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Pandemia de coronavírus faz despencar doações de órgãos no DF

Pacientes que morreram vítimas de Covid-19 não são considerados aptos para a retirada de córnea, coração e rins, entre outros

atualizado

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Metrópoles/Arquivo
órgãos
1 de 1 órgãos - Foto: Metrópoles/Arquivo

O número de doações de órgãos, tecidos e córneas caiu 24% entre janeiro e maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2019. A queda está diretamente relacionada à pandemia do novo coronavírus, que fez reduzir os transplantes em todo o Distrito Federal.

Dados da Secretaria de Saúde apontam que, entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2020, foram realizadas 22 doações de órgãos como coração, rins e fígado. Trata-se de um a mais do que o computado no mesmo período do ano passado. Por outro lado, a diminuição de transplantes de córnea foi considerável: saiu de 140 para 99 doações.

De acordo com a diretora da Central de Transplantes do DF, Joseane Vasconcellos, esse dado é decorrente dos protocolos adotados para a retirada de tecido da córnea. Segundo a especialista, com as diversas mortes de pacientes com suspeita e a falta de exames de Covid-19 para avaliar todos os potenciais infectados, foi feita uma escolha.

“Se a pessoa falece por uma doença infectocontagiosa, já descartamos a retirada de órgãos. Com a Covid-19, as pessoas podem morrer por outro motivo, mas não podemos descartar a doença”, comentou. “O mais adequado seria fazer o exame em todas as pessoas que morrem para descartar o coronavírus. Como isso ainda não é possível, precisamos considerar o pior cenário”, explicou a especialista.

Informação

A falta de informação também é outro fator para que os números de doadores não sejam altos. Muitas vezes a família do paciente não entende como o processo ocorre ou não sabe se era o desejo do parente ter ou não seus órgãos doados a outras pessoas.

“É importante dizer que os órgãos só são retirados com o consentimento dos familiares. Mesmo que as pessoas tenham colocado em suas redes sociais ou tenham assinado um documento, apenas a autorização dos familiares de primeiro e segundo graus ou cônjuges é que vai validar o procedimento. Por isso, é muito importante que se converse ainda em vida com a família”, aponta a enfermeira.

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Quem pode doar órgãos

Todas as pessoas saudáveis podem doar órgãos e tecidos, mesmo em vida, visto que são organismos que podem ser compartilhados. No entanto, a grande parte das doações acontece em casos de:

  • Morte cerebral: o cérebro deixa de funcionar completamente e, por isso, não há possibilidade de recuperação. A condição acontece por acidentes, quedas ou após um AVC. Neste caso, praticamente todos os órgãos e tecidos saudáveis podem ser doados;
  • Após parada cardíaca: como por infarto ou arritmias. Neste caso, somente podem ser doados tecidos: córnea, vasos, pele, ossos e tendões, pois como a circulação ficou parada, alguns órgãos, como o coração e os rins, podem ter tido o funcionamento prejudicado;
  • Pessoas que faleceram em casa: e se declararam doadoras, podem ter as córneas retiradas até seis horas após a morte. A circulação sanguínea parada pode danificar os outros órgãos, colocando em risco a vida da pessoa que receberia a doação.

Não existe limite de idade para doar órgãos, mas é fundamental que eles estejam funcionando perfeitamente. O estado de saúde do doador é que irá determinar se os órgãos e tecidos poderão ser transplantados ou não.

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