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“Nunca desisti da minha filha”, diz mãe biológica de Thaissa

Rafaela Victor Santana, ao se apresentar à polícia, afirmou que foi tomada por um “desespero de mãe” ao levar a criança da família adotiva

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Caso-Thaissa-Rafaela-2 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A mãe biológica de Thaissa Ayane Borges Tavares, 8 anos, se apresentou à polícia nesta quinta-feira (31/10/2019) com a menina. Depois de assinar o Termo Circunstanciado de Ocorrência, Rafaela Victor Santana (foto em destaque), 28, falou com a imprensa. “Foi a melhor decisão que tomei na minha vida”, afirmou a mulher. Ela levou a criança da família adotiva na terça-feira (29/10/2019), no Gama. O caso é investigado pela 14ª Delegacia de Polícia.

“Vou lutar por ela. Nunca desisti da minha filha”, frisou Rafaela. Negou que teria “sequestrado” a garota e disse que foi “tomada por um desespero de mãe”. De acordo com a mulher, Thaissa aceitou ir sem reagir.

“Ela simplesmente me olhou profundamente e ficou falando ‘Calma, moça, calma’. Foi como se eu abrisse uma gaiola e um passarinho voasse. Ela vivia uma mentira, um amor forçado com a outra família”, disse Rafaela.

A mãe biológica assinou o termo e responderá o caso em liberdade. Ela foi ouvida pela polícia e, ainda nesta quinta-feira, falará também com o Conselho Tutelar, com quem Thaissa está.

Perguntada sobre por que não procurou a polícia antes, Rafaela disse que foi atrás, mas não conseguiu resultados. “Eu fiz boletins de ocorrência, mandado de busca e apreensão, mas a família adotiva sempre sumia. Eles fugiam. Descobri onde ela estava estudando, por meio da Secretaria de Educação, e fui atrás da minha filha”, declara.

“Foi a coisa mais gostosa do mundo ver ela brincado, feliz com a irmã. Ela me chamou de mãe e sentou no meu colo”, contou Rafaela. A mulher afirma ter convivido com a filha durante todo o tempo e nega que tenha dado a menina para a família Borges.

Procura de 5 anos

A mãe biológica de Thaissa conta que procurava a filha há 5 anos. De acordo com ela, a família que estava atualmente com a criança se aproveitou da boa-fé de Rafaela para pegar a criança. “Eles tentavam afastá-la de mim todo o tempo, estavam esperando só uma oportunidade para levá-la embora. Um dia, ouvi um caminhão de mudança e levaram a Thaissa”, relatou.

De acordo com o advogado da família Borges, Rafael Montenegro, os parentes adotivos ainda não sabem o estado da garota. “O procedimento é o Conselho Tutelar escutar a criança e as partes envolvidas”, explicou. Ele afirma que é possível Thaissa voltar para a família ainda nesta quinta-feira (31/10/2019).

Zilmar Borges Custódio, que teve a guarda provisória da criança deferida no último dia 21 de outubro, filhas, parentes e amigos também aguardavam a chegada de Rafaela. A mãe adotiva preferiu não se pronunciar sobre o caso.

Bruno Dias, delegado da 14ª DP, que cuida do caso, confirma que a criança está com o Conselho Tutelar. O investigador destaca que há um registro de subtração de incapaz relacionado à ocorrência feita em 2015 pela 26ª DP (leia mais abaixo). “Agora, temos que ouvir os depoimentos e encaminhar ao Judiciário”, concluiu o policial.

Boletim de ocorrência

Na quarta-feira (30/10/2019), o advogado de Rafaela, Thiago Caixeta, afirmou que havia um boletim de ocorrência sobre a subtração de incapaz referente à garota, em 2015, na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia). O defensor disse ao Metrópoles que a família adotiva da menina frequentemente mudava de endereço para “fugir” da mãe biológica.

“A família de Zilmar pegou a criança para si e mudou de residência. Elas moravam em Samambaia. Depois, parece que foram para o Recanto das Emas, Valparaíso e, agora, estão no Gama. A Rafaela se aproximava e elas fugiam. Ela estava desde então procurando”, relatou o advogado.

Bruno Dias, delegado responsável pelas apurações, comentou sobre o boletim de ocorrência. Segundo o policial, a influência do documento será maior quando o caso chegar à parte judiciária. “A atuação da polícia pode acabar quando a criança estiver aqui. Mas ainda serão feitas todas as investigações e conclusões do caso”, ressaltou.

Veja BO com registro de subtração de 2015:

Reprodução

 

No entanto, Thayanne Borges, irmã adotiva de Thaissa, afirma que a família morou em Samambaia por 23 anos. Também tinha vizinhos que podem ser chamados como testemunhas.

“Quando ela se mudou, perdemos o contato. Entretanto, em nenhum momento, Rafaela nos disse que queria a criança”, frisou Thayanne. “Só queria saber como ela estava. Em cinco anos, não houve contato, mas todos os parentes tinham o contato para ela procurar”, enfatiza.

O caso

No início da tarde de terça (29/10/2019), no Gama, Thaissa Ayanne Silva Santana seguia para a escola com a irmã mais velha quando, na altura da Quadra 19 da região administrativa, dois homens e uma mulher desceram de um carro e teriam levado a estudante à força.

A pessoa que denunciou o caso aos agentes da 14ª DP reconheceu a mãe biológica da criança, Rafaela Victor Santana, como uma das autoras do suposto crime. Ela teria entregado a filha para a adoção logo após o parto.

A família adotiva conta que conheceu Rafaela quando morava em Samambaia. “Ela era nossa vizinha na época e trabalhava como costureira. Começamos a levar algumas roupas para consertar lá. Quando ela engravidou, contou que não queria a criança, que era uma gravidez indesejada. Ela chegou para a minha mãe e perguntou: ‘A senhora quer?’”, relatou Thayanne, uma das filhas de Zilmar.

A criança nasceu com problemas de saúde, com sopro no coração, e chegou a ficar internada por 17 dias. Além disso, foi diagnosticada com lesão nos rins e intestino perfurado. Após a garotinha passar por cirurgias e anos de recuperação, a família oficializou a adoção de Thaissa e já tem a guarda provisória.

“Quando sentamos para conversar sobre a adoção com a genitora, deixamos claro: não há devolução. Ela concordou e disse que não queria nada com a menina, que nunca iria pegá-la e sabia que estava sendo bem cuidada”, salienta Thayanne. A irmã da vítima comentou que a suspeita chegou a ligar algumas vezes para saber como estava a criança, mas quando se mudou de Samambaia, nunca mais entrou em contato. Na época, Thaissa tinha menos de 2 anos.

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