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Um Estado que gasta tudo que arrecada não quer que o país cresça

Por mais que a situação mundial seja pouco animadora, o Brasil não precisa, assim como não tem precisado há muitos anos, progredir tão pouco

atualizado

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O pior aspecto do não crescimento da economia em 2019 é o seu caráter opcional. Por mais que a situação mundial seja pouco animadora — a média do crescimento ficou abaixo de 1,5% —, o Brasil não precisa, assim como não tem precisado há muitos anos, progredir tão pouco. O natural, pelo seu dinamismo, oportunidades e pujança de muitas áreas do setor privado é que rode em ritmo acelerado — tem enormes espaços naturais para crescer mais que os outros, e por muito tempo. Mas o Brasil não quer crescer. Ou melhor: está organizado de uma forma que impede o crescimento.

O aumento de 1,1% do PIB brasileiro em 2019, como os resultados obtidos nos últimos anos, é consequência direta da existência de um Estado como o nosso. Ele é cada vez maior, mais caro e mais concentrador de recursos. Fica com a maior parte dos recursos criados pela produção — ou seja, pelas empresas e pelos trabalhadores. Além disso, impõe ao país regras, normas e obrigações
burocráticas que simplesmente impedem o trabalho. Só arrecada — e gasta — tudo consigo mesmo.

O Brasil vai arrecadar R$ 3,4 trilhões em 2020. Mas não tem dinheiro para nada, como acabamos de ver com a briga de foice entre governo e deputados por uns restos do orçamento. Uma sociedade que aceita viver assim tomou a opção de não crescer.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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