O secretário de Fazenda escolhido por Ibaneis Rocha (MDB) para assumir a pasta em 2019, André Clemente, afirmou que vai cuidar do orçamento, gerir e remanejar o que for preciso para as contas ficarem sadias. Ele quer organizar a arrecadação e controlar as despesas: “O orçamento do DF é de R$ 42 bilhões, não justifica ter crise”. Durante entrevista concedida ao Metrópoles nesta terça-feira (30/10), Clemente voltou a garantir o pagamento da terceira parcela do reajuste dos servidores, com responsabilidade.
Segundo afirmou à diretora-executiva do Metrópoles, Lilian Tahan, a análise nas contas começam a ser feitas já com a equipe de transição. “Conseguiremos conceder o aumento com corte no custeio, redução do tamanho da máquina, com a criação de novas receitas”, disse.
Na análise prévia já realizada, Clemente disse ter identificado que o DF tem R$ 31 bilhões a serem recebidos de pessoas que estão na dívida ativa. Haverá uma campanha massiva para que isso seja quitado. O secretário ainda ressaltou que “pagar os reajustes dos servidores é questão de segurança jurídica”.
Assista:
Clemente ressaltou ainda que não fará uma gestão de “olhar pelo retrovisor”: “Não seremos um governo de falar de herança maldita”, disse. Segundo ele, o governo vai trabalhar com pessoas experientes e colocar em prática o plano de governo de Ibaneis Rocha.
“O DF tem 3 milhões de habitantes, temos grandes fontes de recurso e a maior renda per capita do país. Agora, vamos brigar pelo crescimento das nossas empresas e aumento da arrecadação”, indicou.
IPTU e IPVA atrasados
Durante esta terça-feira (30), circularam notícias de que Clemente estaria com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em aberto. Clemente explicou que atrasou as contas e as parcelou para sanar as dívidas.
Ele apresentou ao Metrópoles uma certidão de nada consta. “Antes de ser agente político, nós somos cidadãos, todo mundo tem imprevistos. Minha situação está regularizada, em dia, está tudo parcelado. Parcelamento é um instituto previsto em lei”, disse.
Veja o documento:
Clemente disse ainda que vai usar o período de transição para analisar as contas do DF. Ele afirmou que pode haver problemas. “O secretário do atual governo prevê, até dezembro, um déficit de R$ 600 milhões. Déficit é a diferença entre a receita e o que se gastou. Nós acreditamos que é maior, mas vamos analisar.”
Ele afirmou que precisa entender a situação antes de definir o curso de ação. “Se fizéssemos uma fotografia do orçamento do DF hoje, poderíamos dizer que temos um ‘doente na UTI’. O que vamos perceber é qual a gravidade desse doente”, ponderou.
Perfil
O auditor André Clemente foi o primeiro nome anunciado por Ibaneis para compor os quadros do Governo do Distrito Federal. Homem de confiança do governador eleito, Clemente ajudou na elaboração do plano de governo.
Ex-secretário da Fazenda e do Planejamento do DF, Clemente é também auditor da Fazenda há 30 anos. Ele acumula no currículo experiência como secretário de Fazenda nas gestões de José Roberto Arruda (PR), Paulo Octávio (PP) e Rogério Rosso (PSD). Declarou ainda ao Metrópoles ter trabalhado com outros três governadores: Joaquim Roriz, Wilson Lima e Marconi Perillo (PSDB-GO), sempre como servidor de carreira.
Em 2010, ainda no governo de Rosso, assumiu o Planejamento. Entre 2012 e 2014, foi secretário do Entorno por Goiás. Na eleição de 2014, disputou cargo de deputado distrital, mas não se elegeu.