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Estrutura precária e assaltos afugentam pedestres das passarelas do DF

Brasilienses pedem ao novo governo urgência na solução dos problemas. Com medo, pessoas preferem enfrentar automóveis e atravessar as vias

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Passagem subterrânea em Brasília
1 de 1 Passagem subterrânea em Brasília - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Os pedestres enfrentam diariamente o dilema de atravessar as pistas largas do DF e correr o risco de serem atropelados ou enfrentar passarelas sujas, com fiações expostas, revestimento descolando do teto, esburacadas, pichadas e com iluminação precária. Isso sem falar na falta de segurança, que aterroriza quem trafega por esses locais.

O Metrópoles foi a 14 passagens de pedestres suspensas e subterrâneas, em regiões como Plano Piloto, Candangolândia, Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), Estrutural, e constatou a precariedade. Uma delas – localizada na Entrequadra 115/116 Norte – precisa de reformas imediatas, conforme relatório recente do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF).

A população espera que o novo governo que assumiu o GDF priorize as obras necessárias para que os equipamentos possam ser utilizados. O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou o programa SOS Distrito Federal, que terá como alvo a solução de problemas emergenciais de infraestrutura, como buracos, mato alto e limpeza. “Quem sabe ele não resolve isso também. É urgente”, diz Maria Amélia, 45 anos.

Ela é testemunha do descaso que vem acontecendo desde 2011 na passarela, segundo o próprio TCDF. Os problemas apontados no relatório vão desde fissuras, descolamento do revestimento, à desagregação do concreto das paredes e do teto. “Ando por aqui com medo de ser atacada ou do teto cair em cima de mim”, diz a doméstica.

Victor Fuzeira/Metrópoles

 

Segundo a auxiliar de serviços gerais Maria Veras, 50, o forte cheiro de urina e lixo acumulado espantam os pedestres das passarelas. “Todas são sujas e fedidas. O cheiro de urina é muito forte. A fossa aberta piora a situação”, explicou.

Assim como Maria Veras, a também auxiliar de serviços gerais Aparecida do Nascimento, 46, usa a passarela da 115/116 Sul. Ela aponta os bueiros entupidos de lixo como outro grave problema. “Quando chove, isso aqui vira um rio”, afirma.

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Insegurança
Mas a insegurança é o que mais tira o sono dos pedestres. Só em novembro deste ano, 2.622 brasilienses foram assaltados nas ruas do DF. No acumulado de 2018, já são 30.465 casos registrados. Porém, o número pode ser ainda maior, pois nem todas as vítimas registram as ocorrências.

Hugo Barreto/Metrópoles
Com medo da onda de assaltos, pedestres se arriscam em meio aos carros

 

Todos os dias, a autônoma Jéssica Sales de Sousa, 35, prefere se arriscar por entre os carros a encarar a passagem da 105/106 Sul. “Aqui não é seguro, é um fato. Além dos assaltos constantes, o local é alvo de tráfico de drogas”, diz.

Há cerca de dois anos, uma mulher de 48 anos foi estuprada na passarela da 105/106 Sul. O suspeito, um motoboy, acabou preso. A empregada doméstica Cleudenice Maria de Sousa, 51, “conta nos dedos as vezes” em que usou a passagem. “Não confio nas pessoas, nem me sinto segura”, explicou.

Morador da 105 Sul, José Henrique Vieira, 51, prefere as passagens subterrâneas. “Aqui é um local visado pelo tráfico, não tem jeito. Falta policiamento. Mas não vou correr na pista e correr o risco de ser atingido por um carro”, ressalta.

Problemas também nos elevados
A “cena assustadora” não sai da cabeça da estudante Erlaene Ramos, 19. A jovem presenciou um assalto na passarela suspensa da Estrutural, próximo à Ceasa, e descreve a ação em detalhes.

Eles [os bandidos] se esconderam atrás das placas de sinalização e, quando passamos perto, nos atacaram. Ainda aproveitaram que estava escuro e não tinha iluminação suficiente

Erlaene Ramos, estudante

Apesar do susto, Erlaene foi poupada pelos bandidos. A irmã, Vanderlaine Ramos, por sua vez, não teve a mesma sorte. “A estudante Gabriela Claudi, 20, também teme pela sua segurança: “Só atravesso correndo. Tenho medo de assalto”, afirma.

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Outro protesto dos usuários das passagens é referente à iluminação do local. Não é difícil encontrar lâmpadas queimadas e cantos sem iluminação. A escuridão afugenta ainda mais pedestres, como Ione Oliveira, 32.

À reportagem, a mulher contou ter presenciado, durante o entardecer, um assalto. “Foi há uma semana. Tudo muito rápido. Não vi se o bandido estava armado, pois saí correndo”, disse ao Metrópoles.

Quem usa as passarelas afirma que esses locais precisam passar por obras de revitalização urgentes. “Estão enferrujadas e abandonadas. Quando a gente anda, a estrutura balança, parece que vai cair”, garante o feirante Manoel Jaime, 58.

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Outro lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF garantiu que a PM faz policiamento motociclístico e a pé em “todas as passarelas subterrâneas do Plano Piloto”. Mas informou que o patrulhamento é planejado de acordo com estudos de análise criminal realizados pela pasta.

No caso das plataformas suspensas, questionada sobre as estruturas precárias, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) informou que realiza reparos a partir de demandas da comunidade, formalizadas pelo número 162.

A Novacap também disse que, em relação às passagens subterrâneas, os locais são limpos semanalmente pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), e segue cronogramas estabelecidos para cada região.

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