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Crítica: Shang-Chi é uma aventura divertida e visualmente impressionante

Longa introduz mestre do kung-fu criado nas HQs nos anos 1970 ao universo dos Vingadores; leia crítica

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SHANG-CHI AND THE LEGEND OF THE TEN RINGS
1 de 1 SHANG-CHI AND THE LEGEND OF THE TEN RINGS - Foto: null

Em uma narrativa cada vez mais voltada para multiversos e linhas do tempo paralelas, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, longa da Marvel que estreia em 2 de setembro no Brasil, traz uma sensação familiar a quem acompanha os filmes da Casa das Ideias: a apresentação de um novo super-herói dos quadrinhos aos cinemas que, a exemplo de Pantera Negra, traz consigo uma expectativa de representatividade étnica.

Primeira história de origem da Marvel após encerrar a saga de Thanos em Vingadores: Ultimato, Shang-Chi consegue cumprir o que propõe. Criado nos anos 1970 para surfar no sucesso de Bruce Lee e dos filmes de ação chineses nos EUA, Shang-Chi é repaginado nos cinemas, em um filme cuja principal preocupação é trazer de forma respeitosa a cultura oriental, das lendas antigas ao seu lado mais pop.

Aqui, impressiona como a Marvel faz concessões em prol da representatividade. Boa parte do filme, especialmente em flashbacks e cenas históricas, tem diálogos em chinês, uma manobra ousada para um blockbuster voltado a um público avesso a legendas como o estadunidense. Aqui, o estúdio tenta equilibrar o potencial financeiro de seu longa em Hollywood e no lucrativo mercado cinematográfico chinês, que foi apontado como um dos principais motivos pelos quais Shang-Chi ganhou adaptação nas telonas.

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Wuxia

Tal qual sua origem nos quadrinhos, Shang-Chi (Simu Liu) é treinado desde criança por seu pai para se tornar um assassino implacável, mas foge do isolamento na China para recomeçar a vida nos Estados Unidos. O pai, por sua vez, é o Mandarim (Tony Leung), um dos vilões orientais mais famosos da Marvel – e que foi retratado como uma pegadinha em Homem de Ferro 3 – que, aqui, é portador dos Dez Anéis, artefatos místicos que lhe conferem poderes sobre-humanos.

A origem de Shang-Chi é intercalada com as lendas dos Dez Anéis, no melhor estilo do wuxia, gênero cinematográfico chinês que une coreografias espetaculares com universos de fantasia. Sendo assim, o longa da Marvel junta, de uma tacada só, dois dos grandes momentos de influência chinesa em Hollywood: os filmes de artes marciais de Bruce Lee e as histórias fantásticas chinesas popularizadas nos EUA com O Tigre e o Dragão.

Dos longas de ação orientais, vem a qualidade das cenas de luta, que são o destaque do filme. Por ser um dos heróis da Marvel mais focado em artes marciais, Shang-Chi trazia em sua estreia nos cinemas uma expectativa de que os combates se apoiassem menos em efeitos práticos/especiais para focar mais na coreografia. Nesse ponto, Shang-Chi entra no pódio das melhores coreografias de filmes da Marvel, especialmente nos dois primeiros atos, quando a história tem ares mais mundanos.

Eventualmente, a lenda dos Dez Anéis toma mais corpo na narrativa e Shang-Chi se transforma em uma aventura fantástica, e daqui vem a belíssima direção de arte inspirada nos wuxia chineses. A Marvel acaba abusando um pouco mais da computação gráfica, mas ainda tem momentos especiais de coreografia, especialmente quando o herói da história contracena com Jiang Nan, cujo papel é praticamente uma homenagem a Michelle Yeoh e sua participação na popularização do estilo em O Tigre e o Dragão, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2000.

Os maiores problemas de Shang-Chi surgem justamente por conta da necessidade de encaixar este herói em uma trama muito maior do que sua história de origem. Em sua jornada, o Mestre do Kung-Fu reluta em aceitar e abraçar suas origens, e esse processo é concluído de forma precipitada, pois a Marvel quer o personagem atuando ao lado dos Vingadores e outros pesos pesados da casa o mais rápido possível. Não é algo que estraga o filme, mas tira um pouco do brilho tão bem construído pela qualidade da produção e o cuidado da narrativa em seus momentos iniciais.

Sendo assim, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis apresenta de forma bem-sucedida mais um herói da Marvel nas telonas, em um filme que, apesar deste processo apressado, é uma aventura divertida e visualmente impressionante dentro do celebrado universo cinematográfico da Casa das Ideias.

Avaliação: Bom

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