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Como Pantanal se adaptou ao telespectador brasileiro 30 anos depois

O remake de Bruno Luperi exibe seu último capítulo nesta sexta-feira (7/10), após sete meses no ar

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José Leôncio e Filó
1 de 1 José Leôncio e Filó - Foto: Reprodução

Foram sete meses no ar, recordes de audiência e muito burburinho nas redes sociais. Exibida 32 anos após a versão original, o remake de Pantanal, que exibe seu último capítulo nesta sexta-feira (7/10), marcou a volta do formato tradicional de gravação e exibição de novelas e se transformou em um grande sucesso, como há muito o gênero não via.

Embora fiel ao texto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi, neto do autor, conseguiu fazer com que a trama permanecesse interessante para um público composto – em grande parte – por pessoas que sequer eram nascidas em 1990, quando Cristiana Oliveira encarnou o papel da menina-onça Juma, hoje interpretado por Alanis Guillen.

Na web, muitas pessoas que acompanharam as duas versões elogiaram o trabalho de Luperi. O perfil Pancanal90s, no Twitter, conhecido por exibir diariamente vídeos da primeira e segunda versão, por exemplo, chamou atenção para a adaptação da história de Zaquiel, vivido por Silvero Pereira.

Em 1990, o personagem de João Alberto Pinheiro era caricato, estigmatizava o público gay, e nunca chegou a ser de fato respeitado pelos demais peões. Já no remake, Silvero teve espaço para mostrar as camadas desse personagem e trazer reflexões reais acerca da homofobia. “A história do Zaquiel foi muito bem ajustada para 2022, os erros de 1990 corrigidos e a escolha do Silvero foi certeira”, opinou o perfil.

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Para o pesquisador e crítico de TV Nilson Xavier, autor do Almanaque da Telenovela Brasileira, os acertos da nova versão de Pantanal começam pelo roteiro original. Bruno Luperi tinha uma ótima história em mãos e cumpriu bem o desafio de adaptá-la. “Arrisco dizer que é a melhor história do Benedito”, afirmou em entrevista recente ao Metrópoles.

“Pantanal mexe com a fantasia, com um Brasil mítico, algo que andava afastado da TV brasileira. Também tem o fato da trama se passar no interior do Brasil e mexer com as memórias afetivas do público, depois de um momento muito duro para os brasileiros”, disse o especialista, referindo-se a pandemia de Covid, quando a programação foi invadida por reprises.

O texto original é de 1990, quando a televisão tinha uma outra cara, pensava de outro modo. Mas não só no quesito diversidade de raça e gênero que Bruno Luperi fez uma boa atualização. É preciso salientar que Pantanal foi exibida em uma época na qual a TV a cabo ainda não era popularizada, não havia canais sobre viagens, natureza, etc. Hoje as paisagens não são novidade. Bruno foi esperto em não resumir sua obra à locação, pondera.

Nilson Xavier
“Narrativa arrastada predominou”

Os elogios à adaptação de Bruno Luperi não são unânimes. Para Sérgio Santos, o Zamenza, colunista do TV História, e fundador do blog De Olho nos Detalhes, o jovem autor foi bastante fiel ao roteiro do avô e as alterações foram “mínimas”.

“As únicas relevantes ocorreram na personalidade de Jove, antes machista, às vezes agressivo e muito irônico, e agora progressista e tímido. E a segunda na família de Tenório, que agora teve somente atores negros pela importância da representatividade. Já no restante foi tudo praticamente igual, até na saída de personagens importantes porque em 1990 os atores precisaram sair da obra, vide Madeleine e Trindade”, avalia o especialista.
Para Sérgio, Luperi foi incapaz de escrever novos rumos para os personagens. Ele destaca que o sucesso de Pantanal seria, então, resultado da força da história e dos personagens emblemáticos. “É um clima de fantasia que está presente em muitas séries atuais. Então se Pantanal da Manchete fosse reprisada com as imagens da qualidade da Globo, o êxito seria o mesmo. Não vejo mérito do Luperi nisso e sim na potência do personagens. Até porque o enredo cria uma barriga [período de enrolação onde nada acontece]  há uma perda de interesse pelo meio do caminho”, explica.
“A trama original teve 216 capítulos e o remake teve 167, mas ainda assim a narrativa arrastada predominou por conta da fidelidade ao roteiro e ausência de novos conflitos. Contudo, a força dos personagens permanece e os jovens se identificaram com muitos deles”, analisa Sérgio.
Ele lembra que o Velho do Rio chegou a ser comparado ao Mestre Yoda de Star Wars ou ao Mestre dos Magos de Caverna do Dragão. “A personalidade da Juma, arisca e sem paciência para visitas, também fez muita gente se identificar em um momento que vivemos cada vez mais solitários e apenas nas redes sociais. Enfim, foram pessoas reais, mesmo que envolvidas em um clima lúdico”, completa o colunista.

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