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Sete mil crianças e adolescentes aguardam consulta oftalmológica no DF

Segundo a Defensoria Pública, há pequenos que aguardam consulta desde 2014. Justiça determinou que a Secretaria de Saúde resolva o problema

atualizado

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crianca faz exame de vista com oftalmologista
1 de 1 crianca faz exame de vista com oftalmologista - Foto: Getty Images

Com problemas variados nos olhos, crianças e adolescentes de até 15 anos encaram uma fila com 7. 979 pedidos para consulta oftalmológica pediátrica na rede pública de saúde do Distrito Federal. Eles aguardam desde exames rotineiros para correção visual, por meio de adoção de óculos, até cirurgias complexas para evitar que fiquem cegos.

Há solicitações sem resposta desde 2014: uma espera de seis anos por atendimento. Para garantir o acesso a tratamentos que podem preservar a visão dos pequenos, famílias recorrem à Defensoria Pública do DF.

Segundo a instituição, até 2019, pacientes pediátricos com classificação de emergência (vermelha) esperavam, em média, 4 meses pela consulta. Crianças e adolescentes em situação de urgência (amarela) aguardavam mais de 2 anos.

Ao fim do ano passado, somando casos pediátricos e adultos, a fila para exames na rede pública tinha mais de 27 mil pedidos sem resposta. Ainda conforme a Defensoria Pública, a partir de 2020 a Secretaria de Saúde passou a não informar todos os detalhes sobre a fila da oftalmologia pediátrica.

Por isso, a Defensoria Pública do DF ajuizou ação civil pública cobrando a solução do problema em março deste ano. Em 21 julho, o magistrado Renato Rodovalho Scussel, da Vara da Infância e da Juventude, julgou o pedido procedente.

Segundo a liminar, a Secretaria de Saúde deve apresentar um plano plano governamental para solucionar o déficit mensal de atendimentos e a demanda reprimida por consultas, “apontando concretamente e dentro dos parâmetros administrativos e orçamentários medidas viáveis de implementação para solucionar o objeto da presente lide.”

Foi determinado ainda que a pasta apresente dados atualizados do quadro de atendimento de pacientes de até 15 anos, bem como da demanda reprimida.

Veja a íntegra da decisão:

Fila das consultas oftalmológicas de crianças e adolescentes by Metropoles on Scribd

Avaliação médica

Na avaliação do vice-presidente regional da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) e membro do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), Alípio de Sousa Neto, a consulta é importante para a correção de possíveis problemas de crianças, adolescentes e adultos. Para ele, é difícil mensurar os problemas causados pela demora no atendimento, pois não existem informações detalhadas sobre essa amostra da população. Contudo, ele adverte: mesmo em crianças sem sintomas, o exame é necessário como medida de prevenção.

“Mas não adianta somente o exame, não adianta a receita sem que haja a confecção dos óculos”, pontuou, pois “algumas doenças de vista demandam avaliação e tratamento rápidos”.

O médico cita como exemplos o caso de crianças pequenas diagnosticadas com tumores intraoculares, também chamados de retinoblastomas, que precisam de atendimento urgente. “Sem respostas rápidas, meninos e meninos com estrabismo podem perder a visão de um olho definitivamente por falta de uso, desenvolvendo ambliopia. Também é necessário tratamento acelerado para casos de glaucoma e catarata congênitos”, enumera.

Outro lado

Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde não informou se irá acatar ou recorrer da liminar.

Segundo a pasta, o atendimento oftalmológico de crianças e adolescentes está concentrado nos hospitais Materno Infantil de Brasília (Hmib), Regional do Guará (HRGu) e Regional da Asa Norte (Hran). Contudo, devido à pandemia do novo coronavírus, o ambulatório do Hran está fechado, pois os médicos foram direcionados para os hospitais de Base e Regional de Taguatinga (HRT).

“Para concentrar esforços nos atendimentos de urgência e emergência em toda a rede pública de saúde do Distrito Federal, foi prorrogada, até 9 de agosto, a suspensão das cirurgias eletivas“, concluiu a pasta.

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