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PSB-DF analisará denúncia contra José Gomes por coação de funcionários

Candidato a deputado distrital, empresário é alvo de acusações de empregados, que dizem estarem sendo coagidos a votar no patrão

atualizado

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Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles
Ricardo Botelho José Gomes
1 de 1 Ricardo Botelho José Gomes - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

As denúncias contra o empresário e candidato a deputado distrital José Gomes serão analisadas pela Comissão de Ética do PSB-DF. O pedido partiu dos próprios filiados. Agora, a legenda tem prazo de até 60 dias para decidir sobre a adoção de medidas, que podem ir de advertência à expulsão do dono da empresa Real JG Serviços Gerais.

O pedido de análise se baseou em reportagens feitas pelo Metrópoles com denúncias apresentadas a diferentes instâncias da Justiça Eleitoral. De acordo com o presidente regional do PSB-DF, Tiago Coelho, a Comissão de Ética da sigla analisará as informações, ouvirá o filiado e dará seu parecer.

“Nós vamos analisar todas as denúncias. Temos os prazos, mas a decisão pode vir antes disso. Ele terá o amplo direito de defesa, mas acho que vai conseguir disputar as eleições. Só então decidiremos a punição”, disse Coelho.

Para José Gomes, sua candidatura tem incomodado muitas pessoas do próprio PSB. “Eles não pensavam que minha campanha cresceria tanto. Por isso estou incomodando. Vou usar a mesma defesa apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). Todas as denúncias são falsas”, afirma.

Gomes nega que tenha demitido funcionários que se negaram a declarar apoio à candidatura dele. “Não tem uma pessoa que tenha saído da minha empresa sem motivo. A rotatividade sempre foi muito grande, e não é por conta do período eleitoral que não vou demitir maus empregados”, acrescentou o empresário.

Intimidação
As denúncias de coação haviam sido feitas por funcionárias demitidas da empresa depois de se negarem a apoiar o empresário. Reuniões em que trabalhadores foram coagidos a votar no patrão vieram a público em áudios.

Um dos encontros teria ocorrido dentro da sede da empresa de José Gomes, no Núcleo Bandeirante, com funcionários mais antigos, no início de julho. Na gravação, Douglas Laet, primo e braço direito do empresário, afirma ter como fiscalizar quem são os funcionários que votarão ou não no parente.

“Então, só para deixar claro: eu tenho o Título de Eleitor de vocês. Sei a zona eleitoral aonde vão votar, sei quem vai trair e quem não vai trair a Real, o senhor José Gomes. Sei quem vai dar tapinha nas costas e sei quem, no dia, não vai estar [na votação]. Porque se naquela zona 10 têm que votar e só votarem nove, alguém ficou de fora”, afirma Douglas.

Nova ameaça
Em uma segunda gravação, Douglas Laet explica aos funcionários que deputados distritais costumam pedir vagas para acomodar aliados na Real JG. E ressalta que, para contratar os indicados políticos, é necessário demitir pessoas do quadro.

“Para eu contratar alguém deles, tenho de mandar alguém embora. Será que alguém [de vocês] pode sair para eu dar [a vaga]? Se alguém quiser sair, posso trocar com eles. O que eles estão pedindo aqui é o emprego de vocês. O único que deu é o José Gomes. Vocês podem olhar no contracheque de vocês que é a Real JG que paga”, alerta Douglas Laet.

Ouça:

Contratos com o GDF
José Gomes tem orgulho em declarar a todos que tem uma das maiores empresas do Distrito Federal, com mais de 10 mil funcionários. Em apenas quatro contratos, o candidato a uma das 24 vagas de deputado distrital na eleição de 2018 pelo partido do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), aumentou o lucro de R$ 7.835.013,64, em 2013, para R$ 61.096.394,25 em 2017. O crescimento de 779,78% surpreende, uma vez que o período contou com uma das maiores recessões da história recente do país.

TRE-DF
As denúncias contra José Gomes chegaram ao Tribunal Regional Eleitoral. A representação foi feita pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT), candidato à reeleição. O parlamentar reforça as acusações de corte no número de funcionários por interesses políticos e até uma suposta demissão de empregados de municípios do Entorno por não terem Título de Eleitor dentro do Distrito Federal.

Por sua vez, o empresário acusa Vigilante de estar se sentindo ameaçado eleitoralmente e diz ainda que o distrital tem pedido empregos em sua empresa a cabos eleitorais dele.

Legislação eleitoral
Segundo o art. 299 do Código Eleitoral, é considerado crime “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”. A pena prevista para esse crime é de até 4 anos de reclusão e pagamento de cinco a 15 dias-multa.

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