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Risco de Covid: UnB decide barrar volta gradual das aulas presenciais

Diante do cenário da pandemia, Comitê Gestor do Plano de Contingência da Covid-19 desaconselhou o regresso das atividades presenciais

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
UnB
1 de 1 UnB - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Diante da ameaça de agravamento da pandemia do novo coronavírus, a Universidade de Brasília (UnB) decidiu nesta quinta-feira (1º/7) não antecipar a volta gradual das aulas presenciais para um conjunto de disciplinas.

Em alguns cursos, o distanciamento social, sugerido como medida de prevenção contra a pandemia de Covid-19, dificultou o aprendizado dos universitários. Nestes casos, não foi possível manter as aulas no modelo remoto.

Mesmo assim, a UnB a suspendeu o regresso gradual de atividades presenciais, com limite de 30%, indo para a Etapa 2 do Plano Geral de Retomada da UnB. A mudança iria permitir 30% de aulas presenciais.

A decisão foi tomada em votação durante reunião virtual do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). A manutenção na Etapa da 1 recebeu os votos de 38 conselheiros, enquanto 7 defenderam a ida para a Etapa 2.

Segundo o vice-reitor da UnB e presidente do Cepe, Enrique Huelva, o cenário nacional é instável, inclusive na coordenação das medidas de enfrentamento contra o novo coronavírus.

Para Huelva, a UnB prioriza a leitura do cenário e caso seja necessário poderá regredir nas medidas de flexibilização e retomada das atividades. “A primeira preocupação é a saúde e a vida das pessoas”, destacou.

Realidades distintas

Na avaliação do vice-reitor, a analogia entre o regresso na UnB e a volta das aulas presenciais nas escolas públicas do DF, prevista para 2 de agosto, não se sustenta. Para ele, as realidades dos ambientes são radicalmente diferentes.

Segundo a UnB, até o momento 21% dos servidores da UnB receberam a 1ª dose da vacina. No caso dos terceirizados a cobertura da 1ª aplicação foi de apenas 10%.

Considerando o quadro de professores, demais servidores e voluntários da UnB, o Cepe estima que pelo menos 5.171 profissionais precisam ser vacinados.

Cenário

O presidente do Comitê Gestor do Plano de Contingência da Covid-19 (Coes) da UnB, professor de epidemiologia da Faculdade UnB Ceilândia (FCE) Wildo Navegantes, afirma que o cenário é preocupante pelo risco de novas variantes do vírus no mundo.

“Não só as vacinas, mas várias medidas são necessárias para nos mantermos seguros”, destacou. Surtos estão sendo registrados em locais com ampla cobertura vacinal.

O especialista lembrou que em Israel e Nova York (EUA), mesmo com a vacinação avançada, as autoridades estão avaliando e retomando estratégias de controle não farmacológico, como distanciamento social e uso de máscara e de álcool em gel.

Wildo criticou a redução de testagem para diagnóstico de Covid-19 no DF. Para ele, a proporção de monitoramento é pequena e a cobertura vacinal no DF é baixa.

Vácuo

Nesse contexto, Wildo destacou que a grande maioria da comunidade da UnB, que são os estudantes, não foi vacinada. “Está no vácuo”, resumiu. “Sequer os professores estão com duas doses”, completou.

“Só vacina não resolve. Está muito claro”, alertou. “A recomendação é que nem discutamos a respeito da mudança de presencialidade”, reforçou.

Para o especialista, a comunidade da UnB poderá se dispersar em novos focos da pandemia. Afinal haverá deslocamento, principalmente de jovens. A universidade tem 50 mil pessoas. Deste total, 40 mil são estudantes.

Outro ponto considerado é que a variante Delta, vinda da Índia, poderá dominar a variante Gama (P1), predominante no Brasil. Neste cenário, a taxa de transmissão pode saltar rapidamente, gerando vítimas e pressão na Saúde.

UTI

Conforme estudo, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está começando uma nova curva de alta, acima de 85%. Além disso, o cenário nacional é instável e poderá afetar o DF.

Na avaliação do especialista, a pandemia passará a atingir de maneira mais grave a população mais jovem. “A recomendação do Coes é que a gente evolua para nenhuma presencialidade a mais do que já estamos”, ressaltou.

O Coes destacou que a UnB tem protocolos de segurança sanitária, mas que é necessário “introjetar” a cultura sanitária na comunidade e fazer treinamentos.

“Essa doença ainda está contando a sua história”, pontuou o especialista. Wildo ainda destacou a instabilidade na chegada de vacinas e no cumprimento do próprio Plano Nacional de Imunização (PNI).

Cursos prejudicados

Sem atividades de campo, o curso de geologia corre o risco de deixar de formar universitários, já que não é possível substituir as atividades. A ida a campo é necessária legalmente e pedagogicamente, neste caso.

A direção do curso afirmou que planejou uma estratégia segura para 28 alunos que estão na fase final dos estudos. “Obviamente, nossa segunda prioridade é permitir que nossos estudantes se formem”, destacou Huelva.

Em caráter excepcional, a UnB autorizou os alunos do curso a fazer o trabalho de mapeamento geológico final de campo.

Professores destacaram que pesquisas da UnB poderão ser adiadas em mais 12 meses. Segundo a UnB, aproximadamente 30 disciplinas foram suspensas, mas nem todas seriam obrigatórias.

Resolução 117

Para conter a pandemia, a UnB adotou a resolução 117/20, estabelecendo aulas remotas. Em 13 de maio, o Cepe aprovou a manutenção das medidas para o 1º semestre de 2021, previsto para ter início em 19 de julho.

Diante do cenário da pandemia em maio, o Cepe decidiu marcar a análise para votação de uma retomada pontual gradual de atividades para esta quinta-feira (1º/7).

A UnB mantem ações presencias, excepcionalmente, em um número restrito de atividades, a exemplo de pesquisas contra a pandemia e cursos de saúde. A aplicação do último Programa de Avaliação Seriada (PAS) foi presencial.

Do ponto de vista da universidade, o cenário da pandemia não permite o regresso simultâneo de todos os alunos, professores e servidores para as salas de aula, laboratórios e demais instalações acadêmicas.

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