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- Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou na noite de domingo (23/9), após longa cerimônia de premiação que consagrou Temporada (MG), de André Novais Oliveira, vencedor de cinco Candangos, incluindo melhor filme.
A edição 2018 teve a diversidade de gêneros, corpos e regiões brasileiras como marca principal. Sobretudo em relação à expressiva e histórica participação feminina. Dos 21 filmes da mostra competitiva (9 longas e 12 curtas), 13 tinham mulheres como diretoras ou correalizadoras.
Com uma das seleções mais fortes dos últimos anos, o evento navegou por temas de vulto (feminismo, identidade negra, questões LGBTQ+, imigração, greve dos caminhoneiros) e, mais uma vez, revelou um intenso engajamento de cineastas e plateia em protestos políticos.
Confira 10 fatos que marcaram o 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:
Brasília (DF), 21/09/2018 mulheres cineastas presentes na mostra competitiva do 51º Festival de Brasília. Local: B Hotel. Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
A histórica participação feminina para além das telonas aqueceu o debate sobre igualdade de gêneros. Maioria pelo menos nas fichas técnicas das obras selecionadas para a mostra competitiva, as realizadoras reafirmaram seu espaço na indústria cinematográfica brasileira e reforçaram, em entrevista ao Metrópoles, o importante papel da 51ª edição de Brasília como exemplo para outras curadorias
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
andré novais oliveira festival de brasília 2018
Festival de Brasília do Cinema Mineiro. A vitória de Temporada representou o terceiro ano consecutivo em que um filme de Minas Gerais leva o Candango para casa. O longa de André Novais Oliveira é precedido por Arábia (2017), de Affonso Uchôa e João Dumans, e A Cidade Onde Envelheço (2016), de Marília Rocha. Isso sem falar na dominância das produções do estado em diversas categorias ao longo dos últimos cinco anos
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
festival de brasília 2018 51º festival de brasília cine brasília
Nem a chuva que caiu em alguns dias do festival atrapalhou a estrutura arejada e bonita preparada para a 51ª edição. A produção do evento colecionou acertos ao expandir a praça de alimentação para a área externa atrás do cinema, permitindo aos visitantes passear com mais conforto pelas opções gastronômicas e etílicas. A exposição de fotos ampliadas de Mila Petrillo deu um show à parte e fez sucesso nas redes sociais
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
festival de brasílai 2018 51º festival
As (muitas) gafes na cerimônia de premiação. Além de longo e com discursos compridos, o encerramento do festival revelou alguns ruídos de comunicação entre os apresentadores da noite, André Gonzales e Marina Person, e a equipe de produção. Em vários momentos, os mestres de cerimônia tinham que cochichar um com o outro para checar se as informações que seriam lidas estavam corretas. O ponto alto – ou melhor, baixo – foi no anúncio de melhor longa da Mostra Brasília. A equipe de New Life S.A. recebeu o Troféu Câmara Legislativa. Em seguida, uma pessoa foi convidada para dar o mesmo prêmio novamente. O momento rendeu alguns segundos de sorrisos amarelos. Tanto que os cineastas voltaram só para abraçar a mulher chamada ao palco
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
festival de brasília 2018
Protestos. Em pleno ano eleitoral, não é de se estranhar que o festival dos festivais – palco onde cinema e política sempre dialogaram intensamente – tenha recebido manifestações fervorosas não só das equipes dos filmes em disputa na mostra competitiva, mas também do público. Gritos como "ele não", em referência ao candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, se fizeram presentes durante os 10 dias do evento. Já na noite de estreia, o ator Chico Díaz deu o tom ao instigar: "Lula?", gritou, tendo como resposta um sonoro "livre" da plateia
Felipe Moraes/Metrópoles
grace passô
O universo feminino permeou todo o festival, com o olhar voltado para as questões contemporâneas das mulheres. A relação homoafetiva e a resistência ao machismo das protagonistas de Luna (MG), de Cris Azzi, também chamou a atenção. A cineasta Alice Andrade Drummond tratou da depressão silenciosa que atormenta tantas mulheres em Mesmo com Tanta Agonia (SP). Sem contar a sutileza de Grace Passô (foto) ao vivenciar o recomeço de Juliana, personagem de Temporada (MG), de André Novais Oliveira
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
festival de brasília linn da quebrada e jub do bairro
Outras minorias também tiveram espaço de fala no festival. Filmes como os curtas-metragens Kairo (SP), de Fábio Rodrigo, Aulas que Matei (DF), de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia, e Eu, Minha Mãe e Wallace (RJ), dos irmãos Carvalho, se destacaram pelo protagonismo negro. Enquanto Bixa Travesty (SP), documentário de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, Reforma (PE), de Fábio Leal, e BR3 (RJ), de Bruno Ribeiro, deram voz à diversidade da comunidade LGBTQ+
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
beatriz seigner festival de brasília
Duas produções reforçaram o debate sobre a imigração: o longa Los Silencios (SP), de Beatriz Seigner, no qual uma mulher foge da luta armada na Colômbia, e o curta Liberdade (SP), de Pedro Nishi e Vinicius Silva, que mostra um grupo de imigrantes africanos residentes no bairro da Liberdade, na capital paulista
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
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Dilma Rousseff
Modo Operante Produções/Divulgação
andré luiz oliveira festival de brasília 2018
Uma triste demonstração de machismo na festa de premiação. O baiano radicado em Brasília André Luiz Oliveira protagonizou um momento lamentável ao receber o Troféu Câmara de melhor direção pelo documentário O Outro Lado da Memória. Antes de falar, passou o microfone para sua assistente de direção, Melina Bomfim. "Foi um prazer trabalhar com você. Pessoa muito generosa que se deixa transformar, desfazer. Eu era a única mulher negra na equipe de direção", ela disse. Mas logo foi interrompida pelo cineasta. "Aprendi muito com Melina. Em relação ao que você falou de única mulher negra... Muitas vezes as aparências enganam. No Brasil então", falou, narrando história de quando seu avô lhe contou que a avó dele tinha vindo da África como escrava. Da plateia, uma mulher protestou: "Deixa ela falar!". Oliveira esbravejou. "Cala a boca um pouquinho. Deixa eu falar também. Você pode gritar, mas eu quero falar um pouco". Quando o microfone voltou para as mãos de Bomfim, ela parecia um tanto constrangida pelo breve momento de tensão. "Sim, somos brasileiros. E temos oportunidade de nos desconstruir cotidianamente"
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
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