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Sete dias depois de morrer na fila do Cras, Janaína é enterrada no DF

Devido a entraves no IML, o corpo só foi liberado nessa terça (23/8). Janaína estava há oito dias à espera de atendimento no Cras

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Janaína Araújo, mulher morta na fila do Cras, no Paranoá - Metrópoles
1 de 1 Janaína Araújo, mulher morta na fila do Cras, no Paranoá - Metrópoles - Foto: Reprodução

Morta à espera por atendimento na fila do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), no Paranoá, na madrugada do último 17, o corpo de Janaína Nunes Araújo, 44 anos, foi enterrado no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, nesta quarta-feira (24/8).

Devido a entraves no Instituto Médico Legal (IML), a companheira da vítima, Iomar Torres, 61, única familiar em Brasília, não havia conseguido liberar o corpo antes por não ter formalizado a união estável, apesar de estarem juntas há 10 anos. Ela precisou acionar a Defensoria Pública, que conseguiu a liberação na terça-feira (23/8).

“Sentindo um vazio imenso. Ela deixou sua simplicidade, humildade, companheirismo em todos os momento e todas as horas. Era uma pela outra sempre”, disse Iomar. “O que me consola é saber que um dia eu vou encontrá-la novamente”.

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Janaína estava há oito dias à espera de atendimento no Cras. “Espero que o seu falecimento não seja em vão, que outras não passem pelo o que ela passou e tenham o mesmo fim: de precisar morrer para o sistema mudar. Meu clamor é que façam alguma coisa para que não seja mais preciso passar por essa situação desumana”, completa a companheira.

Memória

Segundo testemunhas, Janaína passou mal de madrugada e foi ao carro, quando todos ouviram um barulho. “Ela começou a passar mal, fez um barulho de ronco, desmaiou e a língua enrolou”, narrou Rita Moreira, que está na fila há 15 dias.

Depois disso, as pessoas acordaram Janaína com álcool, mas a mulher despertou já em uma convulsão. Foi então que a pessoa que acompanhava Janaína tentou ligar para o Samu, mas não conseguiu ajuda. No desespero, as pessoas decidiram levá-la ao hospital, por conta própria.

De acordo com a nota da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes-DF), há registro de um chamado telefônico realizado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) às 4h18. “Mas aos 41 segundos de atendimento, a ligação foi interrompida pelo solicitante. Registra-se que o médico regulador sequer teve oportunidade de ser informado do quadro da paciente”, informou a pasta.

A profissional autônoma Joelma de Farias, 47 anos, conheceu Janaína na fila. “As comadres dela estavam lutando pra conseguir [os benefícios sociais], porque ela não tinha condições de estar na fila, nem de passar a noite”, explicou. Segundo Joelma, Janaína tinha muitos problemas de saúde e usava remédios.

“Pra gente não ter que dormir todos os dias, a gente estava indo assinar um papel de presença e só dormia no dia de atendimento. Ontem o Cras obrigou que a gente ficasse presente o tempo todo, falou que era pra ficar lá senão perdia a vaga. A gente perdeu uma vida por conta disso”, lamentou Joelma.

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