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Coordenação de Ibaneis fecha acordo para pagamento de cabos eleitorais

Militantes receberão os valores devidos até sexta-feira (5/10). Emedebista diz que as pessoas foram usadas pela “política do mal”

atualizado

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JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles
Cabo eleitoral de Ibaneis
1 de 1 Cabo eleitoral de Ibaneis - Foto: JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles

A quatro dias da votação para o primeiro turno, o candidato ao Palácio do Buriti Ibaneis Rocha (MDB) teve de descascar um abacaxi na sua campanha. Enquanto trabalha para se manter na liderança das pesquisas de intenções de voto, ele precisou lidar, nesta quarta-feira (3/10), com a cobrança de falta de pagamento por parte de cabos eleitorais. No início da tarde, a coordenação do buritizável fechou um acordo de pagamento até sexta-feira (5).

Como o Metrópoles mostrou, cerca de 60 cabos eleitorais protestaram na manhã desta quarta na porta do comitê do emedebista. Segundo os apoiadores, o trabalho começou em agosto e nenhum centavo havia sido liberado desde então. Os valores variavam de R$ 1.450 a R$ 2 mil, de acordo com os manifestantes. Membros da coordenação da campanha reconheceram a dívida, mas questionaram as quantias e o tempo de serviço alegado pelos trabalhadores, além da quantidade de pessoas que realmente foram contratadas.

No fim das contas, os dois lados chegaram a um acordo. Os militantes assinaram um contrato com data de 10 de setembro. Eles receberam R$ 900 para o período e vão ganhar mais R$ 551 para custeio de alimentação — R$ 10 pelo almoço e R$ 7 para o lanche. Bete Guilherme, da coordenação, falou que o último pagamento será feito na sexta (5). “Alguns não entendem que o valor é referente ao período trabalhado. Tem gente aqui que já foi pago, mas veio tumultuar”, disse.

Bete explicou que apenas 35 pessoas de Samambaia tinham o direito. “Vamos pagar tudo até sexta”, prometeu. Alaíde Conceição de Souza (foto em destaque), 53 anos, foi uma das militantes a cobrar o pagamento. Ela assinou o contrato e recebeu a remuneração equivalente ao último dia 10. Agora, terá de voltar ao comitê na sexta-feira para buscar o complemento. “Esse dinheiro é importante para mim. Tenho dois filhos adultos e um deles mora comigo. Além disso, estou sem emprego”, revelou.

 JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles
Alaíde Conceição de Souza, 53 anos, recebeu o cheque com o valor devido pela campanha de Ibaneis

Política do mal
Mais cedo, Ibaneis se pronunciou sobre o protesto. O emedebista negou qualquer irregularidade. “Já autorizei meus advogados a entrarem com representações criminais contra essas pessoas que estão sendo usadas por esses candidatos da política do mal”, disse Ibaneis.

Segundo o candidato, todos aqueles que foram contratados receberam “antecipadamente”. “Neste momento, aparece de tudo. Soube que tem gente que está lá a mando de outros para tentar sujar uma campanha que foi feita de forma bastante limpa. Conheço todos os meus coordenadores e mandei que eles apurassem se alguém estava sem receber, e não existe. As pessoas foram pagas por conta bancária ou cheque. Está tudo na prestação de contas do TRE (Tribunal Regional Eleitoral)”, ressaltou o emedebista.

Renato Riella, que trabalha na campanha do candidato, explicou que os pagamentos deveriam ter sido ser feitos pelo partido, o MDB. Porém, por falta de uma assinatura, não tiveram como cumprir o compromisso no prazo correto.

Mais cedo, um dos coordenadores da equipe, Wellington Farias, 35 anos, disse que cerca de 150 pessoas estão tendo que tirar dinheiro do próprio bolso para trabalhar. “Não tem um contrato escrito. Combinamos tudo de boca. Às vezes, têm vans que nos buscam nas paradas de ônibus, mas nem sempre. Também não recebemos vale-transporte”, reclamou.

Stefany de Oliveira disse que foi indicada por uma prima. Ela cursa o 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública e largou os estudos para trabalhar na campanha. “Sou de uma família de baixa renda. Com esse dinheiro, eu ia ajudar a minha mãe, que passa muita dificuldade”, conta. De acordo com a menina, ela iria receber R$ 1.450.

Passou direto
Em vídeos encaminhados ao Metrópoles, os manifestantes aparecem abordando o carro de Ibaneis na saída do debate da TV Globo, na noite dessa terça-feira (2). O emedebista não parou para atender as queixas e foi criticado.

“Disse que não os conhecia. Não tinha como atendê-los aquela hora. Pedi que procurassem o coordenador de campanha. Não ia ficar parado no meio da rua com gente que eu não conheço porque tivemos recentemente um candidato à Presidência esfaqueado”, assinalou Ibaneis, referindo-se ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Assédio
Outra denúncia feita por militantes femininas é o assédio. “Como eles não pagavam nada, pedi ao menos que me dessem o dinheiro do transporte e da alimentação, e o coordenador da nossa cidade disse que só me pagaria se eu saísse com ele. Não aceitei, me senti um lixo. Eu estava trabalhando honestamente e ele veio com essa conversa. Não foi só comigo”, revelou a autônoma Ana Carolina Medeiros, 21 anos, de Samambaia.

Outros cabos eleitorais disseram que algumas mulheres chegaram a sair com ele em troca dos benefícios. “Ele levava cerca de cinco meninas para passar a noite com ele”, contou a decoradora de festas Mayara Oliveira, 28 anos.

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