No Distrito Federal, cerca de 75% da população autodeclarada negra utiliza exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS), como serviço de acesso à saúde. Os dados constam em um estudo que será divulgado nesta sexta-feira (18/11) pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (Ipedf).
De acordo com o levantamento, entre a população não-negra, cerca de 58% depende apenas do SUS para ter acesso à saúde. Os pesquisadores destacaram que, a análise de uso exclusivo do SUS foi realizada pela via negativa, ou seja, “observa indivíduos que não têm acesso a planos de saúde para inferir aqueles que potencialmente utilizam exclusivamente o SUS.”
Ainda segundo a pesquisa, a população negra é maioria nas classes D e E. A Região Administrativa do DF com a maior concentração dessa população é a Estrutural. O Lago Sul é a localidade com a menor proporção de moradores negros.
Para Jean Lima, presidente do IPE-DF, os dados demonstram a realidade da desigualdade social.
“Em geral, a população negra tem os menores índices de escolaridade e de renda, perpetuando a estratificação entre negros e não negros e homens e mulheres. É abissal os indicadores entre mulheres negras e homens brancos. De um lado, está a base da pirâmide social, do outro o topo. Somente com políticas públicas transversais, em todos os aspectos, educacional, profissional, de saúde, mobilidade, habitação, é que as desigualdades raciais poderão ser mitigadas. Sem um olhar específico para cada aspecto o ciclo vicioso da desigualdade racial jamais será superado”, disse.
Insegurança alimentar e trabalho
O estudo mostra que 29,3% da população negra do DF enfrenta algum tipo de insegurança alimentar, sendo 11,1% em situação moderada ou grave. A insegurança alimentar é caracterizada pela falta de acesso a uma alimentação adequada.
Em relação ao mercado de trabalho, a população negra começa a trabalhar mais cedo. “Há uma provável necessidade de escolha entre a entrada no mercado de trabalho e a continuidade dos estudos. Isso se comprova ao analisar o grupo de pessoas ocupadas, a faixa dos 14 aos 17 anos é composta por quase 70% de negros”, aponta a pesquisa.
No serviço público, as mulheres negras têm a maior taxa de participação, sendo 23,6% da categoria. Os homens negros, são a minoria, com 13,2%.
Renda
A média da renda mensal dos brasilienses é de R$ 3.899,92. Os homens brancos são os que mais recebem acima do meio-termo, com salário de cerca de R$ 5,5 mil.
Já as mulheres pretas, são as que menos recebem. A média mensal desse grupo é de R$ 2412,10 no DF.
O estudo utilizou dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2021 para traçar o perfil étnico-racial da população no DF.