metropoles.com

Profissionais de saúde mobilizados contra a criação do Instituto HBDF

Secretário e diretor da unidade garantiram não se tratar de privatização, mas servidores estão contra mudanças no modelo de gestão

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
audiência pública na CLDF sobre Instituto HBDF
1 de 1 audiência pública na CLDF sobre Instituto HBDF - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Debate acalorado na manhã desta terça-feira (23/3), na Câmara Legislativa do Distrito Federal. O plenário da Casa ficou lotado durante a audiência pública sobre a proposta do Buriti de criação do Instituto Hospital de Base do DF (HBDF). A medida foi antecipada pelo Metrópoles no mês passado. A discussão foi proposta pelo deputado Bispo Renato (PR)

O evento atraiu dezenas de servidores da área, representantes do governo local e de entidades como Associação Médica de Brasília (AMBr); Conselho Regional de Medicina e sindicatos de médicos (SindMédicos), enfermeiros (sindEnfermeiro), de auxiliares e técnicos em enfermagem (Sindate), dos profissionais da saúde (SindSaúde) e dos funcionários da Administração Direta (Sindireta).

Coube ao secretário de Saúde, Humberto Lucena, e ao diretor-geral do HBDF, Júlio César Pereira, explicar o Projeto de Lei nº 1.486/2017, do Executivo. Eles fizeram questão de desmentir se tratar de proposta de privatização do hospital. “É dever do gestor encontrar a melhor ferramenta jurídica e administrativa”, argumentou o secretário.

Lucena foi vaiado pelos funcionários do hospital que acompanhavam a audiência ao dizer que “nenhum direito será retirado” dos profissionais da saúde. O diretor da unidade lembrou que há 56 anos o HBDF é um “gigante que se esforça para funcionar 24 por dia”. Ele considerou que o instituto “pode ser um instrumento para ajudar a melhorar o atendimento”.

Segundo o governo, o projeto, inspirado no modelo da Rede Sarah, manterá a gestão do novo instituto com o GDF, mas lhe dará autonomia para realizar compras, contratos e admissão de servidores, sem a obrigatoriedade de licitar e fazer concurso público para ampliar o pessoal. Para Lucena, a criação do instituto resgatará a unidade de saúde da situação precária em que se encontra, financeira e administrativamente.

0

 

Fonte de financiamento
O governo tem pressa. O próprio governador Rodrigo Rollemberg levou o PL à Câmara Legislativa, no último dia 14. Uma vez vencida toda a tramitação e aprovada a lei, como espera o Buriti, o GDF estima que o instituto assuma em seis meses a administração do Hospital de Base, um complexo que reúne 3,4 mil servidores e tem um orçamento anual de R$ 550 milhões.

Na manhã desta terça, vários servidores estavam com camisetas contra “a terceirização” do Hospital de Base. Uma das principais preocupações dos profissionais de saúde pública do DF é com a possível diferenciação entre os profissionais concursados que permanecerem no HBDF após a mudança do modelo de gestão e aqueles que serão contratados, sem seleção pública, para prestar serviço ao novo instituto.

Segundo o presidente da AMBr, Luciano Carvalho, a proposta do Executivo impacta diretamente na vida dos profissionais ativos e inativos da saúde pública. Para ele, as comparações entre o HBDF e o Hospital Sarah, que tem autonomia e é tido como referência nacional, podem não ser tão certeiras.

Se o GDF já conseguiu a mesma fonte financeira do Sarah para o Hospital de Base, parabéns. Se não conseguiu, esse projeto é um risco

Luciano Carvalho, presidente da AMBr

Opinião compartilhada pela presidente da Associação dos Auditores do TCU, Lucieni Pereira. Ela lembrou que o Sarah tem um orçamento anual de quase R$ 1 bilhão, atende 174 mil consultas anuais e realiza 6 mil cirurgias, enquanto o Hospital de Base trabalha com um orçamento de R$ 550 milhões, realiza 376 mil consultas e quase dez mil cirurgias anuais. “A comparação é falaciosa”, concluiu.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, também questiona o projeto. “O governo diz que não vai mais implantar as OSs nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), mas vem, de forma rasteira, e quer privatizar o Hospital de Base”, acusa. “Trata-se de uma agressão ao servidor. Não existe essa opção de trabalhar em outro lugar, pois a maioria está lá há muitos anos”, acrescenta.

Os distritais Wellington Luiz (PMDB), Celina Leão (PPS) e Raimundo Ribeiro (PSDB) também se manifestaram contra a proposta do Executivo. “Quando o serviço é privatizado e o recurso falta, a empresa lacra a porta”, afirmou Celina. “Sou a favor do SUS porque a saúde da população não pode ficar refém de empresa privada”, acrescentou. Na avaliação de Raimundo Ribeiro, que é advogado, “o projeto, nos aspectos técnicos e jurídicos, é imprestável”.

Tramitação
A proposta já foi aprovada na terça (21) nas comissões de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) e de Constituição e Justiça (CCJ) da CLDF. “O instituto é um instrumento do modelo gerencial do direito administrativo moderno”, qualificou o distrital Júlio César (PRB), que relatou a proposta na CCJ, dando parecer favorável.

Líder do governo na Câmara, o deputado Rodrigo Delmasso (Podemos), votou favoravelmente ao projeto na CCJ e o defendeu na audiência pública. O distrital sugere a adoção do modelo para toda a rede pública do DF, o que, em suas palavras, irá “desburocratizar, descentralizar e melhorar a saúde pública”.

Único voto contrário na comissão, o deputado Prof. Reginaldo Veras (PDT) alega necessidade de “mais esclarecimentos” sobre a matéria do Executivo. Já na CEOF, a proposta contou com o apoio dos distritais Agaciel Maia (PR), Prof. Israel (PV) e Júlio César (PRB). “Meu relatório é sobre a questão da isenção de tributos. A proposta observa todos os parâmetros e ordenamentos, por isso recomendo a aprovação”, explicou o relator do PL na CEOF, Agaciel Maia.

 

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?