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Claude Troisgros: “Procuro ser otimista mesmo diante desse cenário triste”

Chef francês falou ao Metrópoles sobre confinamento com a família, perspectivas para o pós-crise e a amizade com Batista

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Camila Maia/Divulgação
Claude Troisgros
1 de 1 Claude Troisgros - Foto: Camila Maia/Divulgação

Nem mesmo o fogão de quem trabalha com cozinha foi tão requisitado quanto no período de isolamento social: este é o caso, ao menos, do eletrodoméstico do chef Claude Troisgros. “No meu dia-a-dia de cozinhar profissionalmente, raramente fazia comida em casa. Neste momento de confinamento, cozinho diariamente há quase 3 meses e agradeço minha profissão por me dar esses momentos de terapia, alegria e sabores. Voltei a fazer uma comida caseira, de panela, que dá prazer gustativo para minha família”, conta o francês ao Metrópoles.

Cozinheiro francês radicado no Brasil desde 1979, apresentador dos programas Que Marravilha! e Mestres do Sabor e dono do Chez Claude, no Rio de Janeiro, Troisgros conta que agora está relendo livros de culinária e que depois de passar todo o tempo livre cozinhando para a família, vai dormir pensando no cardápio do dia seguinte. “Minha dica é: pesquise e não tenha medo de errar. A gente tem que evoluir com os erros para acertar”, aconselha.

Diante do cenário de falência de diversos restaurantes, efeito das semanas de isolamento social e fechamento do comércio, ele tenta pensar positivo. “Nessas épocas de crise, vêm as melhores ideias. Procuro ser otimista mesmo diante desse cenário tão triste, com vários restaurantes fechando as portas. Acredito que nada vai ser como antes, comer em casa por meio do delivery ainda vai prevalecer por um bom tempo, mesmo com restaurantes abertos”, aposta.

Troisgros nasceu no pós-Guerra, mas conviveu, na cozinha, com pessoas que mostraram marcas que períodos de exceção deixam em qualquer um. “Estamos vivendo uma guerra contra um inimigo invisível, com muitas perdas humanas. Já estamos sofrendo com a crise econômica no país e no mundo. O momento de dificuldade em tempos de guerra faz a gente repensar os valores, nosso jeito de viver e de trabalhar. Isso influencia a criatividade em todos os sentidos: novos momentos estão por vir, o pós-guerra é sinônimo de mudança, de reconstrução para o melhor”, avalia o cozinheiro.

Enquanto isso, ele centra energias na parceria com seu melhor amigo e braço direito na cozinha, João Batista Barbosa: os dois cozinheiros lançaram o Do Batista, serviço de delivery de comida caseira a preços acessíveis, voltado para pessoas que encomendam refeições diariamente. A dupla prevê inaugurar mais três casas na capital fluminense e uma em São Paulo. Questionado se pensa em trazer alguma operação a Brasília, Troisgros fala em expandir o negócio com o amigo. “Nunca se sabe, depende das oportunidades. Por que não começar com um Do Batista?”, brinca.

Batista e Claude Troisgros
Batista e Claude Troisgros
Nas telas e nas lives

Troisgros pode ser visto às quintas-feiras no reality Mestre do Sabor, na Globo. O oitavo episódio da segunda temporada vai no próximo dia 18 e, segundo o chef, promete. “A disputa no programa está acirrada, vão começar os duelos. O público pode esperar competição, emoção e claro, alto nível culinário. Nesta temporada temos uma repescagem que dará oportunidade para uns competidores que saíram”, adianta.

Pelo Instagram, o chef ainda encontra tempo para fazer as famosas lives. Troisgros se comoveu com a história de seu amigo Luís Felipe de Lima, arranjador que trabalhou com nomes como Dona Ivone Lara, Beth Carvalho e Martinho da Vila, vendendo o próprio violão de 7 cordas. Refletindo sobre como poderia ajudar, o chef criou o projeto Sal & Som, lives semanais em que ele cozinha enquanto um músico se apresenta.

“Sempre achei que a arte musical tivesse relação com a arte culinária. A música alegra o ouvido e a culinária, o paladar. A sensibilidade é a mesma: ouvido perfeito, boca perfeita. Mexemos com sensações e com a arte pura e generosa de levar felicidade aos outros”, comenta o chef, que já se apresentou com o próprio Lima, Roberta Sá, Fafá de Belém e Moacyr Luz. Mas ele adianta que ainda tem vontade de fazer uma live com algum sertanejo. “Seria bacana compartilhar com o Zezé di Camargo e Luciano”, finaliza.

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