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Acusados de matar motorista de aplicativo tentaram fugir do DF

Três adultos e um adolescente foram encontrados com mochilas nesta quinta (23/01/2020), horas após o assassinato de Maurício Sodré

atualizado

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Maurício Cuquejo Sodré
1 de 1 Maurício Cuquejo Sodré - Foto: Facebook/Reprodução

Os quatro acusados de envolvimento no assassinato do motorista de aplicativo Maurício Cuquejo Sodré (foto em destaque), 29 anos, confessaram o crime. Segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laério Rossetto, os três adultos e o adolescente consumiam bebidas alcoólicas quando decidiram roubar o condutor.

A morte e a prisão ocorreram nesta quinta-feira (23/01/2020), mesmo dia em que profissionais que trabalham nos aplicativos fizeram um protesto. O ato começou com um buzinaço no Eixo Monumental, que seguiu em carreata em direção ao Aeroporto de Brasília.

“Ao interrogar e conversar com os autores, eles relataram que estavam bebendo e queriam levantar mais dinheiro para continuar consumindo bebidas. Eles, então, tiveram a ideia de roubar o motorista. Não tinha a menor necessidade de matarem a vítima. Mataram de pura maldade”, disse Rossetto.

Ainda de acordo com o delegado, os criminosos estavam se preparando para fugir do Distrito Federal. “Pegamos eles com as mochilas prontas para deixar Brasília”, disse.

Durante a confissão, os bandidos afirmaram que a ideia era apenas roubar os pertences e liberar Maurício. “Contudo, eles temiam que o motorista pegasse uma arma de fogo e usasse contra eles. Ocorre que essa afirmação não tem procedência, pois não encontramos nenhum vestígio de arma de fogo”, acrescentou Rossetto.

Segundo o chefe da 2ª DP, os bandidos chamaram a corrida e pediram para que Maurício levasse comida até o local do crime, na Granja do Torto. “Essa seria a isca para poder cometer o crime”. A corrida foi solicitada via aplicativo, e Rossetto disse que o app cooperou com as investigações.

Tentativa de defesa

“Temos indícios que apontam ter havido uma briga entre os suspeitos e o motorista. Ainda não sabemos quem desferiu as facadas, mas os golpes o atingiram na parte de trás da cabeça, no lado direito do pescoço e na face. Havia, ainda, três sinais de defesa com perfurações de lâminas no braço esquerdo e na mão direita da vítima. Isso mostra que ele [Maurício] tentou se defender.”

Após ser esfaqueada, a vítima foi colocada no porta-malas do veículo. “Ele foi colocado ainda com vida na mala. A ideia inicial era desovar o corpo no matagal, mas, segundo contam, como estavam sob efeito de álcool, acabaram entrando com o carro dentro do buraco. Apuramos que eles então decidiram desovar o corpo na vala. Antes, ainda desferiram mais facadas na vítima”, finalizou o delegado.

A Polícia Civil não irá divulgar como chegou até o paradeiro dos suspeitos para não prejudicar investigações futuras. O delegado, contudo, confirmou que os dados cadastrais de um dos suspeitos eram, de fato, do preso: ou seja, não era uma conta falsa criada apenas para cometer o crime.

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Assassinato brutal

O corpo de Maurício foi localizado pela manhã dentro de uma poça d’água na região da Granja do Torto. De acordo com o delegado Laércio Rossetto, as identidades dos suspeitos não serão reveladas pela PCDF por conta da Lei de Abuso de Autoridade, que veda a exposição de presos.

Em entrevista ao Metrópoles, a mãe do motorista de aplicativo disse que ficou sabendo do sumiço por meio da namorada do filho. De acordo com Maria do Socorro Sodré, a moça ligou para a família perguntando se tinham notícias de Maurício, uma vez que o rapaz não havia chegado à casa até as 6h.

Como não tinham notícias, os parentes ligaram imediatamente para a seguradora do carro, recém-adquirido, e acionaram o aplicativo para saber da localização de Maurício. O corpo do rapaz, que era hemofílico e tinha um problema na perna, segundo a mãe, foi achado nesta manhã numa região rural.

“A última vez que o vi foi na segunda-feira. Ele sempre vai lá em casa lavar o carro dele. Fiquei sabendo dessa situação pela namorada dele. Era um homem independente, formado em gastronomia. Por que o mataram, meu Deus? Já tinham roubado”, questionou Maria do Socorro, que foi ao local do crime.

Maria do Socorro conta, ainda, que emprestou dinheiro ao filho para adquirir o veículo, que, segundo a mulher, era o “xodó” do rapaz. “Não gostava de ser subordinado a ninguém, por isso não atuava na área. Eu emprestei dinheiro para ele comprar o carro. Ele estava trabalhando há oito meses em um aplicativo. Queria montar uma lanchonete, e agora estou enterrando um filho. Estou anestesiada”, desabafou a mãe da vítima.

Por volta das 13h30, a perícia da Polícia Civil do DF estava na área onde o corpo foi achado. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) esteve na região, aproximadamente às 7h, e localizou o carro de Maurício, um Renault Logan de cor branca.

A vítima levou diversos golpes. Maurício foi achado de bruços dentro de uma poça de água. O veículo dele foi encontrado em outra vala. Havia também duas facas no local do crime.

Há uma câmera de segurança na localidade, porém o equipamento está desligado. Os criminosos deixaram o carro, mas o celular, a carteira e os documentos da vítima não foram achados.

Maurício, conforme relata a mãe, era seletivo com os passageiros que pegava. De acordo com Maria do Socorro, o rapaz já chegou a ir embora de certas corridas por desconfiar das pessoas. “Ele deu uma bobeira, porque sempre selecionava os passageiros que pegava. Ele era medroso demais, ele vacilou”, afirmou a mãe.

Irmão de Maurício, Marcus Sodré, 23, também foi ao local do crime. Ele disse que a relação entre os dois era bem próxima. “Estava cheio de planos, de expectativa, queria até comprar uns livros de economia para entender mais sobre o assunto. Era uma pessoa muito tranquila. Toda segunda ele ia lá em casa para lavar o carro dele. A última vez que o vi foi na terça, quando foi deixar uns documentos lá”, contou o jovem.

Este é o segundo caso de morte de motorista de aplicativo em 2020 no Distrito Federal. No dia 18 de janeiro, o corpo de Aldenys da Silva, também de 29 anos, foi localizado às margens da BR-070, na entrada de Brazlândia. Ele estava desaparecido desde 3 de janeiro.

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