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Perspectiva de 2ª onda atormenta profissionais da Saúde do DF: “Volta ao inferno”

Trabalhadores que lidam diariamente com a Covid-19 relatam preocupação com o aumento de casos, mas dizem estar mais bem preparados agora

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Paciente em maca e profissionais de saúde
1 de 1 Paciente em maca e profissionais de saúde - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Com o recente aumento no número de casos de Covid-19 no Distrito Federal e a segunda onda de contaminação já se iniciando, profissionais da Saúde que estão na linha de frente ao combate da doença passam por sentimentos diferentes. Ao mesmo tempo em que se preocupam com a possível volta de um ambiente de terror dentro dos hospitais, há a certeza de que, agora, já estão mais bem preparados para lidar com o coronavírus.

A enfermeira Thassia Soares, que trabalha na unidade de internação do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, lembra que o sentimento, em julho, era de medo. “Por várias coisas. Medo de ter que cuidar de um dos nossos colegas, de estar em situação igual ou de não conseguir atender todo mundo”, rememora.

Passado o pico da pandemia, Thassia diz que a situação melhorou, mas nunca deixou de existir, como parecem crer muitas pessoas que ainda insistem em não tomar os cuidados contra a doença. “Deu uma amenizada, mas não findou. Eu não sei se as pessoas que estão de fora não sabem o que está acontecendo com a gente, mas a impressão é de que está tudo normal”, lamenta.

Segundo a enfermeira, já é possível perceber um aumento na demanda. Apesar de não trabalhar com os casos mais graves, ela lida, cada vez mais, com pacientes que estão com a doença e precisam de maiores cuidados. “Nossa preocupação é de não conseguir cuidar de todo mundo. Nós sempre estaremos disponíveis, mas cada um tem que fazer o próprio papel, se sensibilizando”, defende.

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No Hospital Anchieta, o coordenador do pronto-socorro Cesar Romero conta que pacientes com sintomas de síndrome respiratória já representam 40% do fluxo total. “É um aumento progressivo, todos os dias e semanas estamos avaliando a situação”, comenta.

Para o coordenador, o novo aumento acaba sendo resultado de um certo alívio que todos sentiram após a curva começar a descer. “Todos sentiram, inclusive os médicos, mas é algo perigoso. Não é porque diminuiu que pode relaxar”, explica.

De acordo com Romero, há um sentimento de que o pior já passou, o que não é verdade. “Não podemos nos acostumar com o vírus. Já vemos pessoas sem máscaras, em aglomerações. A tranquilidade é boa, mas não se pode deixar os cuidados de lado”, argumenta.

Enquanto vê com preocupação uma boa parte dos moradores do DF já voltando às atividades normais, César crê que será mais fácil de lidar com pacientes graves agora do que no início da pandemia. “Equipamentos já não são mais problema, as UTIs já estão melhor equipadas, os protocolos já estão melhor estabelecidos. Isso tudo ajuda um pouco”, avalia.

Já o médico intensivista Marcelo Maia, chefe das unidades de terapia intensiva (UTIs) nos hospitais Santa Luzia e DF Star, comenta que, de fato, houve uma descida da curva nos últimos meses e os leitos puderam ser reduzidos. Na última semana, no entanto, a demanda cresceu assustadoramente. “Estamos observando um aumento nas ocupações. Ainda não é algo igual ao que vimos no meio do ano, mas existe essa procura”, detalha.

Marcelo revela, ainda, a apreensão de se observar muitas pessoas ao mesmo tempo precisando de uma vaga na internação, mas crê, assim como César, que será mais fácil desta vez, por já conhecerem os procedimentos necessários. “Diferente do início, a gente aprendeu a lidar melhor com a doença”, expõe.

O que não pode acontecer, segundo o intensivista, é a população achar que já está tudo bem. “Nada mudou do início de março para cá. Enquanto não tivermos vacina, tudo vai se manter do jeito que está e os cuidados precisam ser os mesmos”, destaca.

Para um médico que atua no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), reviver os meses de auge da pandemia seria aterrorizante. “Seria como voltar ao inferno. A gente torce muito para que os casos parem de subir diariamente.”

Vacinação no DF será dividida em quatro etapas

O Governo do Distrito Federal (GDF) detalhou, nesta sexta-feira (18/12), o Plano Distrital de Vacinação contra a Covid-19. Trabalhadores da Saúde e idosos acima de 75 anos serão os primeiros a serem imunizados. A exemplo do plano nacional, no DF serão quatro etapas, que devem abranger 678.750 pessoas.

Na 2ª fase, pessoas com idade entre 60 e 74 anos receberão a vacina. Pacientes com comorbidades terão acesso às doses na 3ª fase de imunização prevista pelo GDF. No quarto grupo, estão professores e profissionais das forças de segurança e salvamento.

O plano não traz o início da imunização, por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) pediu, em 5 dias, que o GDF apresente informações sobre o cronograma.

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As vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde serão mantidas no Núcleo Rede de Frio, no SIA. As doses serão repassadas às regiões de saúde, que contam com cinco centros de referência de imunológicos especiais e 169 salas de vacina, no total.

A estrutura envolve ainda 7,8 milhões de agulhas e seringas, 150 carros e 1,5 mil funcionários treinados no DF, envolvidos diretamente na campanha. Também podem ser firmadas parcerias com instituições públicas e privadas para aumentar a capacidade de ação da imunização. A exemplo de unidades básicas de saúde (UBSs), policlínicas, hospitais públicos, privados, militares e universitários, entre outros parceiros.

Veja como será a vacinação de acordo com a sua região administrativa:

    • Na região sul, composta por Gama e Santa Maria, haverá 22 salas de vacina para atender 272.959 pessoas.
    • Na região centro-sul, que engloba Estrutural, Guará, Park Way, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Setor de Indústrias e Abastecimento (Sia) e Riacho Fundo I e II, serão disponibilizadas 15 salas de vacina. O público estimado está em 380.797, segundo a Saúde.
    • Na região central, que compreende Asa Sul, Asa Norte, Vila Planalto, Lago Norte, Lago Sul, Varjão, Cruzeiro, Noroeste e Sudoeste/Octogonal, serão 21 salas de vacinação disponibilizadas para um total de 392.698 pacientes previstos.
    • Na região denominada sudoeste, que atenderá 829.672 pessoas de Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Arniqueiras, Recanto das Emas e Samambaia, 24 salas de vacinação serão abertas.
    • No lado oeste do DF, Ceilândia, Sol Nascente, Pôr do Sol e Brazlândia, 19 salas atenderão 507.851 pacientes.
    • Planaltina, Sobradinho I e II e Fercal compõem a região Norte e terão à disposição 37 salas de vacina, para 355.006 moradores.
    • Os habitantes de Paranoá, Itapoã, Jardim Botânico, São Sebastião e Jardins Mangueiral terão 23 salas de vacina. A população estimada na região leste do DF é de 313.563 pessoas, segundo a Secretaria de Saúde do DF.

 

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