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Suspeita de fraude: DFTrans bloqueou 27 mil cartões do vale-transporte

Após repercussão negativa provocada pelo transtorno, órgão disse que vai dar mais 10 dias para que passageiros se expliquem por e-mail

atualizado

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1 de 1 dft - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Depois dos transtornos enfrentados pelos passageiros, o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) informou, em nota, que foram bloqueados 27 mil cartões de vale-transporte nesta segunda-feira (8/4). Segundo o órgão, a decisão foi tomada após constatação de fraude no benefício, que gerou prejuízo de R$ 8,5 milhões somente em janeiro deste ano. Alguns usuários teriam usado o cartão 67 vezes no mesmo dia.

Foi comunicado aos passageiros por e-mail, em fevereiro, que eles deveriam esclarecer a necessidade de utilizar o vale mais de seis vezes a cada 24 horas. No entanto, diz a nota, pouco mais de 250 pessoas teriam respondido à notificação. “Mesmo assim, muitos com explicações insatisfatórias”, disse o órgão.

Depois da repercussão negativa provocada pela confusão, o DFTrans resolveu dar um prazo adicional de 10 dias corridos para a justificativa. Os cartões devem ser desbloqueados ao longo desta segunda.

“O DFTrans ressalta a necessidade de as pessoas que tiveram os cartões bloqueados enviarem e-mail ou se dirigirem ao órgão para justificar a necessidade de usar o cartão além da média do DF”, completou.

“Central de corrupção”
A confusão causou reação imediata do governador, Ibaneis Rocha (MDB). Em agenda pela manhã, ele pediu desculpas e compreensão aos passageiros e disse que o sistema de bilhetagem vai passar para o Banco de Brasília (BRB). “Eu vou acabar com o DFTrans. Porque aquilo é um órgão que só tem dado trabalho à população, desrespeito. E é uma central de corrupção”, disparou.

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“Agora, eu peço paciência à sociedade. Peço desculpas. Mas eu recebi um sistema nessa situação. E preciso de algum tempo para solucionar”, emendou. Na avaliação do emedebista, “o DFTrans foi feito para dar errado”. O governador assegurou que o projeto de mudança da bilhetagem para o BRB está avançado. “O sistema é tão confuso que até para fazer a transferência é difícil”, desabafou.

De acordo com Ibaneis, no lugar do DFTrans deve ser criada uma subsecretaria de fiscalização, dentro da pasta da Secretaria de Mobilidade.

A associação que representa os servidores do órgão – a Associação dos Servidores da Carreira Atividades de Transportes Urbanos do Distrito Federal (Assetransp) – disse concordar que é preciso reformular a estrutura da instituição, “mas sem penalizar os cerca de 159 servidores de carreira do DFTrans, que trabalham, incansavelmente, para prestar um serviço melhor à população. Mas que sofrem com um processo de esvaziamento e desvalorização históricos”.

Confusão na Rodoviária do Plano Piloto
A confusão começou logo cedo. Mesmo com saldo, as catracas dos ônibus não liberavam a passagem. O bloqueio causou revolta dos usuários na Rodoviária do Plano Piloto. Às 10h, a Polícia Militar estimou 200 pessoas na fila do DFTrans, que cobraram explicações do órgão. A corporação foi chamada, mas não houve confronto.

A auxiliar de limpeza Marizete Ferreira, por exemplo, ficou aguardando desde as 7h no DFTrans do terminal. “Chegamos aqui e eles pediram para enviar um e-mail, como se a gente que tivesse que dar satisfação. Não vamos aceitar isso”, ressaltou.

Lúcia Tânia, 53, disse ter se sentido humilhada. “Somos trabalhadores, mas tratam a gente como cachorro e chamam até a polícia”, assinalou. Na hora de pegar um ônibus para Taguatinga, ela afirma que foi obrigada pelo cobrador a descer do coletivo devido à mensagem de saldo insuficiente.

Entre os passageiros que protestavam estava o pesquisador Juvenal Lourenço, 50. Ele disse que conseguiu pegar o primeiro ônibus do Gama para o Plano Piloto na manhã desta segunda (8/4). Inicialmente, apareceu a mensagem de cartão bloqueado, mas Juvenal apresentou o comprovante de saldo que permitiu seu embarque. Na Rodoviária do Plano Piloto, entretanto, disse que o motorista não permitiu que ele entrasse, mesmo com o papel em mãos.

A fiscal Luciene Souza, 30, disse que na sexta-feira (5) tinha R$ 343 no vale-transporte. Às 6h desta segunda, porém, foi surpreendida com a mensagem de saldo insuficiente. Ela conta que chegou a pensar que alguém tinha usado seu cartão. “Não consegui ir ao trabalho. E quero saber como voltar para casa. Quem não tem dinheiro tem que se virar”, disse.

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