Técnico do Bahia, Roger Machado publicará 50 livros de negros e indígenas

O treinador do Bahia, Roger Machado, é o mecenas de um projeto que irá publicar 50 livros de autores negros e indígenas nos próximos cinco anos, e ainda tem como meta à longo prazo tornar-se uma editora.

Já em 2020 serão lançados 10 livros da coleção Diálogo da Diáspora, financiada pelo Projeto Canela Preta, do técnico, que serão vendidos a um preço acessível para a parcela mais carente da população brasileira, formada por negros em sua maioria.

“Quando minhas filhas eram pequenas, eu procurava livros para elas, de literatura infanto-juvenil, com autores e personagens negros, e tinha dificuldade de encontrar. Essa inquietação cresceu quanto li o livro da Chimamanda Adichie que fala do perigo da história única, como é prejudicial ao país quando a história é contada só por um lado, o lado que detém os meios de produção do conhecimento”, relatou Roger.

Essa questão também martela na cabeça do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Tadeu de Paula, um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Egbé. “Menos de 10% dos livros publicados no Brasil são de autores não brancos e isso é um reflexo da exclusão no espaço acadêmico. Com a chegada de mais negros à universidade, fruto das cotas socioraciais, a gente está tendo maior produção sobre racismo, lutas contra desigualdade social, e a gente entendeu que era importante ter um fomento de produção editorial desse espaço.”

As obras da coleção serão lançados pela Hucitec editora, especializada em hunamismo, ciência e tecnologia. Será de responsabilidade do conselho editorial escolher por cinco anos 10 livros preferencialmente escritos por negros e indígenas, que abordem as diversas áreas acadêmicas: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Urbanismo, Direito, Filosofia, Letras, Pedagogia, Comunicação, Arte, e outras.