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Jornal revela casos de abuso de poder e sexual no tênis

As autoridades do tênis têm conhecimento de abusos há pelo menos 15 anos, que são silenciados por meio de “acordos de confidencialidade”

atualizado

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Michael Reaves/Getty Images
O árbitro Carlos Bernardes e o tenista Nick Kyrgios discutiram durante o Miami Open - Metrópoles
1 de 1 O árbitro Carlos Bernardes e o tenista Nick Kyrgios discutiram durante o Miami Open - Metrópoles - Foto: Michael Reaves/Getty Images

Uma denúncia feita pela jornal britânico The Telegraph denuncia abusos de poder e sexuais dentro do mundo da arbitragem do tênis profissional. O periódico teve acesso a inúmeros casos, que, segundo eles, eram acobertados pelas entidades esportivas.

A reportagem foi responsável por denunciar Soeren Friemel, chefe de arbitragem da Federação Internacional de Tênis (ITF) que renunciou no último mês por fazer “comentários e convites inapropriados a um árbitro mais jovens.

As autoridades do tênis, a partir de suas três entidades máximas na categoria feminina e masculina (ITF, ATP e WTA), têm conhecimento de abusos há pelo menos 15 anos, mas decidiram abafá-los por meio de “acordos de confidencialidade” assinado pelos funcionários, que impedem qualquer relação entre árbitros contratados e profissionais da mídia sem autorização prévia de um supervisor.

Silenciamento de árbitros

Richard Ings, ex-chefe de arbitragem da ATP entre 2001 e 2005, relatou ao Telegraph que as regras foram projetadas “para evitar a discussão de casos particulares dentro das partidas. Nunca foi projetado para proteger o esporte de constrangimento. Mas isso é o que se tornou”.

Entretanto, mesmo com as regras e acordos, denúncias estão sendo feitas ultimamente, principalmente sob anonimato. Quando os casos se tornam públicos, os chefes de arbitragem descobrem o responsável pelo vazamento de informações e, apesar de não punirem os funcionários com o código, excluem o árbitro de escalas e outras convocações.

O periódico, que não informou nenhum nome por questão de confidencialidade e jurídica, ainda afirma que outros casos tão graves quanto o de Friemel estão sendo acobertados e podem chegar ao público em breve.

Promoção profissional dentro de um mundo fechado

Segundo a reportagem, situações de abuso de poder e clientelismo são recorrentes, principalmente quando o assunto é a carreira e promoção profissional de árbitros mais novos.

O ex-árbitro sueco Martin Wikstrom, que trabalhou no circuito no início dos anos 2000, relatou que, quando atuava, “era um caminho bem conhecido para sua carreira se você estivesse aberto a usar seu corpo para promovê-la”. Wikstrom conta que muitos funcionários não teriam conseguido chegar no patamar onde chegaram “se a decisão fosse puramente baseada em sua competência”.

A promoção de árbitros é feita em um sistema de classificação que sai de branco a ouro. Para subir de categoria, é necessário receber uma boa avaliação ao fim do ano de alguém designado de um nível imediatamente acima.

Ex-árbitros entrevistados pelo Telegraph descreveram situações de encorajamento a avaliar outros funcionários de forma “menos positiva”, devido a conflitos de interesse.

“Os supervisores e juízes têm a flexibilidade de redigir os relatórios [sobre outros árbitros] da maneira como quiserem. Não é transparente. Não é neutro. Árbitros com distintivos de ouro [que são 33] vem em 50 tons de ouro. Alguns têm metade do sorteio em sua ‘No List’, enquanto outros podem lidar com todos os competidores”, explica uma das fontes.

A “No List” é uma espécie de lista de jogadores das quais determinados árbitros precisam se manter afastados das partidas por desentendimentos anteriores. A prática dessa lista não é oficializada pelas entidades, mas acontece com frequência, como quando o brasileiro Carlos Bernardes ficou afastado dos jogos do espanhol Rafael Nadal por quatro meses, depois de um desentendimento entre os dois durante uma partida do Rio Open.

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