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Trickster: PCDF apura se contrato com GDF serviu para lavar dinheiro

Responsável por serviços de transporte escolar pode ter usado licitação para “limpar” recursos desviados em fraude na bilhetagem eletrônica

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
corf, dftrans, pedro jorge brasil
1 de 1 corf, dftrans, pedro jorge brasil - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Polícia Civil (PCDF) apura se as cooperativas e companhias de ônibus ligadas ao empresário Ronaldo Oliveira foram usadas para lavar dinheiro da organização criminosa envolvida com a fraude no Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). As irregularidades são investigadas na Operação Trickster: o esquema pode ter desviado R$ 1 bilhão do Sistema de Bilhetagem Automática (SBA).

Oliveira, um dos 34 presos na ação, comanda cooperativas e empresas que juntas possuem sete contratos com o Governo do Distrito Federal (GDF) para o transporte escolar em diferentes regiões administrativas da capital. Somados, apenas quatro deles alcançam a cifra de R$ 36.051.890,36. Todos estão sob suspeita.

Os investigadores da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Propriedade Imaterial e Fraudes (Corf) trabalham para identificar o caminho percorrido pelo dinheiro desviado com a prática criminosa e a forma como ele era “lavado”.

As primeiras suspeitas recaem sobre as licitações das quais Oliveira participou. As concorrências foram vencidas graças à apresentação de valores bem abaixo dos praticados pelo mercado. Na avaliação de investigadores, os contratos podem ter sido uma forma “discreta” de lavar o dinheiro, já que o principal objetivo do grupo criminoso não seria obter lucro com a prestação de serviços, e sim “limpar” os valores obtidos com o esquema criminoso.

Indiciamento e suspensão
Oliveira foi indiciado por peculato eletrônico – por causa da fraude na bilhetagem –, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Centenas de documentos, pen-drives e computadores apreendidos durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão estão sob análise da Corf. Alguns dos principais objetivos dos policiais são identificar novas modalidades de fraude e reforçar a materialidade das irregularidades já descobertas.

No sábado, o Metrópoles revelou que as pessoas jurídicas ligadas a Oliveira já tinham contratos em vigor totalizando R$ 36 milhões. Três dias depois, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) suspendeu outro certame, vencido pela Cooperbrás, também de Oliveira, mas com valores ainda mais robustos: R$ 60 milhões. A empresa faria o transporte escolar em São Sebastião.

A reportagem tentou entrar em contato com os representantes da Cooperbrás, mas ninguém atendeu as ligações.

Fraude em várias frentes
A ação das empresas de Ronaldo Oliveira é apenas um dos braços investigados na Operação Trickster, a qual culminou na prisão de 34 pessoas envolvidas na fraude bilionária que lesou os cofres do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans).

De acordo com as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), um mesmo cartão de vale-transporte chegou a ser utilizado 60 vezes, em apenas uma linha, em oito segundos.

Confira imagens da operação:

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O sistema do DFTrans tinha algumas inconsistências que possibilitaram as fraudes, as quais incluíam também o passe livre. O grupo, supostamente chefiado pelo auditor da Secretaria de Mobilidade Pedro Jorge Brasil, preso pela segunda vez, teria desviado mais de R$ 1 bilhão do Sistema de Bilhetagem Automática. Boa parte do dinheiro, acreditam os investigadores, foi aplicada no mercado imobiliário.

O esquema funcionava desde 2014, destacou a PCDF, quando o servidor estava lotado no DFTrans. A quadrilha descarregava os créditos de cartões de vale-transporte nos validadores de ônibus, de forma sequencial e em linhas distintas. Tudo era feito com empresas de fachada e trabalhadores fantasmas.

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