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Nova temporada de Filhos da Pátria vai mostrar os loucos anos 1930

Seriado vai avançar 100 anos na história e mostrar a família Bulhosa no início da Era Vargas, repleta de transformações e com o rádio

atualizado

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Paulo Belote/TV Globo/Divulgação
Foto colorida de Fernanda Torres - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Fernanda Torres - Metrópoles - Foto: Paulo Belote/TV Globo/Divulgação

A segunda temporada de Filhos da Pátria, com estreia prevista para outubro na TV Globo, será ambientada no Rio de Janeiro do início da década de 1930, um momento de transição importante para a história do Brasil, que entrava na Era Vargas. Na série, de autoria de Bruno Mazzeo, uma típica família brasileira, já conhecida do público, volta às telas em uma nova época.

São os Bulhosa, que apesar de desembarcarem um século à frente, mantêm seus trejeitos e toda a excentricidade característica do clã, formado pelo pai, Geraldo (Alexandre Nero), a mãe, Maria Teresa (Fernanda Torres), o filho, Geraldinho (Johnny Massaro), e a filha, Catarina (Lara Tremouroux). Cada um a seu modo, os quatro interagem nessa nova conjuntura política, social e econômica do país.

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A militarizada Era Vargas

Se na primeira temporada de Filhos da Pátria os Bulhosa viviam no Brasil de 1822 – uma nação recém-independente e otimista –, na segunda o contexto inclui as tropas de Getúlio Vargas tomando o poder e enchendo o Brasil – novamente – de esperança, com promessas de modernidade diante da estagnação após anos de hegemonia da elite política chamada Café com Leite, na qual mineiros e paulistas se alternavam no poder.

Desta vez, em plena década de 1930, Geraldo Bulhosa faz carreira no funcionalismo público, enquanto sua esposa, Maria Teresa, segue obcecada por fazer parte da alta sociedade. “Minha personagem vai sentir verdadeira loucura pelos militares, pois os acha ‘lindos’. Tanto que sonha com o marido sendo um deles em vez de escriturário. O filho quer ser militar e ela entra para uma liga de donas de casa perfeitas, que são as mulheres dos militares”, revela Fernanda.

Lucélia (Jéssica Ellen), escrava em 1822, ressurge na década de 1930 como empregada dos Bulhosa, em um tempo em que o direito à folga é uma afronta. “A Lucélia se desdobra em três: é empregada doméstica, estuda à noite e ainda faz bolos e quitutes para vender. Vai requerer seus direitos ao perceber que está sendo explorada, e impõe isso ao se dar conta de que aquela família depende muito do trabalho dela”, explica a atriz.

Já Pacheco (Matheus Nachtergaele), agora um funcionário do alto escalão do Palácio do Catete, vai precisar da ajuda de Geraldo para queimar arquivos públicos, apagando a memória oficial do passado.

De escravo a gênio do samba

Domingos (Serjão Loroza) é padrinho de Lucélia e uma espécie de “bacharel do samba” na nova temporada. Operário por décadas, foi uma das vítimas das demissões em massa da época. A partir daí, começou a viver de “bicos” e da venda de sambas de sua autoria, sempre subfaturados.

“Na primeira temporada eu era escravo e cheguei a chorar de ver as cenas que eu, o Flavio Bauraqui e a Jéssica Ellen fazíamos. Lembrava daquilo que a gente não viveu, mas nossos antepassados sentiram na pele. Já na segunda temporada é mais relax. O Domingos é um compositor de samba, numa época em que o samba está começando a ser a música oficial do Brasil. No entanto,
ele vende os próprios sambas para tentar sobreviver e não tem o sucesso e o glamour que o ofício de compositor proporciona”, revela Serjão.

A chegada e a influência do rádio, o impulso da industrialização e a Revolução são as novidades que moldam a sociedade da época e marcam a chegada do século XX, mesmo que com 30 anos de atraso. A nova leva de episódios traz uma crônica cheia de humor e atualidade sobre a construção da sociedade brasileira e seus ciclos repetitivos, que parecem trazer à tona as mesmas questões, apesar do passar do tempo.

“Vamos dar um pulo na história para a década de 1930, quem era escravo vira empregado doméstico, quem era corrupto continua corrupto, quem era dono do dinheiro continua o dono do dinheiro. Começa na hora que o Getúlio Vargas atravessa o país com seu exército e amarra o seu cavalo no obelisco no Rio de Janeiro”, finaliza Fernanda Torres.

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