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HUB é referência no tratamento de crianças com glaucoma congênito

Enfermidade é a maior causa de cegueira irreversível no mundo. Segundo a OMS, a cada ano, 2,4 mil pessoas são diagnosticadas com a doença

atualizado

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Criança faz exame nos olhos
1 de 1 Criança faz exame nos olhos - Foto: iStock/Foto ilustrativa

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível em todo o planeta. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, são registrados 2,4 milhões de novos casos. No Distrito Federal, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) é referência no tratamento contra a doença. A unidade oferece atendimento inclusive para crianças recém-nascidas.

Além do HUB, outros dois estabelecimentos de saúde fazem o acolhimento: o Hospital de Base (HBDF) e o Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).

A oftalmologista do CBV Hospital dos Olhos Nubia Vanessa Lima de Faria alerta que, para se evitar o desenvolvimento da enfermidade, o diagnóstico precoce é fundamental. “Essa é uma doença que deve ser tratada o quanto antes, pois causa uma lesão irreversível. Certos pais retardam o tratamento por achar que a criança tem os olhos azuis – quando, na verdade, existe uma patologia”, afirma.

De acordo com Nubia, a criança nasce com a doença, a qual geralmente é diagnosticada no teste do olhinho. Mas não foi como aconteceu com Daniel, de 2 anos. O pai do garoto, o autônomo Robson Silveira de Miranda, 34, contou ao Metrópoles que o problema do filho só foi descoberto aos 4 meses de vida.

“Ele é gêmeo e, logo quando nasceu, vimos que tinha o rosto bem avermelhado. Além disso, achei o olho dele meio opaco, parecia ter uma película. Ele passou pelo teste do olhinho, mas nada foi descoberto. Apesar de ter a mesma idade do irmão, Daniel não se desenvolvia como Davi, e notamos que voltava o olhar para onde havia luz”, relata Miranda.

A vermelhidão do rosto do menino tinha uma explicação. Ele sofre de Sturge-Weber, síndrome rara que afeta os vasos sanguíneos e causa excesso de vascularização. “Ele tem na pele, dentro do olho e no cérebro”, disse o pai. Mas algo ainda preocupava a família: os médicos não conseguiam ver o nervo óptico de Daniel, e novos exames foram solicitados.

O menino foi, então, encaminhado ao HUB quando tinha 4 meses. Na unidade, os médicos descobriram: a pressão do olho dele estava mais alta que o normal. Segundo Robson, o problema foi tratado com uso de colírio, e o filho não precisou ser operado. “A cor do olho dele mudou, a película sumiu, e tudo foi normalizado. Agora, ele se desenvolve no mesmo ritmo do irmão gêmeo. Quando mostramos algo, ele vê e pega”, conta o autônomo.

A importância do atendimento rápido
Caso parecido aconteceu com a pequena Ana Beatriz, de 6 meses. Segundo a mãe da menina, a balconista Vivian Soares Araújo, 33 anos, a criança nasceu com os olhos maiores do que o normal, e os médicos temiam ser caso de glaucoma congênito.

Depois de passar por duas unidades de saúde, Ana Beatriz chegou ao HUB. Na época, ela tinha 3 meses de idade, e a enfermidade foi diagnosticada. “A doença dificulta o escoamento do humor aquoso, líquido que nutre o olho. O líquido é produzido, mas não é drenado. Isso aumenta a pressão do olho. Quando acontece, o nervo morre, e a criança tem um sofrimento irreversível, que leva à cegueira”, explica a oftalmologista Nubia Faria.

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Sintomas e tratamento
Devido à importância de se tratar o glaucoma rapidamente, é preciso ficar atento aos sintomas. “A criança com glaucoma tem fotofobia [aversão à luz], lacrimejamento intenso, e o olho tem um leve tom azulado, causado pelo edema de córnea”, explica a especialista.

Ainda segundo Nubia Faria, o primeiro passo é dado pelo pediatra, logo no nascimento da criança. Mas, se isso não ocorrer, e a suspeita vier depois, então os pais devem levar os filhos a algum pronto-socorro e procurar atendimento com oftalmologista.

A médica ressalta que o tratamento tradicional inclui cirurgia, mas, em casos raros, como o de Daniel, o procedimento não é necessário. Ainda assim, ressalta: “o paciente precisa ser acompanhado pelo resto da vida”.

Transplante
Muitos pacientes acreditam que o transplante de córnea é a solução, mas nem sempre a opção é indicada. “O transplante é feito em casos de alteração corneana. No caso do glaucoma, o nervo morre, por isso é irreversível. Pode ser que algum paciente precise do procedimento, mas isso não é regra”, diz.

Foi o que aconteceu com o aposentado Caudelino Mendes, 77 anos. Ele passou por um transplante de córnea há alguns anos e ainda está em tratamento. “Ele faz acompanhamento de glaucoma e retina no HUB, há cinco anos”, conta a esposa de Caudelino, a empresária Maria Mercedes Moraes Mendes, 64. “Gosto muito do atendimento do hospital. Os médicos são dedicados, atentos e cuidadosos”, destaca.

Encaminhamento
Nos últimos três anos, o HUB realizou 10 cirurgias para tratar o glaucoma congênito, permitindo às crianças tratadas manter a capacidade visual. O hospital informou que, para solicitar agendamento de consulta, é preciso comparecer à unidade e apresentar o encaminhamento da Secretaria de Saúde.

O Hospital Universitário tem ainda um consultório de oftalmologia itinerante. O projeto é uma parceria com os ministérios da Educação e da Saúde, e está atualmente no Hospital da Região Leste (antigo Hospital do Paranoá). A “Carreta da Visão” oferece exame oftalmológico completo, com doação de óculos a crianças, adolescentes e adultos matriculados nas escolas da região.

A unidade disse em nota que pretende ampliar a oferta do tratamento contra glaucoma, realizando mutirões de atendimento ao longo deste ano. O objetivo, segundo a instituição, é promover diagnóstico e tratamento o mais rapidamente possível, para iniciar o acompanhamento desses pacientes no ambulatório de oftalmologia.

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