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Necroses e infecções: cirurgiã plástica é acusada de mutilar pacientes

Uma das pacientes que pagou por mamoplastia e lipoaspiração sofreu infecção bacteriana, foi internada e precisou receber enxerto de pele

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
Barriga necrosada
1 de 1 Barriga necrosada - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Uma cirurgiã plástica da clínica Lapitat, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por suposta negligência médica, após procedimentos estéticos, como mamoplastia e lipoaspiração malsucedidos.

Ex-pacientes da médica Milena Carvalho dizem que as cirurgias conduzidas por ela, em vez de trazerem bem-estar e satisfação com o próprio corpo, tornaram-se motivo de preocupação e até mesmo risco de morte.

Uma das vítimas ouvida pelo Metrópoles desembolsou R$ 13.256 para fazer uma mamoplastia, com inserção de prótese nos seios. Esse tipo de cirurgia altera ou corrige o formato das mamas.

À PCDF ela contou que, um mês após a cirurgia, a mama direita estava inchada e os pontos se abriram. Ao procurar a médica via WhatsApp, a paciente foi informada que os seios estavam “lindos” e foi orientada a passar rifocina no local, medicamento que usou durante três meses.

Ao perceber que as mamas apresentavam necrose, a mulher procurou outro profissional da área. O médico a informou, por meio de relatório médico, que ela teria desenvolvido sequelas permanentes decorrentes do procedimento estético. Cerca de oito meses depois da cirurgia, a paciente relata que Milena a procurou para aconselhá-la a “fazer uma tatuagem” na região da aréola para “refazer o bico do mamilo”.

Em julho deste ano, outra paciente procurou a médica e acertou a retirada de pele e gordura da barriga. A cirurgia custou cerca de R$ 30 mil, pagos à vista. Advogado da vítima, Jadson Carvalho Lino disse que outros médicos, procurados pela cliente antes de firmar acordo com Milena, exigiram o emagrecimento da paciente antes da realização do procedimento em questão.

Ele ressalta que o parecer da médica foi diferente dos demais profissionais do ramo. Todos haviam recomendado a perda de peso, alegando risco durante a cirurgia.

Ao todo, 12 vítimas criaram um grupo de denúncias contra a médica. As identidades serão preservadas por se tratar de tema sensível. Jadson Carvalho Lino representa quatro mulheres e acionou o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF).

Um segundo advogado representa outra vítima, que acionou o MPDFT, o CRM-DF e deixou relato no Reclame Aqui. Todas as vítimas registraram ocorrência na PCDF, que investiga os casos.

Confira as imagens chocantes do pós-operatório:

7 imagens
Vítima sofreu infecção bacteriana após realizar mamoplastia
A aréola necrosou e a paciente precisou ser internada
Uma das pacientes, após a retirada de pele e gordura da barriga, sofreu infecção por duas bactérias
Ela precisou receber enxerto de pele, mas ainda guarda cicatrizes da operação
Os procedimentos foram realizados pela médica Milena Carvalho
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Vítima sofreu infecção bacteriana após realizar mamoplastia

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A aréola necrosou e a paciente precisou ser internada

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Uma das pacientes, após a retirada de pele e gordura da barriga, sofreu infecção por duas bactérias

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Ela precisou receber enxerto de pele, mas ainda guarda cicatrizes da operação

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Os procedimentos foram realizados pela médica Milena Carvalho

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Mais de 10 vítimas apontam negligência da médica e a denunciaram à Justiça

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Segundo o relato de uma das pacientes, como consta no registro policial, a ferida infeccionou durante o pós-operatório. Preocupada com as deformações que se espalhavam pelo abdômen, ela enviou mensagem à médica, que teria respondido: “Tá normal. Tá lindona”.

A paciente, então, iniciou o tratamento com outro médico, que, ao detectar a gravidade da situação, determinou a internação imediata da paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Luzia. Houve necrose e infecção generalizada por causa das feridas do abdômen.

A mulher precisou passar por duas transfusões de sangue, devido à anemia, e foi submetida a outro procedimento cirúrgico antes de tratar a infecção, ocasionada por duas bactérias. Segundo consta no documento policial, Milena ficou vários dias sem dar qualquer suporte presencial à paciente.

Mais vítimas

Uma blogueira da capital federal que acertou, em janeiro deste ano, a realização de mamoplastia com prótese e lipoaspiração – no total de R$ 23. 850 – também teve resultados desastrosos na cirurgia. O procedimento ocorreu em maio e, a partir daquele mês, a influencer precisou ter um dos seios costurados mais de 30 vezes, pois os pontos reabriam.

Como as feridas não fechavam, a cirurgiã passou outras medicações. No entanto, a cicatriz do outro seio começou a inchar e a dar sinais de que também abriria após o fim do uso dos medicamentos.

Ainda com as feridas abertas, a blogueira procurou outra médica, que diagnosticou a infecção dos seios pela bactéria Staphylococcus aureus. Segundo a Anvisa, as infecções causadas pelo agente são agudas e podem se disseminar para diferentes tecidos e provocar focos metastáticos. Também são comuns em ambientes hospitalares e, geralmente, desenvolvem-se na pele dos contaminados. Em episódios mais graves, podem causar pneumonia, inflamação do miocardio, meningite e osteomielite.

“Minha sorte é que tenho condições de refazer [o procedimento estético]. Mas, querendo ou não, isso causa um trauma na gente”, lamenta.

Outras vítimas relataram perda da visão, sequelas neurológicas, limitações motoras, ardência, cicatrizes, traumas psicológicos, sentem dor e ainda estão com a região sensível ao toque.

Fiscalização

Em agosto deste ano, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) suspendeu, por 6 meses, os direitos e as prerrogativas da médica Milena Carvalho por autopromoção de imagem e uso indevido de propaganda. Procurada, a SBCP disse, em nota, que aguarda o pronunciamento conclusivo dos órgãos oficiais acerca dos fatos, para que possa se manifestar tecnicamente sobre o ocorrido e agir no âmbito de suas funções.

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também foram procurados. O CRM-DF respondeu que foi notificado da denúncia por meio do Ministério Público e está apurando os fatos, mas que as informações estão sob sigilo.

O MPDFT, por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), esclareceu que consta em apuração uma única denúncia, que se encontra em fase de requisição de prontuários. O nome da paciente é mantido em segredo.

O outro lado

Em nota, a médica Milena Carvalho alegou que “segue rígidos protocolos de cuidados e que acompanha seus pacientes antes, durante e depois dos procedimentos”.

“A dra. se coloca à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento, reforça que os fatos narrados são infundados e que não há qualquer comprovação ou condenação contra ela na Justiça por irregularidade em sua conduta como médica.”

Veja a nota na íntegra:

“A dra. Milena Carvalho repudia veementemente as acusações de não ter prestado apoio pós-operatório a qualquer paciente que ela tenha atendido.

A médica afirma que segue rígidos protocolos de cuidados e que acompanha seus pacientes antes, durante e depois dos procedimentos. Mesmos naqueles casos em que os pacientes não cumpriram o necessário protocolo, ela sempre esteve inteiramente à disposição para atender e solucionar qualquer situação que tenha ocorrido.

Somente em 2021, a médica realizou mais de 200 cirurgias com absoluto zelo e profissionalismo.

A grande maioria dos pacientes está totalmente satisfeita com o resultado dos procedimentos.

Importante destacar que a médica é reconhecida, respeitada e referência para importantes publicações na imprensa sobre a temática de especialidade dela, inclusive é fonte em diversas reportagens veicula das pelo portal Metrópoles. 

A médica afirma ter sido procurada por pacientes que de forma insistente tentaram fazer com que fosse realizado um acordo financeiro, mas não aceitou por não ter nada a temer, uma vez que os fatos narrados são inerentes às cirurgias e a Dra Milena prestou, durante todo o processo, atendimento às pacientes que seguiram com ela.

A Dra. se coloca à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento, reforça que os fatos narrados são infundados e que não há qualquer comprovação ou condenação contra ela na justiça por irregularidade em sua conduta como médica.

1 – Todos os pacientes em pós-operatório são acompanhados de forma rigorosa pela médica. Já no pré-operatório todos têm acesso ao celular pessoal da Dra. e podem contatá-la dia ou noite, 7 dias por semana, 24 horas por dia. A médica fica sempre à disposição para as suas pacientes, bem como a sua equipe.

Os retornos pós-operatórios seguem um protocolo rígido e são orientados a serem realizados na sua clínica semanalmente no primeiro mês, após 3 meses, 6 meses e 1 ano, ou em qualquer outro tempo/ocasião se fizer necessário. Nos retornos são procedidas avaliações presenciais, curativos, realizadas fotografias de registro e orientações.

2 – Sobre a paciente a qual a Dra. indicou o tratamento com a micropigmentação areolar, em nenhum momento apresentou infecção bacteriana.

Em toda cirurgia de mamoplastia se tem o risco de necrose total de complexos aréolos papilares e as pacientes assinam termo de consentimento e o mesmo é esclarecido nas consultas pré-operatórias pela médica.

É necessário tempo para que haja o total processo de cicatrização dos tecidos humanos, que pela literatura ocorre após 18 a 24 meses. É importante salientar que a má cicatrização não decorre de negligência, imperícia ou erro médico, mas de resposta do corpo de cada paciente.

Complicações na cicatrização da cirurgia (necrose que leva a perda, no caso em questão, diminuta da aréola direita), não decorrem de erro, mas de fatores externos, alheios à atuação da cirurgiã.

Segundo Arie, no artigo científico http://www.rbcp.org.br/export-pdf/1759/v31n3a06.pdf, dentre as principais complicações observadas da técnica cirúrgica de mamoplastia estão as alterações de sensibilidade do complexo aréolo-papilar, cicatrizes inestéticas e a mastodínia pós-operatória.

Segundo Souza et al.12, no artigo científico http://www.rbcp.org.br/export-pdf/1759/v31n3a06.pdf a cirurgia plástica mamária tem como foco adequação do volume, suspensão e forma da mama, o que foi obtido pela autora.

Tratamentos com medicamentos (vasodilatadores), ozonioterapia, entre outros poderão ser usados num primeiro momento com o intuito de minimizar eventuais danos passíveis de qualquer cirurgia e estes foram indicados desde o pós-operatório imediato pela médica.

Em um período posterior, quando a médica já havia analisado a necrose diminuta na aréola direita, foram indicados curativos especiais com óleo ozonizado com o intuito de acelerar os processos de desbridamento químico (retirada do tecido necrosado) e cicatrização.

Após cicatrizado, existem tratamentos com o intuito de disfarçar os danos e cicatrizes. Algo muito utilizado atualmente na literatura médica é a micropigmentação, que em alguns casos mimetiza de forma incrível deixando a aparência bem natural. Também indicado pela médica.

Os objetivos cirúrgicos nesta paciente foram atingidos:

Correção de ptose e assimetria mamárias avançadas

Mamas bem posicionadas no tórax

Implantes de silicone ok 

Cicatrização nas mamas inerentes ao organismo da paciente e que foge de competência médica

CAPs (complexos aréolos papilares) preservados acima dos sulcos mamários, exceto porção diminuta areolar direita

Foi indicada a micropigmentação areolar como opção para melhoria do contorno areolar direito, o que mostra que houve assistência e orientação, ao contrário do que a paciente acusa de não assistência e negligência nos pós-operatório.

A perda parcial e diminuta foi apenas de uma porção da aréola direita e é um risco inerente ao procedimento realizado, que a paciente estava ciente.

3- Sobre denúncia de uma das pacientes que, após sua internação, em estado grave, na UTI do Hospital Santa Lúcia, a Dra. Milena ficou dias sem aparecer ou dar qualquer suporte presencial para ela, a médica esclarece que essa paciente não foi internada em estado grave. Ela foi internada por uma complicação pós lipoabdominoplastia e na verdade na UTI do Hospital Santa Luzia. Na ocasião, infelizmente houve o falecimento do pai da Dra Milena que se ausentou de Brasília por 3 dias para comparecer ao velório e sepultamento do seu pai.

Mesmo em período emocionalmente difícil, a Dra Milena não deixou de dar suporte por um minuto sequer a esta paciente e sua família bem como toda a sua equipe inclusive com cirurgião plástico assistente que esteve presente cuidando da paciente, fazendo visitas médicas na UTI, avaliando e fazendo os curativos. E a paciente é ciente disto tudo.

Em nenhum momento a Dra Milena afirma que a complicação desta paciente era algo normal ou muito menos fala que ela estava “lindona”. Isso é completamente inverídico.

A Dra Milena sempre deixa claro, desde a primeira consulta pré-operatória, sobre os riscos inerentes a qualquer cirurgia, e a paciente assina termo de consentimento e se mostra ciente dos riscos.

Esta paciente soube que o pai da Dra Milena havia falecido e por isso cirurgião plástico auxiliar da equipe a visitou e acompanhou em sua ausência.

Logo após retornar da viagem, a Dra Milena compareceu TODOS os dias ao Hospital Santa Luzia para avaliar e cuidar da paciente até a sua alta, dando-lhe total a assistência.

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