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Pré-candidato à CLDF é acusado de demitir mulheres indicadas por rival

Interlocutores do empresário José Gomes (PSB) teriam coagido trabalhadoras ligadas ao colega de partido e agora adversário Roosevelt Vilela

atualizado

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Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles
Ricardo Botelho José Gomes2
1 de 1 Ricardo Botelho José Gomes2 - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

Funcionárias da empresa Real JG Serviços Gerais foram demitidas, supostamente, por não terem declarado apoio à pré-candidatura a deputado distrital do dono do empreendimento, o empresário José Gomes (PSB). Pelo menos 12 ex-empregadas acusam interlocutores de Gomes de coação, ameaças e demissão por elas terem sido indicadas por outro pré-candidato do mesmo partido, o ex-deputado distrital Roosevelt Vilela.

Gomes (foto em destaque) e Roosevelt mantinham boa relação até recentemente, quando o empresário decidiu disputar cadeira na Câmara Legislativa. Por essa razão, os ânimos se acirraram, uma vez que a pretensão ameaça os planos de Roosevelt voltar à Casa. Antes de o clima azedar, o ex-deputado teria indicado pessoas para trabalhar na empresa do correligionário.

A Real JG tem contratos com órgãos dos governos local e federal, sendo o da Secretaria de Educação do DF um dos maiores da empresa. Segundo a própria direção, a companhia possui cerca de 10 mil funcionários. As demitidas eram lotadas em escolas públicas do Núcleo Bandeirante e do Riacho Fundo I e são todas moradoras da Vila Cauhy.

De origem humilde, elas teriam sido chamadas para alguns encontros. O primeiro teria sido realizado no dia 10 de julho. José Gomes teria se apresentado e falado sobre seu projeto rumo à Câmara Legislativa, e completado que “quem não fosse da família Real não deveria estar ali”.

A frase foi interpretada como uma espécie de aviso, pois a maior parte dos funcionários que estava na sala teria sido indicada por outros políticos, como Roosevelt. Em seguida, Douglas Ferreira Laet, ex-funcionário da Real e primo de José Gomes, teria tomado a palavra, segundo as denunciantes, e repetido as expressões usadas pelo empresário.

Na sexta-feira feira seguinte (13/7), as servidoras foram novamente chamadas para um encontro. Durante a reunião, Douglas teria, novamente, falado sobre os funcionários fazerem “parte da família Real” e, segundo elas, foi ainda mais longe.

“O Douglas disse: ‘Quem indicou vocês não vai manter o seus empregos’. Depois, ele repetiu três vezes a pergunta: ‘Quem vocês vão apoiar?’, e nós éramos obrigadas a falar que seria o José Gomes. Uma das meninas estava passando mal e não conseguiu responder. O Douglas insistiu, até ela responder”, conta Jéssica dos Santos Nascimento, 24 anos.

Comício
As funcionárias relatam que receberam a promessa de uma segunda chance. No mesmo fim de semana, as empregadas foram instruídas a comparecer a uma espécie de comício de pré-campanha, no domingo (15), para José Gomes as verem e “quem sabe, manter seus empregos”, relatou uma das mulheres.

Além da presença no evento, elas deveriam usar camisetas do pré-candidato e postar fotos com ele para divulgar as imagens nas redes sociais.

No mesmo evento, de acordo com as funcionárias, elas foram alertadas que seriam demitidas na segunda-feira (16) e tentaram conseguir respostas de Douglas e de um funcionário do recursos humanos chamado David.

A resposta foi que elas “estavam perguntando demais” e, também, pelo fato de terem sido indicadas por um adversário político de José Gomes. A promessa de demissão foi cumprida na manhã seguinte ao evento.

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Controvérsias
Dentre as demissões na Real JG, outro caso chamou atenção. Gabriele Vitória, 21 anos, também indicada por Roosevelt Vilela, foi a primeira a ser demitida, no dia 13. Segundo a ex-funcionária, depois de muita insistência, a resposta foi que ela “era um produto com defeito”.

“Ele disse que não me daria satisfação e eu gostaria de saber o motivo pelo qual as meninas teriam uma segunda chance e eu não. Ele negou a tal segunda chance e disse que tinha tido uma conversa rápida com elas. Depois falou que a diretora tinha reclamado de mim e disse: ‘A gente oferece um serviço. Se o produto não é bom, a gente descarta’”, conta Gabriele. Ela mostrou um áudio da diretora da escola onde estava lotada contestando a justificativa dada pela empresa.

Briga política
O empresário José Gomes fala a respeito da sua empresa como uma das maiores empregadoras do DF e que “é comum parlamentares pedirem emprego para terceiros”.

Mas ele nega usar o poder econômico para agradar políticos. Em uma das seleções, disse ter contrariado pedidos, por ter oferecido vagas apenas para familiares de outros funcionários.

“Não quero ficar refém de políticos. Agora toda vez que eu demitir pessoas indicadas vão dizer que é retaliação política”, afirma. “O motivo das demissões foi o excesso de contratações”, disse.

O empresário conta ainda que as divergências com seu companheiro de partido, Roosevelt Vilela, são antigas. Os problemas teriam ocorrido pela não assinatura de uma autorização de funcionamento da sede da empresa, que acabou sendo aceita dentro do Palácio do Buriti posteriormente.

Dentro do próprio PSB, ambos foram chamados atenção. De acordo com uma fonte da Executiva socialista, a situação parecia ter sido contornada, por isso não foi partidarizada. “Ambos têm chance de serem eleitos. Não tem por que eles brigarem”, afirmou o membro do PSB.

Roosevelt Vilela nega que tenha pedido favores ao correligionário, mas confirma que mandou currículos. “Apenas enviei os CVs. Não são indicações minhas”, afirmou o ex-deputado.

Acusações negadas
Procurado pelo Metrópoles, Douglas Ferreira Laet negou todas as acusações. De acordo com o agora ex-funcionário da Real JG, os assuntos da empresa não têm ligação com a política. Ele ratifica que as demissões ocorreram por excesso de contratações.

Sobre a participação das funcionárias na festa de José Gomes, Douglas afirma que elas estavam lá para apoiar o pré-candidato por vontade própria, inclusive, usavam camisetas do patrão.

Ao comentar a atuação de Douglas dentro de sua empresa e na campanha, José Gomes é enfático: “Ele não faz nada que não seja autorizado. Ele sabe, as coisas não funcionam assim (sob pressão com os funcionários) e a empresa não tem ligação com a política.”

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