Em 2017, Paulo Lins era um apaixonado por café que decidiu em três dias abrir uma micro cafeteria, dentro de uma academia de luta, no Setor de Oficinas do Guará. A escolha do local improvável e a falta de experiência do dono, no entanto, não impediram que o negócio ganhasse a boca do povo e chegasse ao sucesso. Na verdade, as lacunas contribuíram para a busca incansável de conhecimento e de uma formatação que agradasse os amantes de café e de lugares autênticos.
De um pequeno sofá e dos degraus da calçada do prédio, a clientela passou a ser atendida na sobreloja, ainda com poucos lugares. O espaço foi sendo aumentado e ambientado gradativamente, sempre com aquele ar de desconstrução, embora cada peça tenha sido escolhida a dedo para estar ali. O menu também passou por adaptações até chegar à versão atual.
Quatro anos depois, o jovem empreendedor se prepara para dar um grande passo rumo à conquista de uma nova clientela, além da consolidação da já existente. A segunda unidade do Acervo Café será aberta em novembro, no shopping CasaPark, mais precisamente, no segundo andar da Livraria da Travessa. A loja é aquela mesma onde funcionou a Livraria Cultura, até o início de 2021. O café dividirá o espaço com o auditório e uma galeria de arte.
O ambiente do novo Acervo terá capacidade de atendimento de 80 a 105 pessoas e vai seguir a linha arquitetônica da primeira casa, com móveis garimpados, um pouco de rebeldia, traduzida em paredes detonadas à mostra que contrastam com um bom gosto ímpar que o proprietário tem para compor seus microuniversos. “Vamos manter o mesmo conceito, funcionando no andar de cima, escondidinhos. Faremos uma seleção de móveis vintage de designers brasileiros e internacionais”, adianta Paulo Lins.
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O menu
Para o cardápio, Paulo não pensa em nenhuma alteração para a nova unidade. Pelo menos por enquanto. As receitas de Abigail Lins, sua sócia, continuarão sendo o destaque da casa. É a minha obrigação te dizer, caro leitor, que se ainda não as conhece, está perdendo a oportunidade de experimentar delícias que não encontramos com facilidade por aí. Portanto, se eu fosse você, não esperaria a segunda unidade abrir e já digitaria Acervo Café no Google Maps para seguir rumo ao Guará e prová-las logo.
A primeira criação de sucesso do menu é a Coffeecake, cuja mistura de ingredientes, criada de forma improvisada, foi sendo testada e alterada durante os últimos 20 anos por Abigail. O resultado é uma massa meio densa e bastante chocolatuda, mas com aquela nuance de amargor e de torra. Este é, sem dúvida, um dos meus bolos de chocolate favoritos da vida. Outras opções de guloseimas são o bolo de banana com doce de leite e farofa crocante e a banoffee, com cobertura leve e recheio bem cremoso.
Na parte salgada, o item mais cobiçado é a torta cremosa de frango, com massa amanteigada e bastante delicada. A de queijo segue a mesma linha, com recheio de pecorino, parmesão, cream cheese e amêndoa defumada. É difícil pra mim escolher entre as duas. Em uma das minhas últimas visitas, provei e aprovei o toast de abacate com oleaginosas e pão de fermentação natural. É bem servida e gostosa.

Um dos meus bolos de chocolate favoritos da vida: Coffeecake do Acervo CaféFoto: Luciana Barbo

Torta de bananaFoto: Luciana Barbo

Torta de frango da casaFoto: Divulgação

Toast de abacate da casaFoto: Luciana Barbo

Ambiente do Acervo CaféFoto: Luciana Barbo

Detalhe da decoração do Acervo CaféFoto: Luciana Barbo

Café NegroniFoto: Luciana Barbo

CappuccinoFoto: Luciana Barbo
Os cafés
Os grãos utilizados no Acervo são garimpados em fazendas ou associações de regiões produtoras, certificados com selos internacionais e indicações de procedência. A torra é feita in loco, inovação que possibilitou, inclusive, a abertura de um e-commerce da marca, que entrega 12 tipos diferentes em todo o Brasil.
O Gesha, por exemplo, é uma variedade originária da Etiópia e produzida em Carmo de Minas (MG) pela propriedade Santuário do Sul. Tem notas florais e cítricas, de mamão papaia e chá. Já Da Rosa é um catuaí nanicão da Serra do Caparaó (ES) que resulta numa bebida com notas de iogurte, goiaba, flor e especiarias. Os grão podem ser comprados inteiros, moídos para métodos filtrados ou prensa francesa. No local, é possível tomá-los também em diferentes tipos de extração. A oferta é renovada sempre, conforme as pesquisas do proprietário.
Para beber, a casa também oferece uma carta de vinhos naturais produzidos no Brasil e no exterior; e drinques. Gosto do Negroni, este clássico da coquetelaria elaborado com partes iguais de Vermouth, Campari e Gin, mas que muda de acordo com as marcas utilizadas. Não sei quais são as usadas no Acervo, mas sei que a combinação ficou perfeita.
Serviço:
QE 40, conjunto H, lote 18, sobreloja
Funciona de terça-feira a domingo, das 14h às 22h
No Instagram: @acervocafe
Loja virtual: www.acervocafe.com.br
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