metropoles.com

Vladimir Carvalho encerra 52º Festival de Brasília com novo filme

Hors-concours, o longa Giocondo Dias – Ilustre clandestino, finaliza a rodada de filmes do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

atualizado

Compartilhar notícia

Igo Estrela/ Metrópoles
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (6)
1 de 1 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (6) - Foto: Igo Estrela/ Metrópoles

A vida de Giocondo Gerbase Alves Dias (1913-1987), um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil, tem lances de um filme de ação. Baiano de Salvador, Dias foi um dos participantes da Intentona Comunista na batalha do quartel da Polícia Militar no Rio Grande do Norte. Abatido por tiros, Giocondo ficou entre a vida e a morte. Recuperado, teve de viver na clandestinidade depois que um ato da ditadura Vargas jogou o Partidão na ilegalidade.

Essa experiência teria mudado a visão de mundo do militante como nota o documentarista Vladimir Carvalho, autor do perfil cinematográfico Giocondo Dias – Ilustre Clandestino, longa-metragem que encerra a 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, neste sábado (30/11/2019), no Cine Brasília (107/108 Sul).

Divulgação
O documentarista Vladmir Carvalho estreia a cinebiografia Giocondo Dias – Ilustre clandestino na noite de encerramento do Festival no sábado (30/11/2019), às 19h, no Cine Brasília

“Ele era apenas um cabo do exército foi abatido a tiros, mas sobreviveu. Dessa experiência negativa, parece ter extraído uma lição para a vida política dele”, acredita Carvalho.

No auge da ditadura militar de 1964, Giocondo tentou retirar o amigo de infância, o também baiano Carlos Marighella da luta armada, mas não conseguiu fazê-lo mudar de ideia. “Consta que em uma ocasião os dois conversaram por mais de 10 horas sozinhos”, conta Vladimir. Marighella acabou sendo morto pela repressão em 1969, numa emboscada em São Paulo.

Giocondo dividiu a vida entre a clandestinidade e momentos de intensa atuação política seja na movimentação das ruas, seja atuando dentro do Congresso Nacional. “O perfil dele era um de um democrata à esquerda, como viveu na clandestinidade não tínhamos muitas imagens dele. Fiz um filme com o que as pessoas me contaram, um filme de homenagem”, analisa o cineasta de 84 anos.

 

0

O título se encerra em 1987, já no período de redemocratização, com a morte de Giocondo. Ainda que pareça se fixar no passado do Brasil, a essência da película parece condizente com o período político que estamos atravessando no momento.

“É um filme completamente oportuno. Temos um improvisado presidente da República que só pensa o Brasil pelo viés da violência e que funda um partido com uma bandeira de 60Kg, feita de cápsulas de bala de fuzil. É um painel pesadíssimo, vivermos comandados por uma espécie de autoritarismo total, negando tudo que existe pelo bem da vida democrática”, conclui o documentarista.

Após a exibição de Giocondo Dias se iniciará a cerimônia de premiação do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com entrega dos troféus Candango e prêmios em dinheiro.

52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Neste sábado (29/11/2019), a partir das 19h, no Cine Brasília (107/108 Sul). Exibição do documentário Giocondo Dias – Ilustre Clandestino, de Vladimir Carvalho. Após a sessão, haverá cerimônia de premiação dos longas e curtas vencedores da Mostra Competitiva do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). À venda on-line ou na bilheteria do evento. Não recomendado para menores de 12 anos

Compartilhar notícia