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Presa, mulher confessa que pagou R$ 1,2 mil por cirurgia de filha no Hran

De acordo com depoimento prestado na delegacia, a acusada realizou o pagamento em fevereiro de 2020 e a filha fez a cirurgia

atualizado

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Sônia
1 de 1 Sônia - Foto: null

Presa por intermediar a compra de uma cirurgia no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Sônia Lopes de Sousa (foto principal) confessou que pagou R$ 1,2 mil para a técnica de enfermagem Marlenita do Nascimento Silva, 56 anos, agendar a cirurgia de sua filha. De acordo com o depoimento prestado pela acusada na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), o pagamento foi realizado em fevereiro de 2020 e a filha fez a cirurgia.

Sônia e Marlenita foram presas em flagrante, na quarta-feira (22/9), no âmbito da Operação Evento Ilícito. A ação foi deflagrada após uma mulher de 55 anos procurar a delegacia e informar que  Sônia estava intermediando a negociação com uma funcionária do Hran para agendar a cirurgia de hérnia do irmão da denunciante.

Segundo relatos da vítima, o familiar estava na fila de espera para a realização do procedimento no Hran há cinco anos e nunca foi contemplado. A mulher mencionou o problema a Sônia, que ofereceu uma solução, ao dizer que conhecia uma funcionária do hospital que poderia agilizar o agendamento. A pessoa, contudo, cobraria uma taxa pela marcação da cirurgia.

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Alguns dias depois de a vítima mostrar interesse no agendamento, Sônia mandou mensagens dizendo que sua conhecida teria feito o pedido para a realização dos exames e que a cirurgia ocorreria na sexta-feira (24/9).

Na quarta (22/9), Sônia disse que estava tudo certo e faltava apenas o pagamento para que o procedimento fosse agendado. O valor acertado foi de R$ 1,5 mil. A vítima marcou a entrega do dinheiro e informou o ocorrido à 38ª DP. Os policiais foram até a casa de Sônia e efetuaram a prisão.

Na delegacia, ela colaborou com a investigação: informou o nome de sua comparsa e autorizou o acesso dos policiais ao seu celular. Em superficial análise das conversas do WhatsApp, toda a prática ilícita foi comprovada.

Em seguida, os agentes da 38ª DP foram até o Hran e efetuaram a prisão de Marlenita, que foi encontrada no posto de enfermagem da ala cirúrgica. As autoras foram presas em flagrante pelo crime de corrupção passiva. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 12 anos de prisão.

Evento Ilícito

A operação foi batizada de Evento Ilícito, pois, para disfarçarem a prática criminosa, as duas acusadas, em suas conversas, referiam-se ao agendamento da cirurgia como “evento”.

Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF disse que abriu processo investigativo para apurar a conduta da servidora.

Leia a nota na íntegra:

“A direção do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desconhece a venda de vagas para realização de cirurgias no hospital e repudia qualquer ato ilícito por parte dos servidores. A direção destaca que todas as cirurgias eletivas são reguladas, agendadas pela Central de Regulação, respeitando critérios de prioridade, levando em conta principalmente a gravidade de cada caso. O encaminhamento de pacientes para cirurgias é rigorosamente acompanhado pelo Ministério Público, não sendo possível interferências que permitam privilégios. A direção do Hran afirma que está alinhada com a Polícia e vai colaborar com as investigações. Paralelamente à investigação da Polícia Civil, foi instaurado procedimento investigativo na Controladoria da Secretaria de Saúde. Apuradas as responsabilidades e com a confirmação da prática ilegal, a servidora sofrerá as sanções administrativas previstas em lei, que incluem a demissão. A Secretaria de Saúde ressalta que os serviços prestados na rede pública são totalmente gratuitos. Qualquer cobrança é irregular e deve ser denunciada.”

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