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Para humanizar tratamento, médicas fixam perfis de pacientes em leitos

Profissionais do HUB e do Guará anotam características de pacientes intubados com Covid-19, para que a equipe de saúde os conheça

atualizado

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Arquivo pessoal
Papel fixado em leito de UTI
1 de 1 Papel fixado em leito de UTI - Foto: Arquivo pessoal

Profissionais de saúde de hospitais do Distrito Federal têm fixado papéis, em leitos de Covid-19, com anotações das características de pacientes. O objetivo é humanizar o tratamento de quem está intubado e levar um mínimo de conforto às famílias.

A iniciativa começou por Isadora Jochims, 35 anos, reumatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e artista visual. Unindo as duas formações, ela resolveu fazer intervenções artísticas na ala reservada ao tratamento da Covid-19. No plantão desse último fim de semana, a médica teve a ideia de conversar com parentes de pessoas intubadas e anotar alguns gostos dos pacientes, para que sejam lembrados por suas personalidades, enquanto são tratados nos leitos.

“Faço parte da Comissão de Humanização do HUB e tive a ideia de começar com esse prontuário afetivo porque, quando tratamos pacientes graves, não conseguimos conversar com eles, e isso reduz o contato afetivo. A família fica muito angustiada, com poucas informações e não pode fazer visita por causa do isolamento”, conta.

A profissional relata que um dos incentivos que teve para começar com a ação foi o incômodo de ouvir com frequência que os médicos estão passando por um “cenário de guerra”. Para fugir dessa ideia, Isadora resolveu ressaltar, para si, para a equipe e para as famílias de pacientes, a importância de cuidar de vidas.

“Perguntei para as famílias o que eles gostariam de ouvir quando acordassem e, aí, começaram a contar: ‘Ele é torcedor do Palmeiras, gosta de tal música’. Tivemos um retorno muito bom”, completa a reumatologista.

Isadora, então, resolveu deixar a ideia também em um prontuário virtual, para que os médicos dos plantões seguintes pudessem conhecer a iniciativa e, assim, aplicar a ideia. “Espero que viralize mesmo, porque é um ganho muito grande para a família, para o paciente, para os profissionais”, deseja.

Na conta no Instagram, ela fez uma publicação sobre as intervenções artísticas no hospital. Veja:

 

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Uma publicação compartilhada por Isadora Jochims (@isajochims)

Comissão de Humanização do HUB

Em nota, o HUB detalhou que a ação foi implementada na unidade de pronto-socorro do hospital, adaptada para atender exclusivamente aos pacientes com Covid-19. O espaço conta com 40 leitos de enfermaria.

“O ‘prontuário afetivo’ foi idealizado pela médica Isadora Jochims como forma de humanizar o atendimento desses pacientes. Ela faz parte da Comissão de Humanização do HUB, que coordena a ação. O grupo foi criado em 2018 e conta com cerca de 15 profissionais de diversas áreas do hospital. O objetivo da comissão é desenvolver ações de valorização do trabalhador, escuta qualificada e acolhimento de pacientes, baseadas na Política de Humanização do SUS e na Diretriz Ebserh de Humanização”, informa a unidade de saúde.

“A Comissão de Humanização também é responsável pelo Projeto Cuidar, criado no ano passado para acolher e fortalecer a saúde mental dos profissionais do HUB durante a pandemia do novo coronavírus. A iniciativa conta com a participação de psiquiatras, psicólogos, terapeuta ocupacional e profissional de educação física. O projeto oferece os seguintes serviços para os profissionais: atendimento psicológico e psiquiátrico, relaxamento, alongamento, circuito de exercícios, meditação, radiestesia e radiônica, acupuntura e auriculoterapia”, acrescenta.

Ação no Hospital do Guará

Mesmo recente, a ação chamou a atenção de colegas de profissão de Isadora. No Hospital Regional do Guará (HRGu), a enfermeira Domitilia Bonfim de Macedo Mihaliuc, 37, também passou a colocar papéis com perfis dos pacientes nos leitos do box de emergência.

“Começamos hoje (30/3) a implementar as plaquinhas. Além de humanizar o tratamento, também nos ajuda a conhecer esse indivíduo que está em situação crítica”, pontua. “Você cria um vínculo com o paciente que está intubado, sedado”, completa.

“Então, estamos implementando ações em homenagem ao Dia Nacional da Segurança do Paciente, que é em 1º de abril, e uma delas é o prontuário afetivo”, conta Domitilia.

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