global

Estudo mostra que, sem a proibição global do CFC, a humanidade já estaria enfrentando a realidade de uma “terra arrasada”

atualizado

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Hello I’m Nik/Unsplash/Divulgação
Embalagem de aerossol
1 de 1 Embalagem de aerossol - Foto: Hello I’m Nik/Unsplash/Divulgação

O clorofluorcarboneto (CFC) marcou de forma profunda a história do planeta, com a grande capacidade de destruição da camada de ozônio e o potencial de contribuir 4.750 vezes mais para o aquecimento global que o dióxido de carbono, CO2. O Protocolo de Montreal, assinado em 1987, determinou o fim do uso da substância. No Brasil, foi proibida a importação em 2007.

Há quem nem se recorde ou nunca tenha lido sobre o assunto, mas a realidade é que, sem a proibição global do CFC, a humanidade já estaria enfrentando a realidade de uma “terra arrasada”. Um nova modelagem feita pela equipe internacional de cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Nova Zelândia, publicada nessa quarta-feira (18/8) na revista Nature, pintou uma visão dramática de um planeta Terra queimado sem o Protocolo de Montreal, o que eles chamam de “Mundo Evitado”.

O estudo traçou uma nova ligação entre duas grandes preocupações ambientais: o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global. E a verdade é que, segundo os pesquisadores que medem o impacto do Protocolo de Montreal, novas evidências apontam que que a capacidade crítica do planeta de absorver carbono da atmosfera poderia ter sido degradada maciçamente, levando as temperaturas globais às alturas, se ainda usássemos produtos químicos destruidores da camada de ozônio, como os CFCs.

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A equipe de pesquisa, liderada por um cientista da Universidade de Lancaster, ressalta que o uso continuado e aumentado de clorofluorcarboneto teria contribuído para o aumento da temperatura global do ar em 2,5°C até o final deste século; o colapso mundial da camada de ozônio seria uma realidade em 2040; em 2100, haveria 60% menos ozônio acima dos trópicos; e em 2050, a força dos raios ultravioleta do sol nas latitudes médias, que inclui a maior parte da Europa, incluindo o Reino Unido, os Estados Unidos e a Ásia Central, seria mais forte do que os trópicos atuais.

As descobertas, descritas no artigo O Protocolo de Montreal protege o sumidouro de carbono terrestre, explica que a decisão de abrir mão do CFC protegeu o clima de duas maneiras: reduzindo o efeito estufa e, ao proteger a camada de ozônio, protegendo as plantas dos aumentos prejudiciais da radiação ultravioleta (UV). De maneira crítica, isso protegeu a capacidade da planta de absorver e bloquear o dióxido de carbono da atmosfera, evitando assim uma maior aceleração da mudança climática.

Sem a proibição de CFC feita pelo Protocolo de Montreal:

  • Haveria 580 bilhões de toneladas a menos de carbono armazenado em florestas, outras vegetações e solos;
  • Haveria um adicional de 165-215 partes por milhão de CO 2 na atmosfera, dependendo do cenário futuro de emissões de combustíveis fósseis. Em comparação com as atuais 420 partes por milhão de CO 2 , isso representa um adicional de 40-50%;
  • A enorme quantidade de CO 2 adicional teria contribuído para um adicional de 0,8 ° C de aquecimento por meio de seu efeito estufa.

“Um mundo onde esses produtos químicos aumentassem e continuassem a se desfazer de nossa camada protetora de ozônio teria sido catastrófico para a saúde humana, mas também para a vegetação. O aumento de UV teria atrofiado enormemente a capacidade das plantas de absorver o carbono da atmosfera, o que significa níveis mais elevados de CO 2 e mais aquecimento global”, afirmou o dr. Paul Young, da Universidade de Lancaster e autor principal do estudo.

Inimigo invisível

As substâncias da família do clorofluorcarboneto (CFC) são consideradas ideais pela indústria por apresentarem toxicidade zero para a pele. Inodoras e insípidas, também não apresentam características inflamáveis ou corrosivas. No entanto, a reação que ocorre no contato da molécula com o gás ozônio, nas altas camadas da atmosfera terrestre, demonstrou ser um grave inconveniente. Diante do problema, os países começaram a se mobilizar.

A mobilização culminou num encontro internacional, coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em uma reunião em 1985, cerca de 180 países adotaram a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Em 1987, nova reunião resultou na criação de um programa de ação internacional estabelecido no Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. O Protocolo definiu ações para a eliminação da produção e do consumo das substâncias, listando claramente os CFCs e o brometo de metila, utilizado na agricultura para tratar o solo.

O documento diferenciou as metas para os países. Caberia aos desenvolvidos a eliminação da produção das substâncias prejudiciais até o ano de 2001. Para os países em desenvolvimento, como o Brasil, a produção e o consumo deveriam ser eliminados até 2010, com a utilização da conversão industrial e de novas tecnologias.

A camada de ozônio, símbolo da causa ambientalista, é uma barreira essencial que nos protege ao filtrar os raios ultravioleta prejudiciais do sol. Quando um buraco na camada foi descoberto acima da Antártica na década de 1980, houve grande alarde por conta dos danos que os raios ultravioleta podem causar à saúde humana por meio de doenças como a pele cânceres.

O Protocolo de Montreal, assinado em 1987, é considerado um exemplo em diplomacia ambiental. Ao concordar com uma proibição mundial de substâncias que destroem a camada de ozônio, incluindo CFCs, os líderes internacionais foram capazes de salvar a camada de ozônio do planeta. Graças ao Protocolo de Montreal, a camada de ozônio está passando por um longo processo de reparo.

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