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Sem mamógrafo há três anos, Hran deixa de atender 36 mulheres por dia

Em plena campanha do Outubro Rosa, contra o câncer de mama, o aparelho está quebrado dentro de hospital desde 2017

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Hran
1 de 1 Hran - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em meio ao Outubro Rosa, mês da campanha de prevenção ao câncer de mama em todo o país, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência em atendimento no Plano Piloto, está sem mamógrafo. O único equipamento da unidade com capacidade para atendimento, específico para o exame, está quebrado desde 2017.

Se estivesse em operação, o mamógrafo poderia realizar ao menos 36 exames por dia, segundo avaliação de profissionais da rede pública de Saúde do DF. O equipamento em questão foi instalado em 2015 e teria sido adquirido com garantia de apenas um ano e sem contrato de manutenção.

Ao Metrópoles, servidores do Hran disseram que há um segundo equipamento para mamografias na unidade de saúde. Porém, este aparelho é muito antigo e está obsoleto, quebrado, sem chance de recuperação. Existe, inclusive, um processo de retirada da ferramenta da unidade, mas, por conta da burocracia, ainda não foi concluído.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago Sáchez, problemas nos aparelhos de mamografia da rede pública local são frequentes. “Todo e qualquer aparelho sem funcionar faz falta. No caso do câncer de mama, o diagnóstico precoce é o ponto-chave para a cura, principalmente para as pacientes assintomáticas”, alertou Sáchez.

Na avaliação do presidente do CRM-DF, a campanha do Outubro Rosa e o trabalho da rede pública são fundamentais. E são as únicas opções de acesso ao tratamento para famílias carentes e vulneráveis socialmente.

Covid-19

Durante a pandemia do novo coronavírus, 62% das mulheres adiaram os cuidados contra o câncer de mama no Brasil. A demanda represada é motivo de preocupação para o Ministério da Saúde. Quando a vacina para a Covid-19 for, de fato, encontrada, a tendência é que haja uma corrida do público feminino interessado em fazer exames de mama, e a rede tende a ficar sobrecarregada.

 

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Outubro pálido

Para a presidente do Sindicato dos Funcionários em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, a assistência aos pacientes é uma obrigação do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não podemos concordar que, em plena campanha nacional de enfrentamento e combate ao câncer de mama, exista um mamógrafo quebrado na rede pública. E, pior, quebrado desde 2017. É revoltante”, disparou Rodrigues.

“O outubro não está cor-de-rosa. Está pálido”, lamentou a representante dos servidores. Na avaliação da sindicalista, o SUS precisa de investimentos e manutenção para gerar resultados concretos e não teóricos para a população.

Apuração

O Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico) pretende apurar o caso do mamógrafo do Hran. Segundo o presidente do órgão, Gutemberg Fialho, a fila da mamografia é uma da mais importantes do DF.

“Isso mostra a falta de compromisso com o SUS. O DF enfrenta uma demanda histórica por mamografias e o aparelho está quebrado desde 2017. O diagnóstico precoce garante 100% de cura”, pontuou.

Outro lado

De acordo com a direção do Hran, o conserto do mamógrafo foi solicitado. “O equipamento entrará em funcionamento nos próximos dias”, prometeu, em nota enviada ao Metrópoles.

Pelas contas da Secretaria de Saúde, o equipamento atenderá a uma demanda de 900 exames mensais. Atualmente, a pasta possui 11 mamógrafos no Distrito Federal.

Atualmente, as pacientes que precisam fazer o exame são orientadas a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa. Na sequência, os pacientes serão incluídos na Central de Regulação para fazer o procedimento, quando chegarem a sua vez na fila.

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