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Maeve Jinkings sobre Carvão: “O absurdo do filme talvez soe familiar”

Em entrevista ao Metrópoles, Maeve Jinkings falou sobre os temas polêmicos abordados no filme que estreia nesta quinta (3/11), nos cinemas

atualizado

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Atriz Maeve Jinkings em cena do filme Carvão, na imagem a personagem Irene segura uma galinha com os pés - Metrópoles
1 de 1 Atriz Maeve Jinkings em cena do filme Carvão, na imagem a personagem Irene segura uma galinha com os pés - Metrópoles - Foto: Divulgação

Depois de passagem bem-sucedida por festivais de cinema no Rio de Janeiro, São Paulo e na Espanha, Carvão finalmente estreou nos cinemas nesta quinta-feira (3/11). Primeiro longa da premiada diretora de curtas Carolina Markowicz, a produção conta com elenco formado pelas atrizes brasilienses Maeve Jinkings e Camila Márdila, e o argentino César Bordón.

Na obra, Irene (Maeve Jinkings) e seu marido, Jairo (Romulo Braga), comandam uma pequena carvoaria no quintal de casa. Os dois vivem com o filho Jean (Jean Costa), e o pai de Irene, um idoso que não sai mais da cama. Em troca de dinheiro, o casal decide esconder um criminoso estrangeiro, interpretado Bordón. A chegada do homem muda a rotina da casa e expõe a fragilidade do aparente conservadorismo de algumas famílias.

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Em entrevista ao Metrópoles, Maeve Jinkings celebrou a chegada do filme no circuito comercial brasileiro. “Acredito que bons filmes tratam de muita coisa ao mesmo tempo, e prefiro não determinar que tipo de experiência as pessoas terão. Pelo contrário, aprendo muito escutando sobre como as pessoas lidam com o que fazemos. São atritos de mundos que, às vezes, criam uma terceira coisa. Mas o que posso dizer é que o absurdo do filme talvez soe familiar (risos)”.

Maeve recebeu o convite para atuar em Carvão em 2016. Na época, a possibilidade de trabalhar um tipo de humor que ela poucas vezes tinha feito no cinema foi o que lhe chamou atenção. Mas foi em 2021, um mês antes de começar a gravar, que a atriz se impressionou com a essência da obra. “Carolina parecia lançar luz sobre a atmosfera que temos vivido nos últimos anos. O roteiro havia amadurecido muito e eu sentia que aquele absurdo era mais do que nunca sobre nós”, completou.

Jean Costa em cena do filme Carvão. O menino aparece atrás de uma grade - Metrópoles
O ator mirim Jean Costa em cena do filme Carvão. No longa, ele dá vida a personagem homônimo, filho do casal interpretado por Maeve Jinkings e Romulo Braga

Carolina Markowicz aborda diversas temáticas que, ainda em 2022, geram debates acalorados. Em alguns deles, como a homofobia, a diretora coloca uma lente de aumento. Outros ganham passagens rápidas, mas igualmente marcantes.  É o caso da pedofilia – crime muito debatido durante as Eleições 2022, após Jair Bolsonaro (PL) afirmar que havia “pintado um clima” entre ele e uma jovem de 13 anos.

Para Maeve, a maneira como o assunto é colocado na telona pode levar os espectadores a refletirem que esse perigo, muitas vezes, está dentro de casa.

“O discurso reacionário costuma enxergar o mal fora de si e do núcleo familiar, ignorando a convivência mais intima, desprezando as estatísticas que apontam: o perigo está majoritariamente dentro da própria família ou de pessoas que tem acesso facilitado as crianças. Acho que o filme estava absorvendo essa lógica, esse zeitgeist.”

Inspirado no Brasil atual

Carvão foi rodado em Joanópolis, interior de São Paulo, uma cidade próxima à qual a diretora cresceu, e ela confessa conhecer bem esse ambiente rural e retrógrado. “Lá, vivenciei tudo o que uma pequena cidade conservadora pode oferecer: pessoas cuidando da vida umas das outras, famílias unidas pelo fato de que “a família deve ficar unida”, casamentos onde os casais quase se odiavam (mas como é vergonhoso ser solteiro, vamos manter o status quo!). E claro: você pode ser um assassino, mas por favor não seja gay”, afirma Carolina Markowicz.

Carvão é um retrato ácido de um Brasil onde impera a naturalização do absurdo. “Ouvimos nosso presidente dizer que preferiria ter um filho morto a um filho gay. Ouvimos o executivo da maior seguradora de saúde dizer que foram orientados por seus CEOs a deixar as pessoas morrerem durante a pandemia porque ‘morte é alta hospitalar’”, conclui a cineasta.

Assista ao trailer:

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