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Novacap descarta risco de desabamento de viaduto que soltou placas de concreto no DF

Defesa Civil e Bombeiros estiveram no local para fazer a avaliação da estrutura. Alguns veículos quase foram atingidos pelos entulhos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Placas de concreto caem do viaduto de acesso à Ponte Costa e Silva
1 de 1 Placas de concreto caem do viaduto de acesso à Ponte Costa e Silva - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A estrutura do viaduto que dá acesso à Ponte Costa e Silva, de onde despencaram pedaços de concreto na manhã desta quarta-feira (23/9), não corre risco de desabar. A avaliação foi feita pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), após o Corpo de Bombeiros do DF e a Defesa Civil serem chamados para atender uma ocorrência e interditarem a pista.

Circulam nas redes sociais vídeos que mostram as placas de concreto quebradas no chão. Alheios à situação, muitos condutores passam por cima dos restos da estrutura, que havia caído minutos antes. Outras filmagens, feitas no local pela equipe do Metrópoles, mostram os militares avaliando a estrutura, que não corre risco de ceder.

Por meio de nota, a Novacap disse que os danos foram provocados por terceiros, provavelmente um caminhão acima da altura permitida que teria passado pelo local. “Técnicos da Companhia estiveram na área durante a manhã e programam o serviço de recuperação para os próximos dias”, diz o documento.

Veja os vídeos:

O Secretário de Governo do DF, José Humberto Pires, esteve no local no início desta tarde e informou que a recuperação da área afetada será feita na manhã do próximo sábado (26/9). “Isso foi um acidente. Não tem nada de problema em relação à ponte, ela está absolutamente segura”, reforçou.

A obra para recuperar o elevado será feita diretamente pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Conforme Fauzi Nakfur Júnior, diretor-geral do DER, a manutenção deve começar no início da manhã de sábado e ser concluída até às 12h. Ele, porém, não soube especificar quanto deve ser gasto com a reforma.

“Faremos somente o fechamento do buraco. Será uma coisa rápida e terá um custo baixo, pois é só a parte superficial da laje do viaduto. Vamos paralisar o trânsito por algumas horas e colocar uma chapa mecânica para fechar”, explicou.

O diretor do DER fez ainda um alerta a motoristas de veículos como caminhões, para que observem a sinalização da altura de viadutos e pontes quando antes passar na pista abaixo. “Eles têm que observar as placas e ver se vai dar para seguir, pois isso foi um dano causado por essa falta de cuidado”, destaca.

O caso

A Defesa Civil do Distrito Federal foi acionada por volta das 9h30 desta quarta-feira (23/9) após motoristas serem surpreendidos com pedaços de concreto que caíram da estrutura e quase atingiram veículos.

Em um áudio o qual o Metrópoles teve acesso, uma motorista conta que quase teve o veículo atingido por estilhaços de concreto.

“O viaduto está despencando. Quase caiu em cima do meu carro. Eu fui passar para entrar no Lago Sul e os bombeiros haviam fechado em cima e embaixo. Eu estava fazendo a voltinha da L2 e estava aberto ainda. Eu fui passar, começou a cair o viaduto em cima do meu carro. Eu tive de dar ré e eu não estava entendendo nada. Veio o bombeiro correndo, gritando. Foi uma loucura. Gente, pelo amor de Deus, o viaduto está caindo”, disse.

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O incidente ocorre dois dias após o início das chuvas no DF, depois de um longo período de estiagem. Foram 119 dias sem precipitações.

“Retiramos as placas que estavam penduradas nas ferragens e vamos retirar os pedaços de madeira que ainda correm risco de cair. Depois que a Defesa Civil entender que não há mais dano estrutural, o local estará liberado”, explicou o Tenente Paulo Jorge, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

Ao Metrópoles, o coronel Sinfônio Lopes, da Defesa Civil, informou que o estrago pode ter sido causado por algum caminhão com altura maior que aquela entre a pista e o teto do viaduto, que é de 4,5 metros.

“Possivelmente pode ter sido um caminhão que transporta contêiner de lixo e que empilhou um em cima do outro. Assim, passou raspando em cima”, avaliou.

Galeria dos Estados

Em 6 de fevereiro último, a queda do viaduto da Galeria dos Estados completou dois anos. Naquele dia, por volta das 11h50, um trecho do Eixo Sul desabou. Duas faixas do asfalto cederam. A estrutura atingiu quatro carros e um restaurante. Felizmente, ninguém saiu ferido.

Em questão de minutos, fotos e vídeos inundaram as redes sociais. As pessoas não acreditavam no que viam: o asfalto desmoronando em plena área central de Brasília. “Parecia coisa de filme”, disse, à época, o bancário Jonatas Almeida, 43 anos, que costumava passar pelo local todos os dias a caminho do trabalho.

A deterioração das estruturas já tinha sido alvo de relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas, além das pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectadas desde infiltrações e ferros expostos até descolamento do concreto e fendas abertas.

Em setembro, o Metrópoles revelou que durante investigação realizada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), fiscais da Corte verificaram que dois documentos que previam reforma da estrutura desapareceram da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

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