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Prefeituras do Plano Piloto ressurgem e transformam espaços. Veja exemplos

Na SQN 215, o prefeito elaborou um relatório com as ações realizadas em um ano de gestão, mesmo com a pandemia da Covid-19

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
SQN 215
1 de 1 SQN 215 - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Para oferecer melhor qualidade de vida para a população que mora nas quadras residenciais do Plano Piloto — e que, muitas vezes, não contam com o apoio do Poder Público para tomar providências de melhorias nos locais —, prefeituras comunitárias arregaçaram as mangas e buscaram meios para revitalizar os espaços no Distrito Federal.

Um exemplo a ser seguido e que merece destaque é o da Prefeitura da 215 Norte. Há um ano, a quadra não tinha governança, arrecadação nem ações em curso a favor da comunidade. Após esforço comunitário, um grupo de moradores conseguiu recriar o estatuto da prefeitura e elaborou um plano a ser executado.

A quadra teve o CNPJ regularizado, com arrecadação mensal que passou a contar com a adesão de 100% dos blocos residenciais. Vieram serviços de jardinagem semanais, atividades culturais, medidas de segurança comunitária, melhorias na acessibilidade, avanço na sustentabilidade, entre outros.

Relatório

O advogado e prefeito da SQN 215, Rafael Dubeux, 38, é pernambucano e reside na capital da República há 15 anos. Há três, ele se mudou para a quadra. Atuando como gestor do local, Rafael promoveu um relatório para dar exemplos de como simples iniciativas podem transformar a vida da população local.

Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, ele promoveu revitalizações e benfeitorias no espaço ao longo de 2020. “Nós não tínhamos prefeitura desde 2013. A quadra estava abandonada”, conta o advogado.

Segundo Rafael, um grupo se mobilizou e, a princípio, seria realizada uma votação para um mandato interino de seis meses. Depois, Rafael continuou a ocupar o cargo até o início deste dezembro.

“A missão fundamental seria recriar a prefeitura. Eu topei porque gosto desse movimento comunitário e para tentar dar uma contribuição para o entorno direto da região. Foi uma chapa única, e fomos eleitos. Eu e a vice-prefeita, Veridiana Guimarães. O nosso papel principal era levar as demandas da quadra para os órgãos competentes para que o Poder Público pudesse executar as atividades. Além disso, criar a capacidade de arrecadação própria para realizar as tarefas”, conta.

Em 12 meses de trabalho, as execuções foram apresentadas em um relatório com a lista das demandas realizadas após a recriação. Entre elas: arte de grafite na substeção da Companhia Energética de Brasília (CEB), acessibilidade, poda de árvores, operação tapa buracos, pintura do meio-fio, revitalização das lixeiras, instalação e pintura de novos bancos, além de outras intervenções.

“Também levamos uma enxurrada de pedidos e demandas ao GDF  e conseguimos melhorias visíveis. Todo o espaço ficou com um colorido bem legal e alegre. Todas as lixeiras recuperadas foram pintadas em padronização de quatro cores: amarelo, verde, azul e vermelho. Os bancos também foram pintados e deram outro astral para o ambiente”, comemora.

Veja o resumo das ações do relatório:
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Outra benfeitoria conquistada foi o novo projeto de iluminação em LED para toda a quadra. A partir de pedido formulado pela prefeitura, eles conseguiram a destinação de quase R$ 1 milhão em emenda parlamentar no orçamento do GDF para substituir a precária iluminação por um novo sistema em LED, que é ambientalmente melhor e trará muito mais luminosidade e segurança para todas as áreas.

Com o trabalho executado, agora, Rafael voltará à cidade Natal. O sentimento, segundo ele, é de dever cumprido.

“A sensação que eu tenho é de que esse trabalho coletivo é uma corrida de revezamentos. Cada um pega o bastão, leva um pouco à frente e passa para o outro. De volta ao Recife, eu saio com a convicção de que consegui levar o bastão alguns metros para a frente. Esse é um trabalho que nunca se encerra. A missão é jamais deixar o bastão cair nem voltar para trás. Se eu voltar para Brasília, tenho certeza de que a quadra vai continuar sendo bem cuidada e vai estar melhor do que hoje”, prevê.

SQN 210

Outro bom exemplo pode ser encontrado na SQN 210. Segundo a prefeita da quadra, Maria Goreti de Lima, 65, quando o trabalho originalmente atribuído ao Estado não chega de forma satisfatória ao cidadão, a alternativa é colocar a mão na massa.

Ela está desde 2016 à frente da Prefeitura da 210 Norte. No período, houve revitalização de dois bosques, calçadas e acessibilidade, instalação de 23 lixeiras, pintura de equipamentos, reforma do parquinho, disponibilidade de saquinhos de sujeira para pets, estação de ginástica e contêineres para o depósito de vidros. Também por meio de emendas parlamentares, ocorreu a implementação da iluminação em LED.

No total, nove condomínios da quadra aderiram ao programa de arrecadação mensal no valor simbólico de R$ 5, por apartamento, ao mês. “A comunidade sente-se feliz, porque enxerga que o dinheiro está sendo bem empregado. É uma luta diária, mas vale a pena. A quadra, hoje, é maravilhosa. Muito segura e exemplo para Brasília”, celebra Maria Goreti.

Preservação arquitetônica

No Bloco K da 314 Sul, o exemplo é de preservação arquitetônica.

Diferentemente do que ocorreu em outubro desse ano, quando uma reforma no Bloco B da mesma quadra causou polêmica entre os moradores e chegou à Justiça após o projeto prever a retirada dos azulejos originais, projetados por Eduardo Negri, na década de 1970, o prédio é o único da quadra que mantém a originalidade, desde os azulejos até a conservação do jardim.

Na última semana, o bloco ganhou o selo do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU-DF) Arquitetura de Brasília 2020. O objetivo reconhece o valor histórico das edificações não monumentais de Brasília e de seus autores – pouco conhecidos pelo público geral –, bem como divulga as boas práticas de conservação e manutenção predial que preservaram a linguagem arquitetônica do movimento moderno.

O servidor público Marco de Vito, 59, é sindico do Bloco K. Para ele, comemorou o reconhecimento do CAU. “Finalmente, vi que, na luta, eu e a maioria dos vizinhos não estávamos mais sozinhos. Foi também inesperado; por isso, mais apreciado. A SQS 314 era muito particular. Único exemplo em Brasília, todos os blocos mantinham o estilo e o motivo decorativo nos azulejos, mas com cores diferentes. O piso preto transmitia a sensação de que os pilares e o prédio inteiro estivessem levitando. Agora ainda há apenas um prédio vermelho, dois verdes e um azul, o amarelo já sumiu. Por isso, é importante que se preserve o que restou para, pelo menos, dar uma ideia de como era a quadra”, afirmou.

Confira imagens do Bloco K:
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