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PCDF prende quadrilha que aplicava golpe do cartão em idosos

O grupo investigado por cerca de cinco meses teria sacado R$ 500 mil de contas das vítimas

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
policia civil
1 de 1 policia civil - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Polícia Civil do Distrito Federal faz operação na manhã desta quinta-feira (1º/3) para desarticular um grupo que aplicava golpes em idosos. A máfia investigada por cerca de cinco meses teria sacado R$ 500 mil das contas das vítimas. São cumpridos mandados de prisão, busca, apreensão e condução coercitiva.

Em 2017, o Metrópoles publicou uma série de matérias alertando sobre o golpe. Em maio, a reportagem conversou com quatro vítimas que tiveram prejuízo total superior a R$ 33 mil, apenas em abril do mesmo ano. Em uma das ocorrências, os estelionatários gastaram R$ 18 mil em lojas da cidade.

A fraude foi feita da mesma maneira nos quatro casos: de posse dos dados pessoais das vítimas, um criminoso entrou em contato e se identificou como funcionário da central de segurança dos cartões. O golpista, então, informou que havia sido identificada uma compra não usual com o cartão do cliente.

Ao dizer que não realizou a compra, a vítima era orientada a seguir instruções de segurança: digitar a senha do cartão no teclado do telefone, cortá-lo sem danificar o chip e escrever uma carta de próprio punho negando a suposta compra.

Os estelionatários asseguravam que o cartão estava cancelado e, portanto, outro seria enviado em breve. Ainda de acordo com informação dos fraudadores, um agente de segurança da operadora passaria na casa da vítima para recolher o envelope com o cartão cortado e a carta escrita manualmente.

Sem desconfiar que estava sendo enganado, o cliente entregava o chip intacto. Dessa forma, os bandidos o instalavam em outro cartão e, então, realizavam compras, serviços, saques e empréstimos.

Ouça a ação de um golpista em uma gravação obtida pela polícia. O bandido, que conversa com uma mulher de Porto Alegre, é muito convincente:

 

“Nem desconfiei”
Uma aposentada de 68 anos, que pediu para não ser identificada, afirmou à reportagem que o suposto funcionário informou todos os seus dados pessoais. “Sabiam o meu nome completo, endereço e CPF. Nem desconfiei de que se tratava de um golpe, porque eles foram convincentes”, lembrou.

A moradora da Asa Norte disse que só se deu conta do crime após verificar um débito de R$ 18 mil na fatura do cartão de crédito.

“Trabalhei 36 anos para ter uma renda e tranquilidade ao me aposentar. Agora, estou no prejuízo. Depois que cancelei o cartão, ainda me ligaram novamente, tentando aplicar o mesmo golpe. Fiquei tão nervosa que estou tomando remédio para ansiedade. Eles sabem onde eu moro, roubaram meu dinheiro”

Vítima da quadrilha

Câmeras de segurança do prédio da aposentada registraram o momento em que um homem foi buscar o envelope com o cartão cortado e o chip na casa da vítima. O falso funcionário chegou por volta das 16h30 e se apresentou como Guilherme Carvalho. Ele estava com um capacete e forneceu até mesmo o número de um protocolo para a cliente.

Veja vídeo do criminoso que, em 12 de abril, se apresentou como Guilherme Carvalho e pegou o cartão de uma vítima. O suspeito está de camiseta branca sentado no banco ao fundo

 

Também em abril do ano passado, ao menos outros três moradores de Brasília caíram no golpe. Uma mulher ficou com dívida de R$ 6,8 mil. Desse total, R$ 6 mil foram gastos em um pet shop. O homem que foi buscar o cartão na casa da vítima também se apresentou como Guilherme Carvalho.

Outra vítima teve prejuízo de R$ 8,9 mil no cartão de crédito após seguir as recomendações dos estelionatários. Uma quarta pessoa enganada perdeu cerca de R$ 1,3 mil, pois percebeu a fraude e conseguiu cancelar o cartão antes que os criminosos fizessem novos gastos.

Todas as pessoas enganadas foram orientadas a escrever uma carta informando que o cartão havia sido clonado e não reconheciam as transações bancárias. Um homem foi até a residência delas e levou os respectivos cartões, cortados, mas com o chip intacto.

Crime organizado
Ainda em 2017, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul fez uma operação para desarticular a quadrilha que aplicava o golpe no país. Batizada de Privilege, a ação mirou os crimes de estelionato e lavagem de dinheiro. Oito envolvidos no esquema fraudulento foram presos durante o cumprimento de 22 mandados judiciais no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Em cinco meses de apuração, foi confirmado que o grupo possuía um núcleo em São Paulo, local de onde eram realizadas as ligações para as vítimas de várias regiões do país. Os integrantes da organização criminosa deslocavam-se de São Paulo a Porto Alegre para realizar compras e saques. Na capital gaúcha, foram identificados e presos o responsável pela logística do golpe na cidade e a pessoa designada a repassar aos bandidos as informações e dados privilegiados das vítimas.

Conexão RS-DF
As fraudes praticadas em Brasília podem ter partido do mesmo grupo, acredita o delegado responsável pela investigação, Hilton Müller. “Quem desenvolveu esse golpe, há dois anos, foi Danilo Vinícius da Silva Rosário, 29 anos. Ele mora em São Paulo e está com prisão preventiva decretada”, afirmou Müller ao Metrópoles. “O perfil das vítimas também é o mesmo em todo o Brasil”, completou.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, Danilo chegava a oferecer uma espécie de franquia criminosa em todo o país, comercializando a tecnologia que desenvolveu. Pelo “produto”, ele cobrava um percentual do valor roubado de cada cliente. Os crimes rendiam altos valores para a quadrilha. Só em Porto Alegre, o lucro estimado do bando ficou cerca de R$ 500 mil, roubados de um total de 29 vítimas.

Os criminosos chegaram a fazer um vídeo debochando dos “clientes”. Confira:

 

Atenção!
As vítimas de estelionato devem entrar em contato com o banco, para que o cartão seja bloqueado e não haja mais danos, além de registrar a ocorrência na Polícia Civil. A notificação pode ser feita em qualquer delegacia, ou na internet.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) destaca que qualquer movimentação realizada depois da clonagem de um cartão de crédito ou cheque é de inteira responsabilidade do banco.
Se o caso não for solucionado, a vítima pode recorrer ao Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) ou entrar com ação no Juizado Especial Cível.

Dicas
•    Não use senhas óbvias, como datas de nascimento de parentes próximos
•    Troque as senhas periodicamente
•    Não confie em mensagens eletrônicas e telefonemas que pedem sua senha. Bancos e operadoras de cartão não solicitam essas informações por e-mail
•    Antes de digitar a senha, verifique se o valor da compra foi digitado na máquina de cartão
•    Confira frequentemente o extrato bancário
•    Não perca o cartão de vista ao fazer compras em lojas físicas
•    Procure buscar o cartão na agência em vez de pedir que seja entregue em casa
•    Verifique se o antivírus do computador está atualizado antes de comprar pela internet. Ele impede a invasão de hackers que podem roubar dados bancários

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